TJA realizou o webnário “Conecta SET Brasil”, com presença do secretário Fabiano Piúba

28 de maio de 2021 - 22:01 # # #

O Theatro José de Alencar (TJA), equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), realizou o webnário “Conecta SET Brasil”, com o tema “públicas culturais e gestão de espaços cênicos”. Com transmissão online, a roda de conversa foi realizada com as presenças da professora e pesquisadora Cláudia Leitão; do secretário da Cultura do Ceará Fabiano Piúba; e do dramaturgo e gestor cultural Márcio Meirelles (BA). A mediação foi de Rachel Gadelha, presidenta do Instituto Dragão do Mar (IDM). Confira na íntegra a atividade transmitida no canal do Youtube do TJA: https://www.youtube.com/watch?v=Y8BUTwCv940.

Na abertura da atividade, o diretor do TJA, Pedro Domingues, destacou os objetivos do Conecta SET Brasil. “Esse é um programa que traz informação e trabalha com gestores da rede do Sistema Estadual de Teatros do Ceará (SET-CE). Hoje a gente começa a dialogar com a experiência de outros estados brasileiros. Para a gente que faz teatro e gere teatros é uma oportunidade de ajuda mútua”, afirmou.

Logo no início também, o Theatro José de Alencar e a Secult exibiram o vídeo  “Ajude a Reconstruir o Teatro Da Praia”, com o ator Carri Costa, também gestor do espaço cultural, em solidariedade e apoio com o ocorrido. O teto que cobre o Teatro da Praia desabou na madrugada desta quinta-feira, 27/5. Dessa forma, uma campanha foi lançada para a reconstrução do icônico teatro em Fortaleza.  Contribuições em dinheiro podem ser feitas por meio do PIX da Associação dos Produtores Teatrais do Ceará, por meio do CNPJ 05.461.433/0001-01 ou por meio do site Vakinha (www.vaka.me/2109978).

A presidenta do IDM, Rachel Gadelha, considerando o momento oportuno para se falar em cultura no Brasil, trouxe aos convidados uma série de questionamentos iniciais. “Qual o lugar de um teatro hoje? Que múltiplas funções as artes desempenham? Nesse tempo de pandemia, como as políticas públicas nos afetam e como acontece a relação de espaços governamentais e não-governamentais? Como é a troca com a sociedade civil e qual o valor que a sociedade dá às artes?”, pontuou.

Em sua fala, o secretário da Cultura do Ceará, Fabiano Piúba, comentou sobre os desafios da política pública e também se solidarizou com Carri Costa e o Teatro da Praia. “Cultura e Natureza são duas dimensões que podem trazer o que Ailton Krenak chama de adiar o fim do mundo. O Teatro tem um papel central, enquanto uma arte que atravessa todas as outras artes. E neste sentido quero me solidarizar com o Carri Costa, do Teatro da Praia. Ontem estava visitando a obra da Estação das Artes e a bailarina e coreógrafa Silvia Moura me ligou perguntando se estava sabendo o que tinha acontecido. Então, corri para ver como estava o Teatro da Praia. O Carri estava desolado. Foi um momento muito difícil para mim ao entrar no teatro e ao vê-lo naquela situação. A gente vai buscar alguma mobilização interna para ajudar. Várias pessoas estão nesse processo de solidariedade e gosto de pensar a própria cultura como solidariedade, como um saber-fazer comum, portanto, solidário”, ressaltou inicialmente.

“Pensar as políticas públicas para o teatro não é pensar a política apenas para as “cabeças de rede”. Hoje não faz sentido pensar o TJA, se não pensarmos o grupo Nós de Teatro, o Bagaceira, o Teatro da Praia, que são redes que compõem esse sistema e que fazem acontecer apesar do estado”, complementou.

Márcio Meirelles também refletiu sobre a importância dos espaços cênicos, trazendo sua experiência com o Teatro Vila Velha. “Eu sempre me pergunte sobre o papel desses espaços cênicos e a política pública. No Brasil temos uma inversão: os teatros na sua maioria são ocupados pelas programações. Não produzem seu conteúdo. São casas de aluguel. E isso já discuti com muita gente. Adoraria que construíssemos uma política que revertesse esse processo e que os teatros tivessem a capacidade de produzir e planejar suas programações”, destacou.

A ex-secretária da Cultura do Ceará, Cláudia Leitão, falou sobre os desafios de se criar SET e sobre sua gestão na Secult-CE, de 2003 a 2006. “A gente era feliz e sabia naquela época. Aqueles quatro anos têm uma relação tão importante para a minha vida, não só pelo fato de ter sido secretária, porque isso só já é um mundo, mas porque convivi com a felicidade na minha vida. Havia uma capacidade muito grande da gente de sonhar. Lembro da primeira vez que fui ao Ministério da Cultura. Eu queria organizar para gente inaugurar mesmo um grande Sistema Nacional de Cultura. Então pensei: ‘vamos ajudar o ministro e o Ceará vai ser o primeiro aluno, vai sentar lá na frente e só tirar nota boa’. Era uma ingenuidade tão bonita, né? Às vezes tenho saudade. Achávamos que íamos mudar o mundo mesmo. Achávamos que íamos construir os sistemas de bibliotecas, de museus, de teatros, além dos sistemas municipais, estaduais… A nossa vida era falar sobre isso. Tínhamos obsessão de trazer os municípios para dentro da política e para isso precisávamos apoiar a criação dos Sistemas Municipais de Cultura e descobrir e mapear a cultura cearense. O Fabiano ajudou com uma série de publicações na época. Entramos dentro dos teatros do Ceará e procuramos saber como se organizavam. Fizemos um bom levantamento. Andamos muito no interior. Todas aquelas ações foram importantes e Gilberto Gil, enquanto ministro da Cultura, tinha razão: a gente precisava inaugurar aquela retórica de sistema”, comentou.