Políticas públicas e sustentabilidade na gastronomia tema de encontro na Escola de Gastronomia Social

19 de dezembro de 2022 - 16:00 # #

Assessoria de Comunicação Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (EGSIDB)

As conexões entre cultura alimentar, políticas públicas e sustentabilidade estão presentes no cotidiano da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (EGSIDB). Para trazer esses temas à reflexão, o equipamento, da Secretaria de Cultura (Secult) gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM), realizou de 13 a 16 de dezembro uma série de atividades, entre aula show, oficina e palestras em parceria com IV Congresso Internacional de Gastronomia e Ciência de Alimentos.

O encontro “Cultura para Alimentar: políticas e sustentabilidade” contou com a participação de alunos da Escola, congressistas, professores e pesquisadores do campo da gastronomia. A culinária cearense como identidade e cultura, a fome e o papel social da gastronomia foram os temas norteadores das atividades abertas ao público e gratuitas.

Os alunos dos cursos profissionalizantes da EGSIDB abriram o primeiro dia do seminário com aulas-show, apresentando pratos produzidos com ingredientes fortemente ligados à cultura alimentar do Ceará. Representando a panificação, a receita do Pão do Mato, feito com maxixe, com antepasto de plantas alimentícias não convencionais (Panc) foi compartilhada por Ana Paula Rodrigues, aluna da Escola.

Alunos e alunas trouxeram também pratos com a identidade cearense traduzida pela Tartelete de babaçu com cocada de leite condensado de coco e geleia de frutas amarelas, apresentada por Karine Brito, e pelo Bolinho de cuscuz com cajuína, por Luana Xavier e Lucas Sousa.

Já na quinta-feira (15), na oficina de montagem de um cardápio natalino para refeições coletivas, o momento foi de partilha das experiências no combate à fome e à insegurança alimentar com Neurilene Araújo, diretora fundadora da Instituição “É Possível” e ex-aluna do programa Cozinhas Sociais.

No mesmo dia, Adriana Salay (SP), doutoranda em História Social pela Universidade de São Paulo e uma das idealizadoras do projeto “Quebrada Alimentada”, trouxe a palestra “Fome e gastronomia social: experiências e estratégias”, ao lado de Selene Penaforte, superintendente da Escola. “Se eu deixo de comprar fruta e ainda tenho que diminuir a quantidade de comida que eu como, isso é fome. Se eu tenho que pular uma refeição, isso é fome”, comenta Adriana Salay sobre a insegurança alimentar enfrentada no País. “A gente precisa encarar isso como um problema do Brasil. Como a gente falou, se uma família está com fome, o problema é de todo mundo.A gente tem comida sobrando, indo pro lixo. Por que aquela família não está comendo? Isso é um problema de todo mundo”, destacou Adriana.

No último dia do evento, o professor e pesquisador Gustavo Guterman, em sua palestra sobre “O papel social da gastronomia”, expôs as dificuldades na luta contra a fome e na regulação da qualidade dos produtos das indústrias de alimentos. Guterman destaca a função da gastronomia nessa causa como uma potência social, econômica e ambiental, e a importância de estudos nessas áreas. Para o professor, a “pesquisa não se dá somente dentro de uma universidade, ela se dá a partir da vontade da gente querer mudar a realidade em que a gente vive”.

Fechando a programação, Larissa Gaspar, Deputada Estadual eleita, falou sobre “O papel do legislativo na garantia da soberania alimentar”. Larissa, também advogada e vereadora de Fortaleza, comentou sobre os projetos aprovados e as propostas que pretende defender para combater a problemática da fome.

O IV Congresso de Gastronomia e Ciência de Alimentos foi promovido pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Senac Ceará, de 14 a 16 de dezembro, com a participação de pesquisadores, profissionais da Gastronomia, Ciência de Alimentos, áreas afins e estudantes.

Sobre a Escola 

Equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), a Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (EGSIDB) é gerida pelo Instituto Dragão do Mar (IDM) e faz parte do Cultura em Rede, programa da Secult Ceará que integra ações e políticas culturais na sua rede de equipamentos públicos. O centro de formação, inaugurado em 2018 no bairro Cais do Porto (Fortaleza), é um espaço formativo que associa ensino, pesquisa e compromisso social, reconhecendo a riqueza da forma de se alimentar do cearense, os diversos tipos de saberes, a cadeia de produção, promovendo a inovação de produtos, incentivando o empreendedorismo social, qualificando para o mercado de trabalho e contribuindo para o combate à fome, por meio de cursos gratuitos de longa e curta duração, que acontecem na sede da Escola e no interior do Ceará.