Aproximar o mercado do livro e os leitores é a chave para uma cadeia produtiva de sucesso
20 de novembro de 2022 - 13:32
Aproximar o mercado do livro e os leitores é a chave para uma cadeia produtiva de sucesso
Foto: Salvino Lobo
Roda de conversa contou com as participações de Zoara Failla (Instituto Pró-Livro) e Luis Carlos Sabadia (gestor e produtor cultural), com mediaçãi de Mileide Flores.
A bússola é um tradicional instrumento de navegação ajuda o viajante a encontrar as melhores trilhas para chegar ao seu destino. No caso do universo da leitura, a jornada para permitir o encontro do livro com o leitor pode ser feita por diversas maneiras, mas é preciso conhecer os caminhos para cumprir com a missão e não se perder no meio do trajeto
A Roda de Conversa “O livro, a pesquisa e seus mercados: para onde aponta a bússola do mercado editorial brasileiro”, realizada na manhã desta sexta-feira, 18, na Bienal do Livro, trouxe muitas informações e elementos para se conhecer melhor quem é o leitor brasileiro e de que mercado de literatura e do livro estamos falando. A Bienal do Livro do Ceará é uma realização da Secretaria da Cultura do Ceará e do Instituto Dragão do Mar e segue com programação até domingo (20), no Centro de Eventos do Ceará
A atividade aconteceu dentro do eixo “O Livro e seus Mercados” e foi realizada na Arena Bece, com condução de Mileide Flores, referência no mercado livreiro cearense, ex-presidente do Sindilivros do Ceará e com experiência como organizadora de edições anteriores da Bienal. O público presente tomou conhecimento de duas importantes pesquisas que mostram a força do livro, seja como mercado com peso na economia nacional, seja enquanto elemento forte no aspecto de formação educacional.
A pesquisa “A Cadeia Produtiva do Livro no Ceará – Realidade e Rumos para o Desenvolvimento”, uma iniciativa do Sebrae/Ceará, foi apresentada pelo gestor e produtor cultural Luis Carlos Sabadia, um dos autores do estudo, que fez um panorama do mercado de livros e das diversas atividades e profissões ligadas a ele, bem como da participação na economia cearense.
Sabadia pontuou a presença do livro dentro de uma cadeia mais ampla da Economia da Cultura, comparada por ele com a do Turismo. “Até meados dos anos 1980, começo dos anos 90, a cadeia produtiva do turismo no Ceará não existia, foi algo que veio sendo fomentado a desenvolvido com estudos e investimentos até termos o Ceará hoje como um destino de referência internacional. Do mesmo jeito temos acompanhado a cadeia produtiva do livro, com a percepção dos diversos atores que fazem parte dela, com diversos tipos de profissões e atividades envolvidas, e que tem uma participação econômica mais relevante do que anos atrás”, citou.
“A cadeia produtiva do livro precisa conhecer quem é o leitor e seus hábitos de leitura para conseguir estar perto dele”, destacou a socióloga Zoara Failla, diretora do Instituto Pró-Livro e coordenadora da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, apresentada na Roda de conversa de maneira detalhada e com riqueza de números e de avaliações a respeito desses dados
Zoara iniciou apresentando a definição do que é um leitor e um não-leitor para fins de pesquisa e, a partir daí, trouxe os diversos cenários de números e percentuais de leitura no país, em diversos recortes que iam de faixa etária e renda, a médias e tipos de livros lidos. O estudo aponta que quase 50% da população brasileira não é leitora, sendo que, do percentual de leitores, somente 18% leem livros de literatura. As várias conjunturas mostradas por Zaila na pesquisa apontam para uma perda de leitores nos últimos anos em praticamente todas as faixas etárias, exceto a que vai de 5 a 10 anos, a dos primeiros leitores. Esse fenômeno da perda gradual dos leitores com a idade é um reflexo do desmonte de políticas públicas que levam também a um alto índice de analfabetismo funcional, quando a pessoa consegue ler, mas tem grande dificuldade de compreensão das mensagens.
“O ecossistema da leitura é alimentado pelo leitor e pelo autor e também pelas políticas públicas. Se não investirmos na formação do leitor e não olharmos para esse leitor com atenção, acabamos tendo um vácuo e não conseguimos alimentar esse sistema. E a cadeia do livro não pode estar isolada do leitor”, reiterou Failla.
Para saber mais da programação da Bienal Internacional do Livro Ceará, basta acessar AQUI (programação sujeita a alterações).
Em sua 14ª edição, a Bienal Internacional do Livro do Ceará acontece de 11 a 20 de novembro de 2022 no Centro de Eventos do Ceará. Apresentada pelo Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura e do Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura (IDM), o evento acontece em parceria com a Secretaria de Educação do Ceará (Seduc), Secretaria de Turismo do Ceará (Setur), Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), Programa Mais Infância, Universidade Estadual do Ceará, Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece), o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Ceará, a Câmara Cearense de Livro e o Sindilivros CE. O apoio é da RPS Eventos, Sesc Senac, Banco do Nordeste Cultural, Universidade de Fortaleza, Unilab, Universitária FM, TV Ceará, Jornal O Povo/Vida e Arte, Fundação Demócrito Rocha, Pixels Educação Tecnológica, Instituto Juventude Inovação, Secretaria Municipal de Educação e Prefeitura de Fortaleza.