Com apoio da Secult, Ceará recebe Conferência Temática Cultura e os Povos do Campo, Águas e Florestas; confira a programação

29 de janeiro de 2024 - 17:10 # #

O evento é realizado pelo Ministério da Cultura, com apoio da Secretaria da Cultura do Ceará, e acontece de 30 de janeiro a 1º de fevereiro, no Centro Frei Humberto e na Estação das Artes. Apresentação do Coco da Mestra Maria de Tiê (imagem) e do cantador e violeiro Pereira da Viola encerram a Conferência Temática. Foto: Thiago Nozi.

Para fortalecer o debate sobre políticas públicas culturais voltadas aos povos e comunidades tradicionais, camponesas e originárias, a Conferência Temática Cultura e os Povos do Campo, Águas e Florestas acontece em Fortaleza, entre os dias 30 de janeiro e 1º de fevereiro. A conferência é uma realização do Ministério da Cultura (MinC) e conta com o apoio do Governo do Ceará, por meio das Secretarias da Cultura (Secult Ceará) e do Desenvolvimento Agrário (SDA). 

O evento começa no dia 30 de janeiro, no Centro de Formação, Capacitação e Pesquisa Frei Humberto, onde segue até o dia 1º de fevereiro. Ainda no dia 1º, a culminância da Conferência acontece à noite, em uma grande celebração com apresentação do Coco da Mestra Maria de Tiê e do cantador e violeiro Pereira da Viola, na Estação das Artes, espaço que integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secult Ceará, gerido em parceria com o Instituto Mirante. Na ocasião, haverá uma mostra de agri-Culturas e artesanato, contando com uma feira de produtos de povos do campo, de comunidades tradicionais e indígenas e arrecadação de alimentos para a campanha Ceará Sem Fome.

“As Conferências têm um papel fundamental para os processos de participação social, sendo uma oportunidade de formulação e discussão de políticas públicas em um diálogo com a sociedade civil. É uma honra para o Ceará receber esta Conferência Nacional Temática de Cultura de Povos do Campo, Águas e Florestas, oportunidade em que serão abordadas as peculiaridades da cultura do campo, das comunidades tradicionais e povos originários, dos movimentos sociais e suas experiências de cultura nos territórios”, destaca a secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela. 

Cantador e violeiro Pereira da Viola. Foto: Élcio Paraísio Bendita.

Experiências

O diretor da Secretaria dos Comitês da Cultura (SCC) do MinC, Júnior Afro, explica que a programação da Conferência Temática tem o foco nas experiências vivenciadas por esses povos. “Para que a gente possa, a partir do diálogo com essas experiências, com esse jeito de fazer a produção cultural nesses territórios, possa inspirar o resultado da Conferência temática, que será subsídio para a Conferência Nacional de Cultura e para o novo Plano Nacional de Cultura, que precisa considerar a força dos povos que estão nesses territórios, no campo, nas águas, nas florestas. Como os ribeirinhos, por exemplo, que são povos tradicionais, que tem uma força de tradição cultural que inspira a cidade, que inspira as outras comunidades, que inspira a produção cultural brasileira”, explica.

A assessora Técnica da SCC, Evelaine Martinez, conta que a realização desta Conferência Temática surge a partir de uma série de escutas realizadas durante o ano de 2023, no que se refere às pautas advindas dos movimentos sociais do campo. “A Conferência será realizada através do esforço de muitos braços que compreendem a importância do debate sobre a Cultura do Campo, Águas e Florestas – Ministério da Cultura, Ministério do Desenvolvimento Agrário, governo do estado do Ceará – através das Secretarias de Cultura e do Desenvolvimento Agrário e dos Movimentos Sociais do Campo”.

São experiências dos povos do campo, que engloba: assentados da reforma agrária, agricultores familiares, trabalhadores rurais, povos de quilombo; das águas: ribeirinhos, pescadores, marisqueiras; das florestas: indígenas, extrativistas; fazedores e fazedoras de cultura que vivem e ou atuam nesses territórios; lideranças de organizações sociais que atuem na área da cultura.

Pessoas físicas que compõem organizações sociais no que se refere ao Campo, às Águas e Florestas e entidades voltadas ao tema são o público prioritário do encontro.

Para além do fortalecimento do tema, o encontro visa ouvir as experiências dos participantes e eleger três propostas que serão levadas à 4ª Conferência Nacional de Cultura (4ªCNC).

Povos e comunidades Tradicionais

O Decreto Nº 6.040/2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, Povos e Comunidades Tradicionais, define essas populações como grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.

“Dali, sai por exemplo, as experiências dos povos que estão ao redor do manguezal, e são muitas vezes como comunidade pesqueira, e não são quilombolas, às vezes é uma comunidade pesqueira que é indígena, ou é pesqueira que é quilombola, ou uma comunidade pesqueira que é também urbana, como no caso nas grandes cidades brasileiras que são circuladas por água, como Recife, Rio de Janeiro, Fortaleza, como no próprio Rio Grande do Sul, que tem essa referência também com a água, e os povos que estão atuando nesse ribeirinho produzem culturas que inspiram a produção cultural brasileira. No Recife, por exemplo, a ciranda, que é uma expressão cultural tradicional que é praieira, origina-se de povo tradicional da pesca, de quem está ali nas colônias de pescadores, então, quando a gente fala das culturas desses povos, são culturas inspiradoras e isso precisam estar muito bem expressadas na nossa Conferência Nacional e no Plano Nacional de Cultura”, conclui Júnior Afro.

O coordenador-geral de Orientação e Capacitação para Estados, Distrito Federal e Municípios do Ministério da Cultura (MinC), Binho Riani Perinotto, fala da importância da diversidade no encontro. “Essa é mais uma importante oportunidade de vez e voz para quem tem e mantém a cultura do cuidado e proteção e seguridade de vida para nós e o planeta. Uma diversidade com recorte territorial que vai desde ribeirinhos e caiçaras, a quilombolas, indígenas, além de agricultura familiar e aquicultura, dentre outros”.

4 ª CNC

A 4ª edição da Conferência Nacional de Cultura ocorrerá de 4 a 8 de março, em Brasília. Com o tema Democracia e Direito à Cultura, a atividade é promovida pelo MinC e o Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), com apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil) e da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI).

Serviço:

Conferência Temática Cultura e os Povos do Campo, Águas e Florestas

Local: Centro de Formação, Capacitação e Pesquisa Frei Humberto (Rua Paulo Firmeza, 445 – São João do Tauape)

Estação das Artes (Rua Dr. João Moreira, 540 – Centro)

Data: 30/01 a 1/02

Programação:

Terça-feira, 30/01

9h às 12h30 – Credenciamento
12h30 às 14h – Almoço
14h às 16h – Mística, Acolhida e Apresentação da 4ª CNC
16h às 18h – Mesa de Abertura – As políticas públicas de cultura
Sebastião Soares (MINC), José Wilson Gonçalves (MDA), Secretária Luisa Cela (Secult), Moisés Brás (SDA), Daiara Tukano (CNPC), Pai Neto Tranca Rua, Carla Loop (MST), Mônica Bufon (CONTAG), Tereza de Jesus da Silva (CONAQ)
18h às 20h – Aula Magna – Mãe Terra: ancestralidade, saberes, tradições e resistência – Maria Lima (matriarca do MST CE), Pajé Raimunda Tapeba e Mãe Zimá
20h – Jantar
21h – Forró do Frei

Quarta-feira, 31/01

07h às 08h30 – Café da manhã
9h às 12h30 – Roda de conversa “Conhecimento e Reconhecimento: Identidade dos povos do campo, águas e florestas”, seguida de debate
Suzenelson Kanindé (indígena), Ana Mumbuca (quilombola), Maria Raimunda César, Celinha Neves (pescadora) e Mestre Galdino (mateiro, Crato).
12h30 às 14h – almoço
14h às 20h – Experiências Exitosas em Territórios Culturais
Luciana Silva (Escola Mangue Brasília Teimosa), Marjorie Botelho (Ponto de Cultura Rural), Daniel Lira (Museu do Índio), Jade Percassi (Curso de Graduação de Arte Educação para Escolas do Campo), Luana Oliveira (Escola livre de artes João das Neves), Guê Oliveira (Armazéns do campo), Sandra de Souza Maciel (Valorização dos saberes dos povos de territórios tradicionais), Alana (Cultura Viva, Assentamento Santana).
20h – Jantar
21h – Sarau dos Povos do Campo, Águas e Florestas

Quinta-feira, 01/02

07h às 08h30 – café da manhã
9h – Apresentação da Metodologia para trabalho em grupos sobre eixos temáticos da 4ª Conferência Nacional de Cultura
09h30 às 12h – Construção das propostas para a 4ª Conferência Nacional de Cultura
12h30 às 14h – almoço
14h – 16h – Plenária de definição de propostas prioritárias
16h – Peça o Maquinista
19h30 – Solenidade de Encerramento
21h – Pereira da Viola e Coco Mestra Maria de Tiê