Livro de Levi Wenceslau será lançado neste domingo, 22/11, no Teatro Carlos Câmara, com sarau de Marcos Lessa, Didi Morais, Apá Silvino e Flávia Wenceslau

18 de novembro de 2015 - 18:45


“Cadeira Elétrica”, obra de estreia do escritor paraibano Levi Wenceslau, traz um impressionante relato das circunstâncias que levaram o jovem autor a se tornar tetraplégico, em consequência de um acidente automobilístico. O lançamento será uma oportunidade para se debater a acessibilidade, que permeia as temáticas do livro, e para se ouvir boa música.

“Cadeira Elétrica: Memórias de quem Sobreviveu” é nome do livro de estreia de Levi Wenceslau. A obra, que traz um impressionante relato das circunstâncias que levaram o jovem escritor paraibano a se tornar tetraplégico, terá seu lançamento em Fortaleza neste domingo (22/11), às 16h, no Teatro Carlos Câmara (Rua Senador Pompeu, 454, Centro). Com a presença do autor, que fará um bate-papo com o público, o lançamento também contará com a apresentação dos músicos Didi Morais, Aparecida Silvino, Marcos Lessa e Flávia Wenceslau, que farão um sarau nos jardins do equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult).

O livro de Levi Wenceslau chega a Fortaleza cercado de grandes expectativas e excelentes referências. Trata-se, na opinião do jornalista e poeta Edson Lodi, autor dos livros “Travessia”, “Estrela da minha vida” e “Relicário – Imagens do sertão”, de “uma história de vida na qual a dor, a superação e o amor familiar formam uma rede de malhas densas, complexas – fibras donde nasce este livro.

Embora tenha, como tema central, uma questão específica – o impressionante relato das circunstâncias que levaram o jovem escritor paraibano a se tornar tetraplégico, em consequência de um acidente automobilístico –, o livro, além de uma dramática história de superação, é também uma obra que, segundo o escritor Carlos Ribeiro, que assina o texto das “orelhas”, atende à exigência básica do poeta alemão Rainer Maria Rilke (1875-1926), quando este diz que “Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade” e que justamente “nesse caráter de origem está o seu critério – o único existente”.

“Ao ler o livro de Levi Wenceslau percebi, com grande intensidade, o quão desnecessária é a maioria dos livros que abarrotam as livrarias. Muito poucos expressam uma necessidade tão vital, manifestada em uma linguagem elegante que prima pela fluência, clareza, lirismo, criatividade e precisão, características do texto de um verdadeiro escritor. Sem falar do seu refinado senso de humor”, diz Ribeiro, que é também professor de jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e membro da Academia de Letras da Bahia.

A opinião é compartilhada por Edson Lodi. “Ainda que o tema seja dramático, a prosa de Levi prende o leitor pela fluência e elegância com que se desenvolve. Linguagem simples e escorreita, revelando momentos de finíssima poesia, que, mesmo em momentos de quase desespero, não foge à realidade, ao equilíbrio. Essa percepção é essencial para a exata compreensão do aqui e agora, para receber o estímulo fundamental – o reinventar da vida, o sorrir”, analisa.

Lições de vida, acessibilidade e amigos reunidos

Outra característica marcante do livro é a multiplicidade de níveis de leituras que ele proporciona ao leitor. Multiplicidade que engloba questões espirituais, transcendentes e, mesmo, “sobrenaturais”, mas também uma vigorosa denúncia das péssimas condições de atendimento nos hospitais públicos, e, sobretudo, do despreparo do poder público e das pessoas, em geral, em relação às necessidades básicas de sobrevivência e mobilidade do deficiente físico. 

Levi questiona a utilização de eufemismos, a exemplo de portador de necessidades especiais, entendidas por ele como “nomenclaturas que tentam amenizar o impacto das palavras deficiente físico” e não correspondem à realidade da pessoa nessas circunstâncias.

Nesse sentido, o autor traz à tona em sua fala a questão atual sobre a acessibilidade e convida amigos para o lançamento como o músico cego Didi Morais, que compartilha com o autor a condição de deficiente físico. Junto a ele, estarão outros grandes nomes da música cearense como Marcos Lessa e Aparecida Silvino. Para completar o time de cantores, é convidada a paraibana Flávia Wenceslau, cantora revelação que acabou de ser descoberta por Maria Bethânia.


Uma história real

“Cadeira Elétrica” trata da historia real de Levi Wenceslau, um jovem que se torna tetraplégico no dia de seu aniversário de 23 anos, em um acidente automobilístico provocado por um animal morto na BR-101 (Recife – João Pessoa, dando inicio a um calvário de muita dor, mas também crescimento e superação.

O livro mostra as experiências pelas quais passou durante as três paradas cardíacas que sofreu, uma delas de mais de 20 minutos de duração, sinais que se apresentaram desde a infância do que estaria em seu destino, dois nascimentos, o original e depois do acidente, além de uma leitura envolvente que traz uma narrativa com muitas lições de vida.