Museu do Ceará integra a série “Museus Brasileiros” organizada pelo Instituto Cultural J. Safra

11 de dezembro de 2012 - 09:08

O Museu do Ceará foi selecionado pelo Instituto Cultural J. Safra para integrar, em 2012, a série “Museus brasileiros”. Anualmente, o Instituto escolhe um museu brasileiro e produz um livro para divulgar o seu acervo, por meio de 360 páginas de fotografias e textos.

O livro “Museu do Ceará”, a ser lançado no dia 11 de dezembro, para convidados, teve a coordenação editorial de Cristina Rodrigues Holanda e de Roberto Silva Sabino, diretora e museólogo contratado do Museu, e contou com a colaboração de pesquisadores das áreas de História, Arquitetura, Arqueologia, Biologia e Paleontologia.

A publicação terá distribuição gratuita nas principais instituições culturais do Brasil e do Ceará, como bibliotecas e museus, e poderá ser adquirida na loja da Associação dos Amigos do Museu do Ceará até o final de dezembro.

 

MUSEU DO CEARÁ,

 

31º LIVRO DO SAFRA

O Museu do Ceará, que em 2012 está comemorando 80 anos, é o 31º volume anual da série “Museus Brasileiros” que o Instituto Cultural J. Safra iniciou em 1982 e hoje é uma referência para o setor museológico e para o meio cultural do país.

O livro, cujo lançamento oficial ocorreu no último dia 11, na atual sede da instituição, no Palacete Senador Alencar, em Fortaleza, teve o apoio do Ministério da Cultura (Lei Rouanet). Como as anteriores, a obra, em tamanho 28 cm x 20 cm, mantém elevado padrão gráfico e as mesmas 360 páginas, com mais de 300 de fotos.

UM POUCO DA HISTÓRIA

Originalmente com o nome de Museu Histórico do Ceará, depois, nos anos 50, Museu Histórico e Antropológico do Ceará, e Museu do Ceará em 1990, a instituição foi fundada em 1932 e abriu ocupando duas salas do então recém-criado Arquivo Público do Estado. Juntas as duas instituições permaneceram até 1951, quando foram separadas administrativamente. Ao longo de sua história, o Museu do Ceará mudou seis vezes, até o atual endereço, a antiga sede da Assembleia Legislativa do Estado. Inaugurado em julho de 1871, o Palacete Senador Alencar, tombado pelo IPHAN em 1973, tem dois andares e se constitui num marco do neoclassicismo brasileiro.

Antes do nome atual, algumas unidades congêneres surgiram em Fortaleza, com o incentivo de particulares. O primeiro museu pertenceu ao médico cearense Joaquim Antonio Alves Ribeiro que, em 1873, já apresentava várias coleções de fragmentos da natureza. Por volta 1894, outro cearense, Francisco Dias da Rocha, constituiu o Museu do Rocha, aberto ao público em 1903 e mantido em funcionamento até 1959. Essas primeiras iniciativas especializavam-se na coleta, análise, classificação e exposição de itens da fauna e da flora locais, aliás, como todos os museus criados no século XIX, após a chegada da Família Real (1808).

Criado e mantido por muito tempo como um espaço voltado para a difusão de uma “história social”, aos poucos o Museu do Ceará foi se diversificando com a incorporação de acervos e especialistas de outros ramos do conhecimento, tornando-se cada vez mais interdisciplinar.

O ACERVO NO LIVRO

Para compor o livro, Cristina Rodrigues Holanda, a diretora do Museu do Ceará, que coordenou o trabalho de seleção das peças reproduzidas no livro, deu ênfase, no início do volume, para vários itens das coleções de iconografia, mobiliário, indumentária, numismática, armas, entre outras, que são apresentadas como no próprio Museu, ou seja, por meio das salas temáticas que compõem a exposição de longa duração Ceará: uma história no plural e Memorial Frei Tito.

Muitos personagens que contribuíram para a história e a cultura do Ceará são lembrados, como o historiador Capistrano de Abreu, o jurista Clóvis Beviláqua, o naturalista Francisco Dias da Rocha, o poeta e compositor Patativa do Assaré (Antonio Gonçalves da Silva), o “Padinho” Padre Cícero, Antonio Conselheiro (o líder de Canudos), até Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

Relevância especial tiveram os objetos e imagens relacionados ao pioneirismo do Ceará na campanha e na libertação dos escravos. A solenidade realizada no salão nobre da Assembleia Provincial, em 24 de maio de 1883, cinco anos antes da Lei Áurea, marca o fim da escravidão negra na capital cearense . O quadro a óleo sobre esse ato, pintado durante seis meses por José Irineu de Souza, está reproduzido no livro. Além dele, há reproduções de cartas de Joaquim Nabuco para militantes cearenses da causa e para a Sociedade Britânica e Estrangeira Anti-escravidão, sediada em Londres, esta última visando levar a luta abolicionista ao plano internacional, datada do Rio de Janeiro, em 1881.

De um total de aproximadamente 15 mil peças desse acervo museológico, foram escolhidas aquelas que “possibilitam reflexões em torno dos temas da “história social”. Também foi dada ênfase a exemplares das coleções de arqueologia, paleontologia e de História Natural, que em seu conjunto totalizam perto de quatro mil peças e que até agora estavam em “reserva técnica”, conhecidas apenas por profissionais que as catalogaram.

Solitário como vivia, especial atração é a foto do bode Ioiô, a única peça do acervo que nunca saiu de exposição nos 80 anos do Museu. Hoje empalhado, o animal, bastante conhecido em Fortaleza, morreu em 1931. Durante a sua vida ele manteve a rotina de perambular, todos os dias, da Praia do Peixe (atual Praia de Iracema), ao centro da cidade. Daí a presumida origem de seu nome.

PROJETO CULTURAL SAFRA

Um dos objetivos do Instituto Cultural J. Safra é o de contribuir para a divulgação e o resgate das tradições históricas e culturais do país, com a edição de livros sobre os principais museus brasileiros.

A série “Museus Brasileiros” foi iniciada com a edição do volume sobre o acervo do MASP – Museu de Arte de São Paulo. No ano passado, o 30º volume foi sobre o Museu da República, do Rio de Janeiro.

A cada ano é produzido um novo livro da série e até agora, os 31 editados acumulam uma tiragem superior a 390 mil exemplares. Essa consistente e diferenciada coleção é referência e fonte permanente de pesquisa para museólogos, pesquisadores e interessados em arte, no país e no exterior.

OS 31 VOLUMES

Um dos objetivos do Projeto Cultural Safra, criado em 1982, é o de contribuir para a divulgação e o resgate das tradições históricas e culturais do país, por meio da edição de livros sobre os principais museus brasileiros (REPETIDO). Eis, pela ordem, a relação dos 31 volumes publicados – excluídas as reedições sobre o Museu de Valores do Banco Central (em 2000), Museu de Arte Moderna de São Paulo (2001) e o Museu do Ministério de Relações Exteriores – Itamaraty (2002) – que totalizam uma tiragem acumulada de 340 mil exemplares:

MASP – Museu de Arte de São Paulo (1982) MAM-SP – Museu de Arte Moderna de São Paulo (1998)
MAS – Museu de Arte Sacra de São Paulo (1983) MAM-RJ – Museu de Arte Moderna do Rio e Janeiro (1999)
MP-USP – Museu Paulista da Universidade de São Paulo (1984) MUHNE – Museu do Homem do Nordeste (2000)
MNBA – Museu Nacional de Belas Artes (1985) MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul (2001)
MPEG – Museu Paraense Emílio Goeldi (1986) MCB – Museu da Casa Brasileira (2002)
MAS-UFBA – Museu de Arte Sacra da Univ.Fed. da Bahia (1987) MEPE – Museu do Estado de Pernambuco (2003)
MVBCB – Museu de Valores do Banco Central do Brasil (1988) BIBLIOTECA NACIONAL – Fundação Biblioteca Nacional (2004)
MHN – Museu Histórico Nacional (1989) PINACOTECA MUNICIPAL- SP (2005)
MAC-USP– Museu de Arte Contemporânea da USP (1990) MAPRO – Museu Mariano Procópio – Juiz de Fora (2006)
MLS – Museu Lasar Segall (1991) MUSEU NACIONAL – RJ (2007)
MI – Museu Imperial de Petrópolis (1992) MAM-BA – Museu de Arte Moderna da Bahia (2008)
MRE – Museu de Relações Exteriores – Itamaraty (1993) FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO – RS (2009)
PINACOTECA – Pinacoteca do Estado de São Paulo (1994) MUSEU AFRO BRASIL – SP (2010)
INCONFIDÊNCIA – Museu da Inconfidência (1995) MUSEU DA REPÚBLICA – RJ (2011)
MCM – Museus Castro Maya (1996) MUSEU DO CEARÁ – CE (2012)
MAB – Museu de Arte da Bahia (1997)