Secult Ceará avança nas estratégias de implantação da Ceará Filmes
15 de julho de 2024 - 16:54
A partir do diálogo com representações do setor audiovisual, dados de mercado, dentre outras iniciativas, dois Grupos de Trabalho (GT) atuam em ações para a viabilidade de efetivação da Ceará Filmes desde abril deste ano
Filmagens do filme “Motel Destino”, de Karim Aïnouz. Obra filmada no Ceará brilhou na última edição do Festival de Cannes
Criado pela Lei n.º 17.857/ 2021, o Programa Ceará Filmes objetiva a promoção de políticas públicas em prol do setor audiovisual do estado. Representa investir no desenvolvimento da produção cearense com a arte e a cultura digital, promovendo a criação, formação, exibição, distribuição, preservação, pesquisa e intercâmbio.
Em 22 de março deste ano, durante cerimônia em homenagem ao produtor Luiz Carlos Barreto, o Governo do Ceará anunciou a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para debater e planejar estratégias sobre a implantação da Ceará Filmes, com modelo de gestão ainda a ser desenhado, seja como uma empresa pública ou como uma agência de desenvolvimento do audiovisual cearense.
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A partir dessa demanda, a Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), por meio da Coordenadoria de Cinema e Audiovisual (CCAVI), compôs dois GTs. Desde abril, pasta, representantes da Rede Pública de Equipamentos Culturais do Ceará (Rece) e setor audiovisual realizam uma série de reuniões sistemáticas.
Um grupo é responsável por pensar a consultoria para a implantação da Ceará Filmes. Já o outro GT busca desenvolver metodologias para organizar um seminário e também elaborar uma ampla pesquisa acerca do impacto socioeconômico do setor audiovisual do estado.
Em junho, o passo inicial no levantamento de informações sobre a área foi efetivado. Como integrante do GT de Pesquisa, o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) desenhou e elaborou a base inicial da futura pesquisa sobre o mercado audiovisual do estado.
Primeiro mapeamento
Por meio do diálogo com a Secult Ceará e o campo audiovisual dentro do GT, o Ipece realizou o estudo “Desempenho do Setor Audiovisual Cearense – 2010 a 2022”. O objetivo é compreender a estrutura e evolução das atividades econômicas que formam a área.
A ferramenta é a primeira etapa de uma pesquisa futura de maior envergadura. Um processo que visa aprofundar mais acerca deste cenário, pois o trabalho do Ipece considera somente os vínculos formais.
Ou seja, detecta apenas trabalhadores com carteira assinada em um setor que também é formado por inúmeros profissionais autônomos, Microempreendedores Individuais (MEI), Microempresa (ME), contrato via Recibo de Pagamento Autônomo (RPA), dentre outros processos.
Como se trata do recorte inicial acerca desse setor, o estudo do Ipece será sucedido de outras análises e levantamentos. “É a etapa inicial de uma ampla pesquisa a ser desenvolvida para consolidar dados, informações e indicadores seguros sobre o impacto socioeconômico do audiovisual cearense”, detalha a coordenadora de Cinema e Audiovisual da Secult Ceará, Camila Vieira.
Planejar a Ceará Filmes
Ao contemplar a série histórica compreendida entre 2010 e 2022, o estudo “Desempenho do Setor Audiovisual Cearense” espelha as transformações tecnológicas e mercadológicas que impactaram o cenário nacional. Como, por exemplo, o estabelecimento das plataformas de streaming e o contexto recente da pandemia.
“Estes dados revelam para onde o setor audiovisual está caminhando e ganhando destaque dentro do Ceará”, descreve o Ipece. Segundo o levantamento, três atividades econômicas apresentaram forte crescimento em relação a 2010, com geração de novos postos de trabalho formais (com carteira assinada).
As ocupações que mais cresceram, de acordo com estudo, foram “Produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão” (com incremento de 288,3%), “Atividades de exibição cinematográfica” (com 35,2%) e “Operadoras de televisão por assinatura por cabo” (5,58%).
O Ipece aponta que o setor audiovisual nacional contava com 64.200 vínculos formais em 2010. Esse número chegou a 37.618 vínculos em 2022, significando queda de 41,40% na comparação desses anos. No Ceará, o percentual neste mesmo período foi de 19,85%.
Como resultado da dinâmica anual, a participação dos vínculos formais do setor audiovisual cearense no total de vínculos formais do estado foi de 0,11% (2010) para 0,07%, em 2022. Já a participação do setor audiovisual nacional no total de vínculos formais do País caiu de 0,15% (2010) para 0,07%, em 2022.
“A participação do audiovisual cearense no setor nacional aumentou de 2,28%, em 2010, para 3,12%, em 2022, mostrando que, apesar da perda de participação dentro do estado, ocorreu um ganho de importância dentro do contexto nacional”, defende o Ipece.
Sequência do trabalho
A coordenadora Camila Vieira assinala que o estudo é o primeiro momento de sistematização para entender, por meio de uma série histórica, quais áreas são prioritárias e, a partir daí, o poder público conseguir tomar decisões em relação à distribuição de recursos para estimular a cadeia produtiva do audiovisual cearense.
Com base nesta etapa inicial de estudo, uma pesquisa mais aprofundada será efetivada a partir da contratação de uma empresa especializada na elaboração de estudos, pesquisas, mapeamentos e/ou relatórios detalhados sobre setores econômicos e estratégicos como o setor audiovisual.
“A partir do resultado desse primeiro momento, teremos a base para organizarmos uma pesquisa mais ampla do setor audiovisual. Fazer uma reflexão metodológica maior. Trazer dados comparativos com outras indústrias. Entender de que forma o setor audiovisual impacta no PIB da cultura”, contextualiza a coordenadora de Cinema e Audiovisual da Secult Ceará, Camila Vieira.