Secult divulga nota de pesar pelo falecimento do cineasta cearense Francis Vale

8 de dezembro de 2017 - 09:55

Foto: Duarte Dias


Francis Vale, um guerreiro, um Quixote em defesa das liberdades!


Francis Vale, um guerreiro, um Quixote em defesa das liberdades!


Com tristeza e pesar, a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) comunica o falecimento, nessa sexta-feira (08/12), do nosso querido agitador cultural e cineasta cearense Francis Vale, aos 72 anos, vítima de um câncer.  Homenageamos Francis e agradecemos por sua força, entrega e luta, por ser um guerreiro, um Quixote em defesa das liberdades. O corpo de Francis Vale será velado das 14h às 18h desta sexta-feira, no Centro Cultural Belchior, na Praia de Iracema, em Fortaleza. Nossa gratidão a quem tanto se dedicou, de seguir lutando por uma sociedade mais justa, um mundo menos desigual, uma vida plena e verdadeiramente livre.


“Francis foi sobretudo um guerreiro. Sua arte sempre foi um canal importante de luta, de defesa da liberdade, da democracia. Foi um grande cineasta que traduziu muito bem o Ceará, o Brasil com sua obra. Não só com o cinema, temos também o Francis escritor, compositor, das canções, deixa um legado muito importante. Com tristeza e muito pesar, a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) recebe a notícia do falecimento do Francis. Vamos celebrar sua obra, vida e agradecer. O Ceará e o Brasil tem muita gratidão por sua obra e vida”, diz Fabiano Piúba, secretário da Cultura do Ceará.


“Francis foi um grande Quixote pela liberdade e defesa da cultura. Ele teve um papel importante na luta pela democratização. Foi um grande batalhador, realizador, tinha uma capacidade imensa de executar, era muito potente, tinha sempre uma luta pela liberdade com as armas da cultura. Formatou muitos projetos importante ligados à cultura, ele redigiu comigo e uma equipe a primeira lei de incentivo do Estado, a Lei Jereissati. Foi um homem que lançou laços de amizades e de relação muito fortes. Vai fazer falta. Já sentimos sua falta”, afirma, com pesar, Paulo Linhares, presidente do Instituto Dragão do Mar.


O cinema brasileiro perde Francis Vale, agitador cultural que sempre acreditou na arte para transformar a sociedade. Cineasta, produtor cultural, escritor e compositor, Francis Gomes Vale seguia cheio de planos e de vontade de viver, já cuidando de preparativos para a edição 2018 do Festival de Jericoacoara Cinema Digital, que mantinha desde 2010 e que neste ano chegará à sua sexta edição.


“Francis foi importante para o contexto atual do audiovisual cearense. Ele esteve presente em todas as iniciativas que hoje vingam, desde o Edital Ceará de Cinema e Vídeo. Foi ele que propôs o 1º Edital Ceará de Cinema e Vídeo, enquanto presidente da Associação Cearense de Cinema e Vídeo.  O edital, que é hoje o principal instrumento  de fomento à produção audiovisual no Estado, tem a presença fundamental de Francis Vale. Todas as lutas coletivas, desde a criação do Fórum Cearense do Audiovisual, que teve Francis como um de seus fundadores, ao surgimento da Câmara Setorial do Audiovisual, que teve a presença dele em sua fundação. Ele sempre esteve presente nas principais iniciativas que hoje fazem que o audiovisual cearense tenha essa capacidade de expansão e revelação de novos talentos”, destaca o curador de cinema do Cineteatro São Luiz, Duarte Dias.

Também seguia trabalhando na divulgação de seu mais recente filme, o documentário “Trem da Alegria – Arte, Futebol e Ofício”, rodado em sua maior parte no Rio de Janeiro, com depoimentos de ex-jogadores de futebol profissionais, como Afonsinho, e de muitos músicos que integraram o time conhecido por promover o encontro entre esporte, cultura e resistência política. O filme foi lançado neste ano, com a presença de Francis, em espaços referenciais da cena cultural cearense, como o Cineteatro São Luiz e o Centro Cultural Banco do Nordeste.


A resistência à ditadura civil-militar instalada no Brasil desde 1964 foi uma das marcas da trajetória de Francis Vale, que militou no movimento estudantil e integrou a geração de artistas que se tornaria conhecida em todo o País, na primeira metade dos anos 70, por levar sua música às grandes gravadoras nacionais. Entre nomes como Fagner, Belchior e Ednardo, sempre foi bastante próximo ao cantor e compositor Rodger Rogério e à cantora Teti, entre vários outros nomes do chamado “Pessoal do Ceará”.


No cinema ajudou a criar a mostra que daria origem ao Cine Ceará, hoje um dos maiores festivais do setor em toda a América Latina. Dirigiu filmes como “Dom Fragoso”, um documentário sobre o religioso que se tornaria conhecido por lutar contra a ditadura, a partir do pequeno município de Crateús, no extremo oeste do Ceará.


Francis também lançou o disco “Liberado”, no final dos anos 80, em parceria com o compositor e poeta Alano Freitas. O título é mais uma referência à resistência contra a ditadura, com sua censura e sua “liberação” ou não de canções. O disco contou com participações de grandes nomes da música do Ceará e do Brasil, como Kátia Freitas, Chico Pio e Manassés.


A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará se solidariza com familiares e amigos nesse momento de dor, de partida.

Salve Francis!
Francis, Presente!