“Ficções para Corpas Insurgentes”: TJA recebe, dia 28 de junho, programação alusiva ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+

27 de junho de 2022 - 08:38 # #

Ascom Theatro José de Alencar

A partir das 16h, sete trabalhos de performance – quatro presenciais e três videoperformances – ocupam a Praça José de Alencar numa realização do TJA (Programa Theatro Cidadão)e curadoria da Imaginários, plataforma de criação, difusão e circulação de arte contemporânea. Imagem: Sy Gomes

O Theatro José de Alencar (TJA), equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM), recebe no dia 28 de junho (terça-feira), a partir das 16h, a Mostra “Ficções para Corpas Insurgentes”. Gratuita e aberta ao público, a atividade – que integra ainda o programa “Theatro Cidadão” – acontece em alusão ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+. 

Em um mundo tomado por um campo onde a realidade é limitada e limitante, corpas dissidentes encontram-se no rompimento das compreensões do que é o real, e se utilizam da fabulação como um terreno fértil para brotar insurgências. A mostra “Ficções para Corpas Insurgentes” toma de assalto o dia 28 de junho para ir ao encontro da potência da ficção ao invés da captura formulada pelo sistema capitalista.

A partir das 16h, na Praça José de Alencar, sete trabalhos de performance – quatro presenciais e três videoperformances – ocupam a praça a partir de uma realização do TJA e curadoria da Imaginários, plataforma de criação, difusão e circulação de arte contemporânea, principalmente do Nordeste do Brasil.

Com curadoria realizada por Aires (Travesti, artista, arte educadora, Curadora e Produtora Cultural) e Eduardo Bruno (Doutorando em Artes pela UFPA, artista, pesquisador e curador), a mostra está imersa na potência da diferença e na formulação de um discurso que se cria a partir das insurgências que falam do campo da existência ou da necessidade de se criar novas formas possíveis de existir permanecendo vivas, reivindicando a potência de vida que habita nas ficções de mundo por vir.

A mostra se afirma na necessidade de se criar espaços seguros e possíveis para existência de corpas LGBTQIAP+, trazendo diferentes formas de se pensar essas fabulações, como nos trabalhos a seguir:

“Ânsio N°2”, de Bethoveen DaSilva

Ânsio N°2 faz parte de uma série de vídeo-performances que tem como tema principal a ansiedade. Foi a forma encontrada de tornar visuais as emoções e sensações trazidas pelas crises de ansiedade, que por suas vezes reverberam no corpo ansioso, através de metáforas visuais realizadas por meio das linguagens do audiovisual e da performance.

“Des-Votos”, de Filipe Alves

Des-Votos são desconstruções do ex-voto, objeto dado pelo fiel ao seu santo de devoção em agradecimento, renovação de uma promessa ou por uma graça alcançada, realiza-se por meio deste ato uma investigação da territorialidade e a estética de casas de ex-votos. As igrejinhas ou capelinhas, assim como são chamadas, são locais que abrigam essas devoções, imagens de santos quebrados, esculturas, flores e velas acesas para que as almas encontrem a luz. A relação do corpo em peregrinação e o encontro entre o sagrado/profano, os pés descalços queimados pelo sol do sertão e as imersões nas romarias e procissões são estéticas que trago para os Des-Votos como possíveis “des- promessas” pelas graças não alcançadas.

“O Mar não é Binário #2 – O Farol”, de Levi Banida

Uma performer com a bandeira “Pessoas não-binárias existem” realiza um percurso quilométrico em direção a um farol, no meio da praça do Theatro José de Alencar. Ela sobe em uma escada no meio da praça. Se torna o farol. Pessoas não-binárias existem.

“Para reflorestar uma terra seca ou como construir Fortalezas”, de Maria Macêdo 

O trabalho traz questões a respeito dos processos de desenraizamentos históricos causados pelo projeto de modernidade e a falsa promessa de salvação que habita os centros urbanos, as cidades. É sobre a impossibilidade de viver em solos que não fortalecem as nossas raízes, mas é também sobre as migrações, as retiradas e os currais humanos criados para impedir a chegada dos sertanejos na grande Fortaleza colonial.

“Íntima”, de Maruska Ribeiro

Numa intervenção urbana, uma exposição de calcinhas penduradas no varal com o intuito de exibir calcinhas de mulheres cis/trans usadas, furadas, desbotadas, velhas, sujas de sangue, de todas as cores e formatos.

“Receita Para Criar Novas Espécies”, de Sy Gomes

Um ser não-humano anuncia a venda de intervenções genéticas ficcionais. Leitura do texto “Receita para criar novas espécies”, anúncio vocal de um futuro anti-humano.

ARTISTAS

Beethoven DaSilva (@casadecolocacao)

É Artista Visual, desenvolve projetos nas mais variadas linguagens das artes visuais. Artesão, trabalho com artes artesanais, desenvolvendo produtos comerciais e artísticos. Arte-educador, graduado em Licenciatura em Artes Visuais pelo IFCE, trabalho com educação formal e não formal. Pesquisador, desenvolvendo projetos em arte contemporânea, e sobre história da arte no campo étnico-racial do negro. Realizador audiovisual, atuo em várias funções em diferentes setores da área, como arte, figurino e produção.

Filipe Alves (@filipealves_artistavisual)

É de Nova Olinda-CE, Artista Visual formado em Licenciatura pela URCA / Cursa atualmente Especialização em Educação Infantil na mesma universidade/ Pesquisador de Cultura Popular e Ancestralidade, membro do Conselho Municipal de Política Cultural – Nova Olinda-CE, CEO do Canal Passos da Cultura e da empresa Avuar. Alçou seus voos como membro da ONG Fundação Casa Grande. Ao longo de sua carreira artística realizou a exposição “A CASA”, com a artista Isabel, exposta por convite em dois dos maiores festivais de HQ de Portugal: “AMADORA BD” e “Festival Internacional de BD de Beja”. Realizou também uma exposição individual de nome: “Santa Fé – História Gravada no Tempo” e Exposição de suas obras na: ARTE EM LA RED CASAMÉRICA, Madri-Espanha.

Levi Banida (@levibanida)

Não-binária, não-monogâmica, não-normativa. Destruição, criação, cura. Levi Banida é interartista fortalezense que pesquisa as relações entre gênero, performance, violência, interarte, ecologia, dança e criação. Mestre pelo Programa de Pós Graduação em Arte (2021) e Licenciada com distinção Magna cum Laude em Teatro (2018) pela Universidade Federal do Ceará. Especialista em Metodologia do Ensino da Arte pela Universidade Braz Cubas (UBC). Artista Docente, atuando como professora concursada na Rede Pública de Ensino e em ONGs desde 2014. Atualmente atua nos projetos coletivos Coletiva Non Selected, Projeto Giraluas, Covil das Banidas e Inúmeras Projétil. Premiada no 71º Salão de Abril da Secretaria de Cultura do Ceará , com a obra Experimento Metamorfa #2 (2020). Já participou de diversas exposições nacionais e internacionais, em espaços como Instituto Goethe (2021), Itaú Cultural (2021), Funarte, Mostra Verbo da Galeria Vermelho (2019), entre outros.

Marília Oliveira (@mariliaoliveira0)

Cearense de São Benedito, interessada em memória, autoficção, gênero, lesbianidade, imagem, palavra, narrativa. Doutoranda em Artes Visuais pela UFBA e mestra em Comunicação pela UFC. O trabalho como artista da imagem e da palavra se espalha para tutorias, pesquisas colaborativas, curadorias, dramaturgias e processos formativos. Integra o Descoletivo, coletivo de fotografia, com quem tem três fotolivros publicados (Afetos Urbanos, em 2015, Séries Sobre o Sutil, em 2016 e Tempo Imperfeito, em 2017). Realizou exposições individuais – Você Mereceu, de 2017, e Remissão, de 2018 – e participou de festivais e mostras coletivas no Brasil, em Portugal e na França. Lançou, em 2020, seu quarto fotolivro, Um livro sobre o amor sapatão, premiado pelo VII Edital das Artes da SECULTFOR e integra o corpo editorial da Revista NERVA, uma revista de arte voltada para a reunião de trabalhos de mulheres cis e trans, travestis, homens trans e pessoas nãobinárias nordestines, lançada em 2021. Em 2022 foi uma das artistas latino-americanas selecionadas para a residência artística Mira Latina LAB, que ocorreu em Alagoas.

Maria Macêdo (@_magianegra)

Artista/Educadora/Pesquisadora. Licenciada em Artes Visuais pela Universidade Regional do Cariri (2019), Co-líder do Grupo de Pesquisa Novos Ziriguiduns (Inter)Nacionais Gerados na ArteNZINGA/CNPq. Desenvolve trabalhos artísticos a partir da ciência da mata, enquanto mulher negra, nordestina retirante, traçando caminhos a partir das lacunas historiográficas, as construções afetivas e memórias pessoais/coletivas. Evocando a força ancestral da vida no campo, encontra nas vivências na terra o caminho que guia o seu fazer artístico enquanto artista agricultora retirante, fertilizadora de imagens.

Maruska Ribeiro (@maruska.mar)

É artista multilíngue, Iluminadora cênica, técnica em iluminação e produtora cultural. Graduanda em Licenciatura e Teatro pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE; formação em audiovisual pelo CCBJ; tem formação continuada em teatro conexões contemporâneas, pesquisa a bufonaria, performance e iluminação cênica. Realizadora do PerFortaleza e integrante do Marminina Coletiv@. Atuou como produtora executiva nos projetos “Web documentário “Saraus Periféricos – A revolução através da poesia” (2021); no curta-metragem “Terra de Ninguém” (2019); Produtora e técnica do Teatro Suspenso – 2017 / 2020 e no projeto “(Re) existir na linguagem: por uma escrita de mulheres em evidência” (2021/2022). Realiza criação de projeto de iluminação cênica, montagem e iluminação de alguns coletivos de teatro ou músicas de Fortaleza. Ministrou oficina de iluminação circense pela Apace para os circos de Lonas.; Em 2016 participou no Festival do Concreto, acompanhando e produzindo os artistas das Performances Urbanas. Produziu a peça “A Isca” realizando diversas apresentações em espaços de Fortaleza tais como: Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) – 2015; Teatro Carlos Câmara – 2014; Projeto IFCE e INCRA (RN/PB/CE) – 2013 e outros. Organizadora juntamente com outros integrantes na Instituição IFCE o evento “Projeto Experimento de 5º” no ano de 2015 e 2016. Produziu o evento “Dez Voltas ao Sol – 2013”, em comemoração a dez anos do curso de Teatro no IFCE; realizou atividades de Assistente de Gestão Cultural pelo Instituto Anima Cult, para a Elaboração dos Planos Setoriais e Territoriais de Fortaleza.

Sy Gomes (@sygomees)

Eusébio, Ceará, 1999. Sy Gomes é uma travesti negra nascida em Eusébio, no bairro Coaçu, que significa Folha Grande. Movida pelo tempo, se instalou na cidade de Fortaleza e atualmente reside nela. Neste território tem feito arte por pelo menos 5 anos. Música, performance, instalação, criação ritualística, produção cultural e musical, design e paisagismo estão entre suas obras/pesquisas. É formada em História pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Foi parte do 71° Salão de Abril, da 8° edição do Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema das Artes, da 21° Unifor Plástica, das exposições “Rarefeito”, “Corpo crivado de estrelas” e “Encantadas” (Schwules Museum – Berlim). Também é realizadora de projetos como “Travestis são como Plantas”, “Me Vejam de Longe – Outdoor Travesti”, “Ioiô Não Vai Votar”, “Centro de Gravidade” e “Ecossystema – Programa Formativo”. Obcecada pela criação de novos mundos, vive na mutabilidade, atualmente se dedica a uma pesquisa visual chamada “Receita para criar novas espécies” e em um novo projeto musical chamado “Sonhei com você.”

CURADORIA

Aires é Travesti, Licenciada em Teatro pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Tem experiência na área de Artes com ênfase em: arte contemporânea, performance e intervenção urbana. Possui trabalhos publicados em capítulos de livros com temáticas relacionadas às artes contemporânea e urbana como “P.O.C – Procedimentos Para Ocupar a Cidade” e “ Imaginação e Memória na Arte Contemporânea” . É autora do livro dispositivo Desobediência de Gênero. Participou de congressos nacionais e internacionais de pesquisa como: V e VIII Jornada Latino Americana de Estudos Teatrais (FURB-SC), III Congreso Internacional y V Congreso Nacional de Teatro (UNA – ARG).

Tem experiência na área de Performance e Intervenção Urbana atuando principalmente como professora,produtora e performer, participando com seus trabalhos de festivais como: Bienal Internacional de Dança do Ceará; Festival Imaginários Urbanos; “Procesos Afectivos en Acción”. Como professora, já desenvolveu oficinas na área de intervenção urbana e performance, participando com esses trabalhos de investigação em festivais nacionais.

Integrou o curso DeCuradoria formação que discutiu a decolonização de projetos curatoriais no circuito das artes contemporâneas, o curso foi ministrado por artistas curadores como: Naine Terena, Dodi Leal, Daniel Lima, Amanda Carneiro, Denilson Baniwa, Paulo Nazareth e Clarissa Diniz. Integrou a residência O álbum é a obra feito em parceria com o IFOTO e MAC – Museu de Arte Contemporânea do Ceará em conjunto com os organizadores/facilitadores da Residência, Felipe Camilo e Marília Oliveira.

Eduardo Bruno é artista-pesquisador-curador-professor, doutorando em Artes – ICA/UFPA – com bolsa FAPESPA, mestre em Artes – ECA/USP – com bolsa CAPES, especialista em Semiótica – UECE, graduado em Lic. em Teatro – IFCE e graduado em Gastronomia – UFC. Tem experiência na área de Artes com ênfase em: arte contemporânea, performance e intervenção urbana. É autor dos livros: “Nomadismo Urbano: Performance e Cartografia ” e “O que é performance:31 programas performáticos para confundir a pergunta “. Integrante do Grupo EmFoco, atualmente faz parte do Coletivo WE e do Núcleo de Estudos da Performance. É curador do Festival Imaginário Urbanos (desde 2018), é um dos editores chefes da coleção bibliográfica Imaginários, foi curador da Mostra Sistema Aberto (2019 e 2020) e foi professor substituto do curso de Lic. Em Teatro -UFC (2020-2022)

SERVIÇO

Mostra “Ficções para Corpas Insurgentes”

Quando: 28 de junho (terça-feira), a partir das 16h

Local: Praça José de Alencar (em frente ao Theatro José de Alencar)

Gratuito