Ceará Pacífico: o Mirante que resiste e encanta

8 de março de 2016 - 16:00

O Pacto por um Ceará Pacífico apresentou, no último sábado, 5/3, as principais ações desenvolvidas no território do Vicente Pinzon, em atividade no Mirante, tradicional ponto de encontro do bairro. O secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano dos Santos, e o governador Camilo Santana estiveram presentes no evento.


A Coordenadoria de Imprensa do Governo do Estado publica, nesta terça-feira, 8/3, a terceira matéria da série especial que enfoca diversas facetas da região. Além das matérias, confira mais detalhes nos vídeos e no mapa interativo em homenagem à comunidade.

A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) desenvolve os programas “Agentes de Leitura” e “Menu Cultural”, integrados ao Ceará Pacífico no território do Grande Vicente Pinzon, democratizando o acesso à leitura e estimulando a visitação de moradores do bairro aos equipamentos culturais do Estado, como o Cineteatro São Luiz, o Theatro José de Alencar, o Museu do Ceará e vários outros.

CE Pacífico: o Mirante que resiste e encanta 

Espaço é o principal símbolo do Vicente Pinzon e possibilita uma das vistas mais lindas da Capital.


É na Praça do Mirante do Conjunto Santa Terezinha, no Vicente Pinzon, que se tem uma das mais belas vistas do litoral de Fortaleza. Do alto do morro é possível observar o movimento da cidade e contemplar um belíssimo pôr do sol, na região que já foi um dos principais pontos turísticos da Capital.


Devido à especulação imobiliária, nas décadas de 1980 e 1990, o Mirante passou a ser ocupado por bares, restaurantes e casas luxuosas. O historiador André Aguiar Nogueira conta que esse foi o motivo da crise que agravou o local e fala sobre a força da comunidade para o impedimento imobiliário. “Os ricos cresceram os olhos sobre o Mirante, que acabou absorvendo uma crise nos anos 90. Porém, região é um exemplo de resistência, pois a população organizada conseguiu barrar a especulação imobiliária”, enfatiza.


Segundo André, no início dos anos 1980, o Governo do Estado realizou a entrega de unidades habitacionais para pescadores que foram “expulsos” da beira da praia. Ele lembra como se deu o processo de urbanização do Conjunto Santa Terezinha. “A Beira Mar, ao ser construída nos anos 60, remanejou a população que habitava no lugar. Os pecadores, pela necessidade de estarem próximos da praia, subiram os morros e construíram moradias”, conta.


A aposentada Hermina de Jesus, de 74 anos, recorda o inicio do processo de urbanização do local. “Quando cheguei aqui não tinha nada, era tudo areia, depois foi que passaram o asfalto e construíram a Praça do Mirante, em 1983. Nesse período começaram a instalar os restaurantes por aqui, o que deu um movimento no bairro. Meu filho mais velho, na ápoca, era taxista e não parava corrida pra ele”, lembra.


O comerciante Nonato Sousa, de 51 anos, é o único que conseguiu manter o negócio no local durante cerca de 30 anos de atividades, mas diz não ter sido fácil. “No início da década de 90, o Mirante teve o momento auge com a instalação dos bares e restaurantes, que ficaram conhecidos na cidade. Como a área ficou visada pelos turistas, as drogas e a prostituição ganharam força e a clientela diminuiu. Com isso, os estabelecimentos fecharam, dando início a desvalorização do local. Não foi fácil, mas continuo aqui”, pontuou.


Hoje a vida no morro é bem diferente e movimentada. Mesmo a pesca não sendo mais a atividade principal, nem o turismo ou artesanato, Nonato continua vendendo para os moradores do bairro e entrega o segredo para manter uma pizzaria, mesmo depois de todos os obstáculos. “O segredo de resistir com meu comércio até hoje é trabalhar para a comunidade. Nunca vivi em função do povo que vinha e sim com a população do bairro, que é pobre. Meu cardápio sempre foi simples e isso ajuda a atrair o cliente”, diz.


De acordo com André Nogueira, a realidade do Mirante é bem diferente da que se vê nos jornais. “O Mirante, assim como outras partes da cidade, passa pela construção de imagens, que são fabricadas de forma estereotipadas. Nos jornais esses lugares aparecem como locais assustadores e quem tem a oportunidade de conhecer o cotidiano dos moradores vai ver que não é assim. As pessoas comem bem, vivem bem e estão muito bem localizadas”. Para o historiador, “o projeto que pensa o Mirante como lugar potencial para cidade deve levar em consideração as tradições locais. Não adianta ser imposto algo de fora para dentro”.


Urbanização

Em novembro de 2015, Governo do Estado e Prefeitura de Fortaleza assinaram ordem de serviço para a urbanização e requalificação do Morro Santa Terezinha, em mais uma atividade da Agenda Fortaleza. O projeto prevê a requalificação da área, com a implantação de 30.000m² de amplo gramado com irrigação, drenagem, guarda-corpo da escadaria com corrimão e um calçadão de 3.918m². A urbanização vai facilitar o acesso e garantir um novo espaço de lazer, além do muro de contenção ecológico em concreto, onde serão plantadas espécies características de jardins verticais.


Já no fim do primeiro semestre de 2015, a nova Praça do Mirante foi totalmente revitalizada e entregue à população. A praça com mais de 4 mil m² conta agora com piso intertravado, acessibilidade, guarda-corpo, mobiliário urbano, lixeiras de coleta seletiva, paisagismo e nova iluminação. O anfiteatro também foi restaurado. O investimento total foi de aproximadamente R$ 400 mil.


A obra de construção da escadaria do Morro Santa Terezinha, que estava completamente abandonada há quatro anos, também foi concluída no início deste ano. Em janeiro deste ano, a obra de construção da escadaria do Morro Santa Terezinha foi retomada pela Secretaria de Infraestrutura de Fortaleza, onde foram construídos 160 metros de degraus de concreto, guarda-corpo e calçadas de acesso à comunidade. No local também foi instalada iluminação branca, revitalizando o espaço e garantindo maior segurança aos moradores da área. As duas obras, tanto a drenagem como a de reconstrução das escadas, tiveram custo total de R$ 350 mil.

– Confira o conteúdo completo sobre o Vicente Pinzon