Secult Ceará realizou Seminário “Chapada do Araripe Patrimônio da Humanidade” nesta terça (7)
7 de junho de 2022 - 17:44 #ChapadaDoAraripe
Ascom Secult
Em sua fala de abertura, representando a governadora Izolda Cela, o secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba, ressaltou que no início de 2023 a Chapada do Araripe irá integrar a lista indicativa do Iphan, que seleciona os bens que concorrem à chancela de Patrimônio da Humanidade junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Foto: Hélio Filho
Mais um importante passo para a candidatura da Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade. Nesta terça, 7, no Centro de Convenções do Cariri, no Crato, a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará) realizou o seminário “Chapada do Araripe Patrimônio da Humanidade”. O evento reuniu artistas, pesquisadores, estudantes, mestres da cultura, agentes culturais, além de prefeitos da região do Cariri e secretários de cultura e meio ambiente dos municípios. Na ocasião, o secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba, apresentou a Carta “Chapada do Araripe – Somos Patrimônio da Humanidade”, destinada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que tem o objetivo de repactuar, junto a gestores públicos e instituições envolvidas, a iniciativa da Campanha da Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade. A abertura contou com apresentações artísticas e culturais da banda de música municipal do Crato, Banda Cabaçal dos Irmãos Anicetos e da cordelista Rosário Lustosa.
Foto: Hélio Filho
Em sua fala de abertura, representando a governadora Izolda Cela, o secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba, ressaltou que, no início de 2023, a Chapada do Araripe irá integrar a lista indicativa do Iphan que seleciona os bens que concorrem à chancela de Patrimônio da Humanidade junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). “Estamos com objetivo de mobilizar e envolver para que essa Chapada possa ser reconhecida como patrimônio mundial. Uma das perguntas fundamentais é por quê e o queremos com isso. O que queremos é o bem viver, a cidadania cultural e a preservação da biodiversidade. É um bem viver não só para os seres humanos. A Chapada do Araripe é futuro e é ancestral. Nosso desejo é que essas instituições e pessoas possam se reunir por algo que é vital para o povo e os cantos deste lugar”, destacou.
Durante a abertura do seminário estiveram também presentes o secretário do Meio Ambiente do Ceará, Artur Bruno, por meio de vídeo; o reitor da Universidade Federal do Cariri, Ricardo Ness; o vice-reitor da Universidade Regional do Cariri, Carlos Kleber; o vice-prefeito do Crato, André Barreto; o prefeito de Santana do Cariri, Samuel Werton; o prefeito de Potengi, Edson Veriato; o prefeito de Salitre, Dorgival Pereira Filho; o sociólogo e ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira; o gerente de Cultura do Sesc-CE, Alemberg Quindins; a educadora e integrante do Grupo de Valorização Negra do Cariri, Valéria Carvalho; e a presidenta do Instituto Dragão do Mar, Rachel Gadelha.
Foto: Hélio Filho
Passos para a Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade
Desde 2019, o Governo do Ceará vem trabalhando no projeto da candidatura da Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade, por meio da Secretaria da Cultura, Secretaria do Meio Ambiente e Secretaria do Turismo, junto a instituições como a Fecomércio, Sesc-CE, a Fundação Casa Grande, a Urca, Funcap, e o Geopark Araripe, como destacado na fala do secretário da Cultura do Ceará, Fabiano Piúba. “Temos quatro etapas para chegarmos à Chapada do Araripe como patrimônio da humanidade. Primeiramente é o reconhecimento da comunidade. A gente tem que ter esse reconhecimento da Chapada do Araripe, de que somos patrimônio da humanidade e esse seminário tem muito esse objetivo.Se a gente parte sem esse reconhecimento, sem essa adesão, não partimos com força para seguir para a candidatura. Essa é a primeira chancela e mais importante de todas. O segundo reconhecido é por parte do Estado e, nesse sentido, temos nos mobilizado parcerias principalmente na elaboração de uma pesquisa para elaboração de.um Dossiê que dê base para a candidatura. Também foi criada uma lei e a Chapada do Araripe foi aprovada como a primeira paisagem cultural do Ceará”, enfatizou o secretário.
“O terceiro reconhecimento é através do Iphan. Saímos com um calendário em reuniões prévias e até o mês de fevereiro de 2023 estaremos na lista de bens que são indicados a patrimônio da humanidade do Brasil para a Unesco. Estamos fazendo uma renovação do pacto para que a candidatura possa estar sendo firmada na lista brasileira. Temos uma carta também assinada por 24 gestores municipais da região do Cariri para o desenvolvimento do plano de gestão do patrimônio. Por último, é o reconhecimento da Unesco”, continuou.
Mais sobre o Seminário
Com o objetivo de pactuar e mobilizar institucional e politicamente a região, com seus atores sociais e culturais, incluindo instituições públicas, privadas e do terceiro setor, a fim de renovar o pedido junto ao Iphan para inclusão na lista de indicação da Chapada do Araripe como patrimônio a ser reconhecido pela Unesco, o evento possibilitou o debate sobre o projeto da Chapada do Araripe na perspectiva do desenvolvimento econômico, social e sustentável para a região, pensando em como a candidatura da Chapada do Araripe tem a ver com o desenvolvimento da região.
O Ceará é um dos estados pioneiros com lei específica, sancionada pelo então governador Camilo Santana, para a Chancela de Paisagem Cultural Cearense. A Chapada do Araripe teve aprovada, em 10 de março, pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Ceará (Coepa) a primeira chancela como Paisagem Cultural do Ceará.
Foto: Hélio Filho
Programação
O seminário trouxe uma programação mais técnica, fechada para convidados, que se iniciou no dia 6, no Complexo Ambiental Mirante do Caldas, em Barbalha, com especialistas que compartilharam os avanços e o percurso até o atual momento, tanto da pesquisa feita sobre a Chapada que dará origem ao Dossiê enviado ao Iphan quanto da criação da Chancela Estadual de Paisagem Cultural. A partir das atividades, foram definidos conceitos, métodos e estratégias políticas e institucionais junto ao Iphan, a Unesco e outras instituições, tendo a meta de que a Chapada do Araripe seja inserida na lista das candidaturas do Brasil em breve.
Participaram da programação o sociólogo ex-ministro da Cultura Juca Ferreira, que também fez a curadoria do seminário; o ambientalista ex-ministro do Meio Ambiente João Paulo Capobianco; a representante do Iphan, Candice Ballester; a arquiteta e ex-presidente do Iphan, Jurema Machado, por meio de vídeoconferência, assim como Luiz Fernando Almeida, especialista em patrimônio cultural, também ex-presidente do Iphan; os professores da Universidade de Coimbra Conceição Lopes e Nuno Leal; o fundador da Fundação Casa Grande Alemberg Quindins; o professor da Urca, Patrício Melo; a professora da Universidade de Coimbra, Conceição Lopes; a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira; a presidenta do Instituto Dragão do Mar, Rachel Gadelha; a gestora do Mirante do Caldas, Charmene Rocha; a diretora do Centro Cultural Cariri, Rosely Nakagawa; e a consultora e comunicadora Mercês Parente.
Já no dia 7, terça-feira, o seminário trouxe atividades abertas ao público, com mesa de debate reunindo nomes como Eduardo Guimarães, diretor do Geopark Araripe; Alemberg Quindins, gerente de cultura do Sesc-CE; Rosely Nakagawa, diretora do Centro Cultural Cariri; Rachel Gadelha, presidenta do Instituto Dragão do Mar; Augusto Barros, do Instituto Cultural Vale do Cariri; José Flávio, presidente do Instituto Cultural do Cariri; e Jéssica Ohara, restauradora da Secult Ceará.
Foto: Secretário Fabiano Piúba, com o pesquisador Alênio Carlos, a coordenadora do curso de Meio Ambiente da EEEP Raimundo Saraiva Coelho, Josefa Bento, e estudantes.
Cultura, Meio Ambiente e Educação
O seminário também foi momento de se aproximar do tema Cultura e Natureza. Para os estudantes do curso de Meio Ambiente da Escola Estadual de Educação Profissional Raimundo Saraiva Coelho de Juazeiro do Norte, uma oportunidade para debater a sustentabilidade da exuberante Chapada do Araripe. “A gente tem o interesse de trabalhar em prol do desenvolvimento sustentável da região do Cariri. Queremos nos juntar, fazer parcerias, para a gente trabalhar essa parte ambiental e social da região”, destacou Josefa Bento, coordenadora do curso.
Já o estudantes Nicolas Nunes Lima, 17, falou sobre os encantos da Chapada do Araripe, também com intuito de contribuir com a patrimonialização do bem. “Minha família é do interior e sempre me relacionei com o meio ambiente. Passei a me interessar mais após estudar a tecnologia para o desenvolvimento sustentável. Quando conheci a fauna e a flora da Chapada do Araripe, me interessei muito, acho exuberante, principalmente com a riqueza cultural dos povos daqui”, frisou.
Falas dos participantes na abertura do seminário
“Esse seminário será muito importante para a história do Cariri. Vocês sabem que a riqueza cultural e ambiental do Cariri é imensa. O governo está fazendo uma série de ações para fazer desse ambiente mais atrativo para o turismo ecológico, com a criação da APA do Horto do Padre Cícero e equipamentos como o Mirante do Caldas e o complexo ambiental do Horto do Padre Cícero”.
Secretário do Meio Ambiente do Ceará, Artur Bruno
Eu me sinto feliz em colaborar com o projeto da Chapada do Araripe. Esse projeto de reconhecimento da Chapada talvez seja o projeto mais importante que está sendo desenvolvido no Brasil nesse momento, como iniciativa de preservação da cultura e da água, pois temos um verdadeiro oásis na Chapada. Aqui é importante culturalmente. Talvez seja um dos territórios mais densos da cultura do Brasil. É impressionante a força e a vitalidade da cultura aqui”.
Curador do seminário e ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira
“É uma grande alegria estar aqui hoje. O seminário vem acontecendo, mas antes da pandemia demos um pontapé inicial para a candidatura da Chapada do Araripe, com as várias instituições locais. Esse projeto traz para a gente a relação da Chapada e a Cultura que tá em volta. Aqui é um lugar de cultura”.
Gerente de Cultura do Sesc-CE, Alemberg Quindins
“É uma honra estar representando o meu povo preto nesta mesa. Dizer da patrimonialização é como Oxum: salve as águas. Essa patrimonialização vai trazer bem viver ao povo que vive aqui. Estamos aqui por isso. A gente cuida e o povo que nela habita, salve o povo preto e os índios cariris. Nós, o povo negro, estamos aqui há séculos e vamos continuar. Vamos resistir. Essa patrimonialização vai trazer dignidade para todos”.
Educadora e integrante do Grupo de Valorização Negra do Cariri, Valéria Carvalho
“A patrimonialização da Chapada do Araripe se traduz em duas palavras: preservação e valorização. No momento em que o mundo põe os olhos nesse patrimônio, a degradação do meio ambiente será mais combatida”.
Vice-reitor da Urca, Carlos Kleber, representando o reitor Lima Júnior
“Não sei se todos internalizaram essa dimensão da proposta aqui exposta. Fico feliz de ver que a proposta da Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade prosperou graças ao Governo do Ceará”.
Reitor da Universidade Federal do Cariri, Ricardo Ness