Com presença de Lázaro Ramos, filme “Medida Provisória” teve pré-estreia no Cineteatro São Luiz
14 de abril de 2022 - 00:26 #CineteatroSãoLuiz #Programação
Com a presença do diretor do longa-metragem, Lázaro Ramos, o Cineteatro São Luiz, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará), trouxe uma programação de pré-estreia emocionante, propondo o debate sobre racismo, cultura e política. (FOTOS: Felipe Abud/Secult Ceará)
Uma noite memorável no Cineteatro São Luiz. “Medida Provisória” foi aplaudido de pé, nesta quarta-feira, 13/4. A pré-estreia do filme que traz Lázaro Ramos como diretor e Taís Araújo como protagonista emocionou o público e propôs um momento de reflexão, com um debate sobre o longa-metragem envolvendo temas como racismo, cultura e política. Para este momento, após a exibição do filme, que entra em cartaz até o dia 22 de abril no Cineteatro São Luiz, subiram ao palco o diretor Lázaro Ramos, o secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba; a secretária executiva de planejamento e gestão interna da Cultura do Estado do Ceará, Mariana Teixeira; coordenadora especial de políticas públicas para igualdade racial da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos, Martír Silva; e a curadora do Cinema do Dragão, Kênia Freitas. A mediação ficou por conta do curador de cinema do Cineteatro São Luiz, Duarte Dias.
De Emicida a Cartola. de Elza Soares a Conceição Evaristo. De Taís Araújo a Alfred Enoch e Seu Jorge. Estão todos e todas em Medida Provisória. Com muita força. Fazem parte, no universo apresentado por Lázaro, num futuro distópico, de uma grande alegoria da sociedade brasileira que emerge em seu pior estado, flertando com o fascismo e propagando o racismo. Por outro lado, no meio de conflitos, há também esperança.
No enredo, o governo decreta uma medida provisória que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África na intenção de um “retorno às origens”. Sua aprovação afeta diretamente a vida do casal formado pela médica Capitú (Taís Araújo) e pelo advogado Antonio (Alfred Enoch), bem como a de seu primo, o jornalista André (Seu Jorge), que mora com eles no mesmo apartamento. O longa é uma adaptação de “Namíbia, Não!”, peça de Aldri Anunciação que o diretor e ator Lázaro Ramos dirigiu para o teatro em 2011.
Para uma distopia, há uma utopia necessária
Muito aplaudido, o elogiado longa-metragem de Lázaro Ramos vem especialmente para convocar – como ele mesmo gosta de dizer – para reflexões bastante atuais sobre a sociedade. E, no fervor de uma distopia, Lázaro propõe sonhar também. “Para tempos distópicos, a utopia é o caminho. Precisamos sonhar com o que parece impossível. É sonhar com uma presidenta preta. Acho que é isso”, disse ao público no Cineteatro São Luiz no momento de debate.
E esta utopia passa essencialmente pela política. Ao falar de uma política para as artes, o secretário da Cultura do Ceará, Fabiano Piúba, ressaltou a importância do direito à cultura. “Gostamos de dizer que o Ministério da Cultura virá por revoltação. Ele é central para a redemocratização e regeneração do Brasil. Não há direito pleno no Brasil sem o direito à arte e à cultura”.
Neste sentido, a secretária executiva de planejamento e gestão interna da Cultura do Estado do Ceará, Mariana Teixeira, falou sobre a importância da diversidade e das políticas afirmativas para a cultura. “Penso em quantos filmes do cinema negro temos com produção parada. Em meio a tantas lutas diárias, a Secult tem aumentado a pluralidade de vozes.
Um dos primeiros editais que discutimos ações de cotas raciais e ações afirmativas foi o de Cinema e Vídeo”, pontuou, fazendo referência às políticas desenvolvidas pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará.
Em sua fala, Lázaro Ramos também destacou que o processo da luta anti-racista deve ser abraçado no dia a dia. “A luta anti-racista precisa ser um processo de todos porque faz parte de um projeto de nação. Quero levar a luta para o dia a dia. Ela se faz com marcha e denúncia, mas também na maneira diária, em que não silenciamos em injustiças”, reforçou.
Vez e voz de uma cultura
A coordenadora especial de políticas públicas para igualdade racial da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos do Ceará, Martír Silva, fez comparações do filme com a história do Brasil. “Fico muito emocionada com um filme de nós pretos e pretas brasileiras. Ele se anuncia como um futuro distópico, mas eu vi o passado histórico do 14 de maio de 1888. Essa luta perdura até hoje. O que nós podemos tirar de reflexão, como herança do nosso povo negro e indígena é a resiliencia e transcendencia. Não há nada capaz de destruir a nossa utopia e esperança. Isso está no filme no ‘afrobunker’, mas na verdade está nos nossos quilombos. Estamos nos aquilombando na política, nas nossas organizações, nos povos tradicionais, nas artes e no cinema. Só este ano tivemos o filme cearense Cabeça de Nego e vimos o Mariguella negro, lutando contra a ditadura militar”, pontuou a gestora.
Bienal Internacional do Livro do Ceará
O “Medida Provisória” também levou Lázaro Ramos a um turbilhão de ideias. Em seu processo criativo, contou ao público que foi gravando seus pensamentos que serão revisitados em breve, em formato de um livro. “Lançarei ele aqui na Bienal do Livro, em novembro”, revelou o desejo, após conversa nos bastidores com o secretário Fabiano Piúba, que ressaltou a presença da escritora Conceição Evaristo como curadora da Bienal Internacional do Livro do Ceará, evento estruturante da Secult Ceará.
Serviço
Filme “Medida Provisória”
Em cartaz no Cineteatro São Luiz até 22 de abril
Informações: https://www.cineteatrosaoluiz.com.br/