Orquestra e camerata de violões de jovens do projeto Jacques Klein se apresentam nesta quarta, 28/10, no Cineteatro São Luiz
26 de outubro de 2015 - 23:50
A apresentação, que acontece em comemoração ao mês da criança, é fruto de um projeto social com jovens de comunidades de Fortaleza. Foto: Bruno Soares/Divulgação
Nesta quarta-feira, 28/10, às 18h30, o palco do Cineteatro São Luiz ganhará uma energia especial, com a apresentação da Orquestra Jacques Klein e da Camerata de Violões formadas por crianças e jovens de 7 a 18 anos, de várias comunidades de Fortaleza. A criação dos grupos é resultado do projeto de educação musical Jacques Klein, desenvolvido pelo Instituto Beatriz e Lauro Fiuza (IBLF) e apoiado pela Secretaria da Cultura do Estado Ceará (Secult), através do edital Mecenas do Ceará, por dois anos consecutivos: 2014 e 2015. O repertório trará de composições eruditas a canções da música pop rearranjadas, sob a regência do maestro Arley França. A apresentação tem entrada franca.
A orquestra e a camerata de violões são grupos de referência do projeto do IBLF, que atua desde 2012 com educação complementar de crianças e jovens em zonas de vulnerabilidade social de Fortaleza. Um dos objetivos do instituto é fazer com que os grupos de música instrumental do projeto Jacques Klein circulem pela cidade, contribuindo para novas experiências de jovens em palcos da capital cearense.
A diretora de projetos do IBLF, Beatriz Fiuza, destaca que a orquestra recentemente fez uma parceria com a Associação dos Amigos da Arte (Amarte). “Com a parceria com a Amarte, que está à frente da Orquestra de Sopros de Pindoretama, conseguimos incorporar à orquestra instrumentos de sopro e percussão neste semestre”, comenta com entusiasmo a última novidade do projeto.
A circulação dos grupos do projeto Jacques Klein continua até o final do ano. No final de novembro, dia 26, a orquestra tem apresentação marcada em São Paulo. Na ocasião, os jovens farão um intercâmbio com outras crianças e adolescentes de um renomado projeto paulista, também de formação musical: o projeto Guri, que possui 370 polos de ensino no interior e no litoral do estado de São Paulo.
Beatriz Fiuza também sinaliza que o encerramento das apresentações da orquestra, neste ano, acontecerá no dia 5 de dezembro. Em formato de “Concerto de Natal”, a apresentação será às 17h30, na Casa de José de Alencar, uma das instituições parceiras do projeto.
Um projeto vencedor
Desde 2012, o Instituto Beatriz e Lauro Fiuza (IBLF) atua com projetos ligados à educação complementar de crianças e jovens em zonas de vulnerabilidade social de Fortaleza. Cientes do bem sociocultural que a música representa e da importância de contribuir para que esta possa ser acessível a todos, o instituto fundou o projeto Jacques Klein, de educação musical, que atualmente atende 350 crianças e jovens de Fortaleza, de 7 a 18 anos, trabalhando essencialmente a prática orquestral e coral. Com duração de seis anos, sendo dividido nos módulos básico, intermediário e avançado, são ofertados cursos de violino, viola, violoncelo, contrabaixo, piano, violão, flauta e canto coral, todos tendo a musicalização como base comum.
Inicialmente o projeto contemplava os jovens do entorno do bairro Passaré, sendo realizado na sede do IBLF, mas, em menos de dois anos, o instituto conseguiu firmar parcerias e ampliar a abrangência dos projetos para mais dois núcleos de atividades em outros bairros, sendo eles o Henrique Jorge com a Fundação Carlos Pinheiro (FCP) e o José de Alencar, com a Casa José de Alencar (CJA), um equipamento da Universidade Federal do Ceará (UFC). Desde o ano passado, as atividades do projeto vêm sendo desenvolvidas para além da sala de aula, através da realização de seminários, formação de grupos de referência, saídas culturais e visitas institucionais, produção de conhecimento, criação de corais adultos, além de aulas abertas com músicos, maestros e professores convidados.
Coordenado pelo maestro Arley França, o projeto Jaques Klein implementou o seu referencial pedagógico tomando como base a aprendizagem progressiva, que passa por 5 níveis. “No primeiro semestre de 2014, nós formamos três grupos de referência com os alunos de melhor desempenho do projeto: a Orquestra de Cordas, a Camerata de Violões e o Coral Infantojuvenil, em que os alunos passaram a ensaiar com mais disciplina, até três vezes por semana, para além das suas aulas habituais. Passaram também a se apresentar publicamente, o que se tornou um grande incentivo para o avanço dos grupos”, ressalta o coordenador do projeto.
A diretora de projetos do IBLF, Beatriz Fiuza, reforça que o principal intuito dos projetos realizados no instituto é oferecer as ferramentas necessárias para que os alunos se tornem agentes de transformação, para além da sua formação individual, alcançando sua comunidade e todos que fazem parte do seu círculo social, seja em casa, na escola ou na vizinhança. Por isso, todos participam também do Projeto Psicopedagógico Social, realizado pela equipe social do IBLF.
Sobre o músico Jaques Klein
O grande artista que inspira este projeto, Jacques Klein, nasceu no município cearense de Aracati, em 10 de julho de 1930. Na busca por aprofundamento nos estudos da música, mudou-se primeiro para Fortaleza, onde deu início aos estudos de piano, e em seguida para o Rio de Janeiro. Estudou no Conservatório Brasileiro de Música, de onde saiu ainda na adolescência para se dedicar a musica popular e ao jazz. Aos 18 anos, já de volta ao clássico, mudou-se para Nova York, onde estudou com William Kappel, e depois para Viena, onde estudou com Bruno Seidhoffer. Conquistou prêmios na Suíça, na Inglaterra e nos Estados Unidos, levando música clássica e música popular brasileira para o mundo.
Em 1953, concorrendo com 113 candidatos vindos de 33 países, venceu por unanimidade o Concurso Internacional de Execução Musical, em Genebra, na Suíça. A partir de então, alcançou grande sucesso na Europa. Em 1959 apresentou-se no Carnegie Hall com a Filarmônica de Nova York, guiada pelo Maestro Eleazar de Carvalho. Percorreu a Europa e parte da Ásia e da África, apresentando-se com grandes orquestras, como a Filarmônica de Londres, Filarmônica de Berlim, Sinfônica de Viena, Orquestra da Escócia, entre outras.
Dentre seus títulos, estão a medalha Harriet Cohen e títulos brasileiros e europeus de professor honoris causa. Foi um professor requisitado, ensinando em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília, Dublin e em universidades americanas, tendo alunos como Arnaldo Cohen, Edson Elias, Ilze Trindade, Lilian Barreto, Luiz Fernando Benedini e Egberto Gismonti. Foi também diretor da Orquestra Sinfônica Brasileira e da Sala Cecília Meireles.
Jaques Klein foi casado com Cesarina Riso, com quem teve uma filha, Daniela Riso Klein. Deixou-nos ainda jovem, em 1982, aos 52 anos, tendo gravado muito pouco do seu trabalho. Nas palavras de Lester Trimble, do Herald Tribune, foi descrito como “um músico que se emparelha com as figuras do primeiro time não só de sua geração, mas da geração que o precedeu”.
::Serviço::
Apresentação da Orquestra Jacques Klein e da Camerata de Violões
Local: Cineteatro São Luiz (Praça do Ferreira, Centro), equipamento da Secult
Data: Quarta-feira, 28/10
Horário: 18h30
Classificação indicativa: Livre
Duração: 50 min
Grátis