Mês da Consciência Negra na Cultura: conquistas e programação especial

12 de novembro de 2021 - 17:19 #

“É tempo de ninguém se soltar de ninguém,
mas olhar fundo na palma aberta
a alma de quem lhe oferece o gesto.
O laçar de mãos não pode ser algema
e sim acertada tática, necessário esquema.
É tempo de formar novos quilombos,
em qualquer lugar que estejamos”
Conceição Evaristo


O espetáculo “Memórias de um baobá” é uma das atrações do mês de novembro

O mês da consciência negra é celebrado a cada ano pela cultura cearense em forma de uma programação especial. Para além de marcar o mês de novembro com espetáculos dedicados ao universo da cultura afro-brasileira, o tema da igualdade racial é colocado em pauta a partir de atividades de formação. A programação ofertada pela Rede de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), incluindo o Centro Dragão do Mar, o Cineteatro São Luiz, o Theatro José de Alencar a Biblioteca Pública do Estado do Ceará, entre outros, é gratuita e acontece de forma virtual e presencial. A Secult também apresenta conquistas no campo das políticas públicas de cultura para a população negra, incluindo o lançamento recente do II Prêmio Expressões Culturais Afro-Brasileiras do Ceará, que está com inscrições abertas.

A participação da sociedade civil é fator fundamental para a construção de políticas públicas afirmativas. Por isso, na gestão do governador Camilo Santana, foi instituído, no âmbito da Secult, o Comitê Gestor das Expressões Culturais Afro-brasileiras, uma instância consultiva e deliberativa, de planejamento, articulação, gestão compartilhada e controle social. Cabe também ao comitê assessorar o Conselho Estadual de Políticas Culturais do Ceará na análise das proposições, discussões e deliberações acerca da organização, execução e avaliação das políticas relativas às expressões culturais afro-brasileiras no Ceará.

As reuniões do comitê são realizadas uma vez por mês, com objetivo de discutir, propor, reivindicar, acompanhar e avaliar a execução de políticas públicas que atendam às demandas oriundas de coletivos culturais negros, comunidades quilombolas e comunidades de matriz africana e afro-brasileiras presentes no Estado.

O colegiado é composto majoritariamente por representantes da sociedade cearense. Dos nove segmentos, três são governamentais, incluindo membros da Secretaria da Cultura do Ceará, Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial do Governo do Estado e Coordenadoria Especial da Igualdade Racial da Prefeitura de Fortaleza. Os outros membros representam manifestações culturais, artísticos e literárias originárias de matriz africana e/ou afro-brasileira como afoxé, capoeira, maracatu, samba, coco, tambor de crioula, afroempreendedorismo, além de comunidades tradicionais de matriz africana e afro-brasileira, de comunidades quilombolas e do Fórum de Multilinguagem de Artistas Negres e Perifériques do Ceará.

Edital Prêmio Expressões Culturais Afro-Brasileiras do Ceará chega a sua segunda edição

A Secult Ceará lançou o Prêmio Expressões Culturais Afro-Brasileiras do Ceará, que está em sua segunda edição e com inscrições abertas até dia 15/11, pelo site de editais da Secult Ceará: http://editais.cultura.ce.gov.br/. O prêmio é fruto da política pública construída junto ao Comitê Gestor das Expressões Culturais Afro-brasileiras para o reconhecimento e a valorização dos saberes, práticas culturais, celebrações e formas de expressão realizadas ou em andamento dos coletivos culturais negros, das comunidades quilombolas e das comunidades tradicionais de matriz africana e afro-brasileira sediadas no Estado do Ceará.

Serão premiadas 32 iniciativas das expressões culturais afro-brasileiras que preveem o fortalecimento em território estadual como atividades, ações coletivas, formas e modos próprios de existência. O investimento total do Governo do Ceará para o prêmio é de R$500.000,00.

Cotas em editais da cultura

A Secult Ceará lançou em 2021 a convocatória do programa Arte em Rede, com cotas étnico-raciais. Em sua segunda edição, a convocatória contou com um investimento de R$225.000,00, para selecionar 125 projetos no Ceará e potencializar as ações de oito equipamentos culturais do Governo do Ceará.


A Beleza de Rose”, curta-metragem de Natal Portela, cujo projeto foi um dos selecionados do Arte em Rede 2021

Entre as novidades desta convocatória, além do aumento do número de equipamentos participantes, estão as cotas de acessibilidade e étnica/racial. Em alinhamento ao Plano Estadual de Cultura, referente às políticas afirmativas, e, no mesmo sentido da Lei Estadual Nº 17.432/2021, 20% do total de vagas foi destinado a proponentes autodeclarados negra(o)s e indígenas. Isto colocou o Arte em Rede em destaque entre as demais ações tanto da Secult Ceará como do IDM, pois é a primeira vez que as políticas afirmativas foram adotadas como cotas a serem preenchidas pelos projetos selecionados, e não apenas como critérios na somatória de pontos de avaliação dos projetos. Além disso, 10% das vagas foram destinadas a proponentes com deficiência.

Essas inovações são também fruto de importantes parcerias e processos de diálogo entre a comissão organizadora do Arte em Rede junto às instâncias no próprio Governo do Ceará e da sociedade como um todo, como a Casa Civil, a Coordenadoria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Coppir), Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial (Ceppir), o Instituto Federal do Ceará (IFCE), o Fórum Multilinguagens de Artistas Negres e Perifériques, Comitê Gestor das Políticas Culturais Indígenas no Ceará, Comitê Gestor das Expressões Culturais Afro-brasileiras do Ceará. Essas trocas trouxeram as reflexões conceituais e práticas necessárias para qualificar o debate e operacionalizar as ações afirmativas na convocatória, sobretudo as cotas étnico-raciais e de acessibilidade, bem como os critérios de pontuação que envolvem esses temas.

A extensa e diversificada programação cultural na rede de equipamentos da Cultura do Ceará referente ao mês da Consciência Negra está disponível no site e nas redes sociais da Secult e dos equipamentos culturais.

Mês da Consciência Negra
Programação Cultural na Rede de Equipamentos da Cultura do Ceará

Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece)

18/11 – Quinta-feira

15H | DESCOBERTAS DA PESQUISA ACADÊMICA: “A PESQUISA ACADÊMICA EM ANTROPOLOGIA NOS ESTUDOS AFRICANOS: UMA PROPOSTA DE ETNOGRAFIA DO RETORNO” COM SEGONE COSSA
Plataforma: Youtube da BECE / Duração: 50 min / Classificação indicativa: Livre / Mediação: Rodrigo Ribeiro

É uma iniciativa da Coordenação de Acervo, Pesquisa e Conhecimento voltada à apresentação dos aspectos teórico-metodológicos da pesquisa nas várias áreas das Ciências Humanas. Para tanto, o programa tem uma pergunta norteadora: como a pesquisa na Biblioteconomia, – na Literatura, na Antropologia, na História, por exemplo, – é realizada? Neste sentido, o programa conta com a participação de professores com larga experiência no trato com a pesquisa e seus procedimentos teóricos, técnicos e metodológicos, buscando, assim, esmiuçar os pormenores do trabalho acadêmico de investigação e análise de um determinado tema de estudo em uma das áreas do conhecimento acima citadas. O Descobertas… propõe aproximar a Bece dos pesquisadores que, em algum momento, consultaram o seu acervo. Em novembro, contaremos com a presença do Prof. Dr. Segone Cossa, da UNILAB, que abordará as especificidades da pesquisa acadêmica em antropologia e decolonização.

24 e 25/11 – Quarta e Quinta-feira

15h | TRAVESSIAS LITERÁRIAS – “PARÁBOLA DO SEMEADOR” DE OCTAVIA BUTLER, COMENTADO POR DARWIN MARINHO
Plataforma: Youtube da BECE / Duração: 50 min / Classificação indicativa: Livre / Mediação: Fernanda Meireles

O programa “Travessias Literárias” visa revisitar obras relevantes para os dias de hoje e que se destacam pela sua originalidade, além de um curioso percurso junto ao público e crítica. O programa deste mês irá falar sobre “A Parábola do Semeador” de Octavia Butler. Quando uma crise ambiental e econômica leva ao caos social, nem mesmo os bairros murados estão seguros. Em uma noite de fogo e morte, Lauren Olamina, a jovem filha de um pastor, perde tudo e se aventura por um Estados Unidos dominado pela violência e pelo terror. Mas o que começa como uma fuga pela sobrevivência acaba levando a algo muito maior: uma surpreendente visão do destino humano… e ao nascimento de uma nova fé.

24 e 25/11 – Quarta e Quinta-feira

10H | WEBINÁRIO AFROFUTURISMOS: FICCÕES CIENTÍFICAS, MOVIMENTOS SOCIAIS E PROTAGONISMO NEGRO
Plataforma: Youtube da BECE / Duração: 120 min/ Classificação indicativa: Livre

A proposta do webinário é promover o debate em torno do movimento cultural e estético de amplo espectro na literatura, na fotografia, no cinema e na música, por exemplo, com o fim de revisar narrativas excludentes e eurocêntricas em relação à diáspora africana, à escravidão e à afrodescendência. O afrofuturismo tem na sua gênese uma feição social e um pendor político claro no que tange à valorização da ancestralidade, mas apontando para uma perspectiva na qual o negro não havia ainda sido colocado pelas narrativas europeizantes: a de um futuro do presente de protagonismo e de autoafirmação identitária. O webinário contará, por sua vez, com a participação de profissionais da área da comunicação, das políticas públicas e de artistas de diferentes linguagens com o propósito de refletirem sobre as reivindicações do direito à cidadania e aos protagonismos social e cultural do negro na sociedade brasileira da atualidade.

DIA 24 – MESA 1 – ESCRITAS DECOLONIAIS: COMUNICAÇÃO, IGUALDADE RACIAL E CIDADANIA
A escrita é um repositório da memória e um instrumento efetivo de poder. Neste sentido, as práticas sociais dos povos africanos que eram, predominantemente, oralizadas sofreram imposições e silenciamentos. A diáspora africana, por exemplo, decorrente do tráfico transatlântico, promoveu rupturas sociais e cerceamento de liberdades. A partir do afrofuturismo, como a ancestralidade

DIA 25 – MESA 2 – AFROFUTURISMO COMO PROPOSIÇÃO ESTÉTICA NAS ARTES VISUAIS
O afrofuturismo faz uso dos passados ancestral e histórico para propor, através da fruição estética, ações sociais e feitos culturais que considerem o protagonismo negro como pauta e prática política. Que técnicas e linguagens as artes visuais têm-se apropriado como recurso de reivindicação de direitos sociais de jovens negros no Brasil? O que caracteriza o afrofuturismo como proposição estética? Que futuro o afrofuturismo propõe?

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

O Dragão do Mar celebra Dia da Consciência Negra com ciclo cênico com entrada franca ao longo do mês de novembro. Entre espetáculos presenciais e virtuais, a maioria deles acessíveis em Libras, a programação é protagonizada por artistas pretos cearenses.

16/11 – Terça-feira

19H – DESPEJADAS, DO GRUPO NÓIS DE TEATRO
No Teatro Dragão do Mar. 100min. 14 anos.
Acessível em Libras. Gratuito,
mediante retirada de ingressos no dia 15/11, a partir das 15h

18/11 – Quinta-feira

19H – LANÇA CABOCLA DA PLATAFORMA LANÇA CABOCLA
No Teatro Dragão do Mar. 70min. 14 anos. Acessível em Libras. Gratuito,
mediante retirada de ingressos no dia 17/11, a partir das 15h

20/11 – Sábado

18H – ÁFRICA NORDESTINA – ADDA
Kyttanda
No IGTV do Dragão. 4min39. Livre

19H – TANTO MAR – COLETIVO PONTO
No YouTube do Dragão do Mar. 8min40. Livre. Acessível em Libras.

21/11 – Domingo

17H – MEMÓRIAS DE UM BAOBÁ
Grupo Maleta de Histórias.
No YouTube do Dragão do Mar. 43min. Livre. Acessível em Libras.

Protocolos de biossegurança nos espetáculos presenciais

Todos os cuidados seguem reforçados para preservar a saúde dos colaboradores e frequentadores do Teatro Dragão do Mar. Além do uso obrigatório de máscara, os visitantes devem manter o distanciamento mínimo um metro, dentro e fora das salas, salvo casais ou grupo de até quatro pessoas da mesma família. Embora esteja liberada a ocupação da sala em até 80% da sua capacidade, para preservar o distanciamento mínimo de um metro, será mantida a limitação de até 100 assentos. É disponibilizado álcool em gel 70% na entrada. Ficam dispensadas do uso obrigatório de máscaras de proteção as pessoas com transtorno do espectro autista, com deficiência intelectual, com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção facial, conforme declaração médica, bem como crianças menores de 3 anos de idade.

Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC)

20/11 – Sábado

Às 16h30
Em celebração ao Dia da Consciência Negra, a artista e educadora Mariane Romão irá realizar a leitura dramática de poesias de escritores pretos. Mariane Romão (@marieromao) é atriz, cantora, artivista do feminismo e movimento negros, arte educadora em formação pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e educadora no Museu de Arte Contemporânea Dragão do Mar (MAC Dragão).

Museu da Cultura Cearense

20/11 – Sábado

Às 15h, no Ateliê dos Museus/Praça Verde. 2h30min. 14+. Inscrição via formulário – Ação Educativa MCC. Sabedorias Sensíveis: ancestralidade e representatividade, com o Coletivo Quilombo Afetivo Formação
O Museu da Cultura Cearense realizará um encontro para inscritos confirmados. Nesta vivência temos como objetivo provocar nos participantes um ímpeto criativo para abordar temáticas e sabedorias sensíveis existentes em torno das religiões de matrizes africanas presentes na realidade do Brasil contemporâneo, que ainda vive envolto a tantos preconceitos e racismo. Optamos por metodologias sensibilizadoras, empáticas e cativantes, para que a experiência desta oficina possa ser levada para a sala de aula.

Sobre os convidados
Elias Luciano (estudante de História – UECE; integrante do Quilombo Afetivo Formação);
Israel Menezes (graduado em História – UECE; integrante do Quilombo Afetivo Formação);
Mateus Django (graduado em História – UECE; integrante do Quilombo Afetivo Formação);
Marina Maia (estudante de Letras Português – UFC; integrante do Quilombo Afetivo Formação)

Cineteatro São Luiz

20/11 – Sábado

10h [ARTE EM REDE – EXPOSIÇÃO] DENEGRINDO ARQUEOLOGIA PESSOAL – soupixo
➜ Onde: site do Cineteatro São Luiz (https://www.cineteatrosaoluiz.com.br/)

Sinopse: Tenho uma boa memória da minha infância, lembro de algumas brincadeiras, de passear de bicicleta com minha mãe e meu pai e outros momentos felizes. Minha irmã e eu nascemos no mesmo ano, ela em Janeiro de 1994 e eu em Dezembro, portanto, passamos muito tempo juntas na infância e tenho mais lembranças com ela. Já meu irmão nasceu três anos depois, era o bebezinho da família cuidado por todas, inclusive por nós duas. Nesse período não me recordo de conviver com outras crianças a não ser minhas primas, pois moramos por um tempo na mesma casa. Tudo era muito bom, com conforto da família, só brincadeiras, sem responsabilidades. Eu era uma criança bem comunicativa, não tinha medo de falar o que pensava, era livre. No contato com a sociedade a forma de me relacionar com o mundo se alterou brutalmente. Assim, essa pesquisa nasceu da ânsia por falar, ato que, após ir para o mundo, sempre me foi negado. A sociedade me mostrou o lugar que considerava que me era devido, no canto da sala, calada. Fui seguindo a vida assim. Às vezes reivindicava outros lugares, falava ou gritava, mas no final sempre voltava para o mesmo lugar onde a “vida” me ensinou que seria meu. As coisas mudaram um pouco, cheguei a um lugar que ninguém imaginava que eu poderia chegar e através dele contarei a minha história e das mulheres que vieram antes de mim que a sociedade insistiu e ainda insiste em silenciar. Esse lugar do qual falo é a universidade, que mesmo com a política de cotas raciais como forma de diminuir os prejuízos históricos sofridos pela população negra e dos povos originários permanece um espaço elitizado, reservado, preferencialmente para os brancos, principalmente homens. O percurso que nós negras e pobres percorremos até chegar aqui é bastante dificultado, bem planejado para que nunca alcancemos determinados espaços, principalmente nós mulheres negras. Mas, que lugar esses corpos negros ocupam na sociedade? O que esses corpos carregam como história e memória? O que eles transmitem a partir do olhar do outro? Somos frutos de uma sociedade machista e racista, frutos da colonização e da escravidão, marcas que determinam o que pode uma mulher negra fazer e falar. Mas esses corpos, mesmo que calejados, resistem. Somos sinônimo de luta, desde nossas antepassadas até os dias atuais. Se hoje existo é porque vieram várias antes de mim. Duas dessas são Antônia Ana de Jesus, minha avó, e Maria do Socorro Oliveira Santos, minha mãe. São, principalmente, essas duas mulheres que me inspiraram a aprofundar o debate da produção de arte por mulheres negras no mundo, mas pensando a partir do Cariri cearense.

20h [ARTE EM REDE] A CORAGEM DE SER NEGRO
➜ Onde: no canal no YouTube do Cineteatro http://youtube.com/c/CineteatroSãoLuizFortaleza
Classificação Indicativa: Livre | Duração: 30 min aprox.

Sinopse: A peça A Coragem de Ser Negro nasce em virtude da dificuldade de fazer as pessoas sentirem o que sentimos, netão falar o que se sente talvez seja o melhor caminho. Por isso, a obra fala dos medos e dores que nós, negros, sentimos ao passarmos por situações de discriminação por causa da cor da nossa pele. Por vivermos em um país culturalmente e dissimuladamente racista, tenho a nítida impressão de que as pessoas de pele branca não têm ideia dos sentimentos que ocorrem, de como é a vida do preto, o cotidiano, os hábitos a adaptação e as lutas para sobreviver com saúde diante de tantas provocações, ataques e condicionamentos que, infelizmente, fazem parte da rotina diária. Essa é a proposta que apresento na peça teatral “A coragem de Ser Negro”. Inspirado em Paul Tillich, no seu livro “A Coragem de Ser”. O teólogo e filósofo de origem alemã e radicado nos EUA, aborda nessa sua obra, três tipos de ansiedade que acomete o ser humano, as quais vou chamar de dores e medos. São esses os tipos: As biológicas, aquelas que atingem o corpo, o medo da morte, das doenças, daquilo que literalmente sentimos desde a pele. Outras dores e medos são qualificados no âmbito da alma e se referem a tudo que nos faz sentir sofrer condenação e culpa. O terceiro e último tipo diz respeito a dores e medos existenciais e nos faz desperceber os sentidos, os significados. Dores que nos colocam como seres insignificantes, um nada, um não-ser, nas relações sociais e desprovidos de valor como seres humanos. Trato essas angústias na perspectiva do negro, o que nos advêm no corpo, alma e espírito – tricotomia meramente ilustrativa – enquanto vítimas de racismo.

A peça é encenada por um casal de atores negros, em linguagem é bastante acessível, é a voz forte e emocionante tanto do negro, da negra, que comumente reside na periferia, sem oportunidade de estudo, como também do negro, da negra, com títulos acadêmicos. No texto cênico há poemas, que de forma simples fazem citações aos poetas abolicionistas Castro Alves e José do Patrocínio, passam por poetas e escritores como Mia Couto, Fernando Pessoa, Lenine, Emicida e filósofos como Martin Buber, Schopenhauer e Paul Tillich sem perder a linguagem coloquial, popular, atendendo a profundidade e a simplicidade que o tema exige.

O roteiro traz uma performance criativa, dinâmica, versátil no talento do elenco e direção com vasta experiência em teatro. Algumas falas tem a cadência do rap, com variações propositalmente dissonantes em harmonia com a realidade da vida dos afrodescendentes, com suas vicissitudes e ambiguidades. Uma linguagem forte, gritos de desespero e de dor. A peça é uma obra de arte para ser sentida. Diante de sofrimentos, indignações e luta, sobrevivemos pela coragem de ser negro. Por vivemos num ambiente racista no Brasil, permeado dos racismos estrutural e institucional em todas as camadas da nossa sociedade, são necessárias ações de combate aquilo que o jornalista Laurentino Gomes, autor do livro Escravidão, classifica como um dos maiores problemas de nossa nação “Brasil nunca será um país decente, digno dos nossos sonhos, enquanto a imensa maioria da população não tiver educação, saúde e empregos decentes. Enfrentar a desigualdade social no Brasil é sinônimo de uma segunda abolição, porque a maioria dos pobres são negros. Por isso digo que não é só uma reparação histórica, mas um investimento no futuro. Essa é a principal agenda política daqui para frente, ainda que tenhamos um governo hostil. Isso é um tema represado do século XIX.

Qualquer governo, partido político ou campanha eleitoral vai se defrontar com esse legado”, disse o escritor em uma entrevista para o jornal El País (https://brasil.elpais.com/brasil/2019/11/19/politica/1574203693_074968.ht ml). Em vista disso, a peça se propõe a ser instrumento na guerra contra o racismo. Certamente, por vivermos numa cultura racista, muitas pessoas que de verdade não são racistas surpreendem a si mesmas, usando termos e se envolvendo com ações racistas até de forma inconscientes. O espetáculo é uma proposta de consciência negra, são gritos que revelam os sentimentos, angústias, medos e dores de negros com o intuito de fazer as pessoas perceberem o que exatamente nos magoa, fere e prejudica e daí possam se tornar mais sensíveis e cuidadosos quanto a esse problema.

Sobrado Dr. José Lourenço

20/11 – Sábado

10H30 – PERFORMANCE ARTÍSTICA “SERVIÇAL”, DE JEFFERSON SKORUPSKI

SERVIÇAL é uma performance social reality, com desdobramentos referente ao sistema colonial e escravagista brasileiro. Uma ação replicadora do sistema de subalternidades dada às minorias de cor negra, caracterizando-se uma “colonização-escravista” perpetuante e passível de naturalização de suas funções subservientes e já previamente estabelecidas hierarquicamente pelas camadas mais brancas da nossa sociedade.

Esta é mais uma atividade do Projeto Farol das Artes, parceria de gestão compartilhada entre o Sobrado Dr. José Lourenço e o Instituto Sérvulo Esmeraldo.

Theatro José de Alencar

17/11 – Quarta-feira

O Theatro José de Alencar realiza, no dia 17 de novembro, mais uma edição do seu tradicional projeto gratuito “Theatro de Portas Abertas”, que celebra a cada mês o seu aniversário de fundação do TJA (17 de junho de 1910). Para marcar o Mês da Consciência Negra, lembrado a cada dia 20 de novembro, o TJA irá trabalhar a temática ao longo de todo o dia de programação.

9h, 10h, 11h, 14h, 15h, 16h, 17h, 18h e 19h
VISITAS GUIADAS
Entrada franca – mediante agendamento pelos fones (85) 3101-2583 / 3101-2586

10 HORAS
CONFECÇÃO DE BONECAS ABAYOMI
Oficina com a multiartista Raquel Santos
(Sala de Figurino – Anexo CENA)

14h30
AQUILOMBAMENTO DAS ARTES
Roda de conversa “Cultura para combater o racismo e promover a igualdade racial”, promovido e mediado por Martír Silva, Coordenadora Especial de Políticas Públicas para Igualdade Racial da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (Ceppir/SPS)
(Foyer do TJA)

16 HORAS
FEIRA CULTURAL DE AFROEMPREENDEDORISMO
(Pátio Nobre)

16 HORAS
ESPETÁCULO “RE-TALHOS”
CPBT Noite 2017-2018 – Direção: Neidinha Castelo Branco
(Transmissão: YouTube do TJA)

16h20
SHOW “MATEUS FAZENO ROCK”
(Jardim do TJA – gratuito com retirada de ingressos limitada a 200 pessoas pelo Sympla e comprovação de duas doses da vacina contra Covid-19)

17 HORAS
MUSICAL “GRITOS”
Idealizado por Luis Pedrosa com base nas obras de Jansen Viana (direção: Jeffe)
(Calçada do TJA)

17 HORAS
OS CABELOS DE YAMI
Curta-metragem de Luizete Vicente e Rebeca Bezerra
(Transmissão: YouTube do TJA)

18 HORAS
HORA DO NGELUS
Com a cantora, compositora e atriz Adna Oliveira
(Calçada do TJA)

19 HORAS
ORQUESTRA DE C MARA HEITOR VILLA-LOBOS
Concerto “Grandes Clássicos”, com participação especial do Coral da Estaca Fortaleza + convidados: Franklin Dantas (tenor), Antônio Souza (contratenor) e Alvany Silva (pianista)
(Palco Principal – Entrada: 1kg de alimento não-perecível)

19 HORAS
WEBINÁRIO CPBT 30 ANOS
(Transmissão: YouTube do TJA)

20 HORAS
CURTA-METRAGEM “A BELEZA DE ROSE”
Projeto Arte em Rede 2021 – Direção: Natal Portela (20min)
(Transmissão: YouTube do TJA)

Escola Porto Iracema das Artes

A programação do Mês da Consciência Negra na Escola Porto Iracema das Artes inicia na próxima quarta-feira, 17 de novembro, e segue até o dia 25. Entre as ações, show com o grupo de rap S.E.P. 85, uma sessãodo filme “Cabeça de Nêgo”, com a presença do diretor Déo Cardoso, que vai “dissecar” a obra para o público; a apresentação do espetáculo “Encantarias de um Boi Juremeiro”, do coletivo Yabás, no dia 20, aula aberta sobre o protagonismo negro na fotografia com Tamara Lopes, além de um Sarau de Saberes.

17/11 – Quarta-feira
[MÚSICA] SHOW S.E.P. – SUBCONSCIENTE EM PAUTA 85
18h > Pátio da Escola Porto Iracema das Artes > Presencial > Aberto ao público

19/11 – Sexta-feira
[CINEMA] ANATOMIA DO FILME: “Cabeça de Nêgo”, de Déo Cardoso
Mediação: Isaac Pipano e Lis Paim
19h > Pátio da Escola Porto Iracema das Artes > Presencial > Aberto ao público

20/11 – Sábado – Dia da Consciência Negra
[TEATRO] Espetáculo “Encantarias de um Boi Juremeiro”
Com Coletivo Yabás
17h > Em frente à Escola Porto Iracema > Presencial > Aberto ao público

[ARTES VISUAIS ] FESTIVAL CONCRETO | Masterclass com artista visual Onesto (SP) e sessão de autógrafos com Eduardo Africano, autor do livro “Ultrapassando as grades e vendo além dos muros”
18h > Auditório da Escola Porto Iracema das Artes > Presencial > Aberto ao público

23/11 – Terça-feira
[FOTOGRAFIA] Aula aberta – O protagonismo negro na fotografia
Com Tamara Lopes
18h> Live no YouTube da Escola Porto Iracema das Artes > Aberto ao público

25/11 – Quinta-feira
[TEATRO] Rotas de Criação – Sarau de Saberes
Com Grupo Cultural Guardiãs da Ciranda, alunes e professoras/es do Percurso Básico de Teatro
14h > Pátio da Escola Porto Iracema das Artes > Presencial > Aberto ao público

[TEATRO] Anatomia do Espetáculo – “Encantarias de um Boi Juremeiro”
Com Coletivo Yabás
19h > Live no Youtube da Escola Porto Iracema das Artes > Aberto ao público

Vila da Música

A Vila da Música Monsenhor Ágio Augusto Moreira, realiza de 10 a 27 de novembro, sempre às 19h, a programação “Africanidades: vozes, saberes e ritmos”, que acontece no Instagram e Youtube do equipamento.

11/11
Exibição do espetáculo Opereta Popular Canto de Reis – Grupo Terra

12/11
Concerto da Orquestra Armorial do Cariri – AVBEM

16/11
A musicalidade presente no espaço sagrado das religiões de matriz africana – Mãe Brígida de Oxum e Pai Ivan. Mediação: Thiago Florêncio

17/11
Exibição do filme “Mestres da Cultura Cearense, a tradução das tradições.” direção Paula Silveira.

18/11
Histórias de Ouvir e Viver – Live temática alusiva a Semana da Consciência Negra – Participação: Fórum de Multilinguagens de Artistes Negres e Perifériques do Ceará.

19/11
Live show Toada para João e Maria – live musical com Cia do Tijolo

20/11
Mostra Tem Preto na Resistência – Déo Cardoso
Vídeo Convite Déo Cardoso.
Pode me chamar de Nadí
Vídeo: Sonhos Interrompidos
Capuccino com Canela

22/11
O ofício nosso de cada dia (Dia Nacional do Músico)
Convidados: Os professores da Vila da Música: Eliarley Oliveira, Isaac Silva e Paulo Diniz.

24/11
19h
Camerata Ágio Augusto Moreira de Violões

27/11
19h
Cia Cle – O Conto da Mulher Água
Fragmentos para Ressurgir

OPERETA CANTO DE REIS
A Opereta narra a trajetória da brincadeira dos autos do Reisado de Congo, cuja ação cênica se reconstrói no cotidiano dos terreiros dos mestres e mestras da cultura popular com a festa, os cantos, as danças, a dramaturgia e a performance dos brincantes. Essa estrutura ganha os palcos na perspectiva de contar e recontar a história do Reisado, desde a benção inicial, a sua chegada, a abertura de porta, as embaixadas, a tiração do divino, a saída da casa, a saudação ao público, os entremeios, as peças no terreiro, as batalhas no quilombo do Reisado e a despedida. Uma experiência estética e sensorial que convida o público a querer mais!

ORQUESTRA ARMORIAL DO CARIRI
A Orquestra Armorial do Cariri nasceu com o objetivo de promover um diálogo de fortalecimento da cultura local e a valorização das artes e de seus mestres. Com uma formação camerística de orquestra, mas com o propósito de trabalhar um repertório popular que reúne o canto e a sonoridade das coisas da terra, do povo, do cotidiano e dos encantamentos que habitam o imaginário popular. A Orquestra tem buscado proporcionar um diálogo geracional ao reunir a experiência dos Mestres da Tradição, artesãos locais e jovens músicos, que bebem e convivem com seus saberes e fazeres, além de trabalhar a inclusão e a acessibilidade cultural de alunos do Curso de Musicalização da APAE-Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais.

MÃE BRÍGIDA,
Atriz, iniciada para orixá Oxum, mãe de santo de umbanda da tenda das 7 luzes,

IVANISEVIC AGNES,
Pai pequeno da tenda das 7 luzes, pós graduado em história africana e cultura afro brasileira.

THIAGO FLORÊNCIO
É professor adjunto de História na Universidade Regional do Cariri, na Graduação do Departamento de História, no Mestrado Profissionalizante ProfHistória e professor permanente no Programa de Pós-Graduação em Letras da mesma IES. Coordenador do Grupo de Pesquisa NEDESA (Núcleo de Estudos de Descolonização do Saber).

MARTÍR SILVA
Coordenadora especial de políticas públicas para igualdade racial da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (Ceppir/SPS) advogada e mestre em Políticas Públicas, coordenou a Assessoria Jurídica da Secretaria Municipal de Educação, do Conselho Regional de Serviço Social e da Secretaria de Cultura do Estado. Foi assessora parlamentar, é professora dos cursos de Direito e Serviço Social das Faculdades Cearenses. Atua nos movimentos de mulheres, antirracistas, e em Defesa do Estado Democrático de Direito.

ZÉIS
Artista da cena contemporânea cearense e transita por diferentes linguagens artísticas tendo a música como elemento disparador de sua trajetória. Cantor, compositor e ator formado em Música pela Universidade Federal do Ceará e em História pela Universidade Estadual do Ceará. Integra atualmente o Programa de Pós-Graduação em Artes do IFCE onde investiga as interações entre a Música e Teatro em sua obra.

LIVE SHOW TODA PARA JOÃO E MARIA
Toada para João e Maria canta e conta a história de um casal desde a primeira troca de olhares, passando pela paixão, pelo ciúme e separação, pela saudade e recomeço, até chegar às crises da meia idade, às perdas, mudanças do mundo, alegrias e medos que surgem com o passar dos dias. João e Maria tentam lidar com o tempo que não para de passar. O espetáculo tem como fio condutor canções de Chico Buarque de Holanda e citações de diversos autores, homens e mulheres especialistas nas questões do amor. O show é uma celebração à vida construída junto com a plateia e ao som de nosso Chico.

ELIARLEY OLIVEIRA.
Músico, Educador Musical, arranjador e pesquisador. Possui graduação em Música – Licenciatura pela UFCA e graduação em Ciências – Licenciatura pela URCA. Especialização em Artes, com ênfase em Música pela FAVENI. Atua como Supervisor Pedagógico da Vila da Música Monsenhor Ágio Augusto Moreira/ SOLIBEL. Além de desenvolver atividades como professor de Violão e Bateria e Grupo de Câmara de Violões.

PAULO DINIZ
Músico, gestor, produtor, arte/educador e empreendedor Cultural, Diniz foi maestro da tradicional Banda Chico Clarinete, de Tauá-Ce, atuando também nesse município como secretário de cultura em 2020.
Coordenou a Escola de Música Maria Mercedes Americano de Brito,da cidade de Ameiroz, e a Escola de Música Professora Leolina Maciel Feitosa e Castro na Cidade de Tauá . Atualmente é professor de sopros da Vila da Música no Crato e está à frente do ponto de cultura Melodias do Amanhã certificado como ponto de cultura do estado do Ceará, e maestro titular da banda de música da cidade de Nova Olinda.

ESPECIAL: TODA PARA JOÃO E MARIA
Toada para João e Maria canta e conta a história de um casal desde a primeira troca de olhares, passando pela paixão, pelo ciúme e separação, pela saudade e recomeço, até chegar às crises da meia idade, às perdas, mudanças do mundo, alegrias e medos que surgem com o passar dos dias. João e Maria tentam lidar com o tempo que não para de passar. O espetáculo tem como fio condutor canções de Chico Buarque de Holanda e citações de diversos autores, homens e mulheres especialistas nas questões do amor. O show é uma celebração à vida construída junto com a plateia e ao som de nosso Chico.

CAMERATA ÁGIO AUGUSTO MOREIRA DE VIOLÕES
Grupo de violonistas da Vila da Música, de formação discente e docente, a Camerata Ágio Moreira faz diversas apresentações em eventos de porte local e regional. Com repertório dinâmico entre o popular e o erudito, trabalhado na mais alta qualidade, o grupo tem a missão de semear a música bem tocada neste deslumbrante instrumento.

FILMES

O documentário Mestres da Cultura Cearense – a tradução das tradições, é uma realização do Instituto de Culturas Populares, idealizado por Paula Silveira e dirigido por Paulo Winz, reúne depoimentos das mestras e mestres da cultura cearense, com o intuito de fazer um registro histórico a respeito dos saberes e fazeres e, seus legados às novas gerações. O projeto é apoiado pela Lei Federal nº 14/017 (Aldir Blanc) por meio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará.

MOSTRA PRETO CONSCIENTE
DÉO CARDOSO
Mestre em Belas Artes/Cinema, pela Ohio University – EUA (2005) e graduado em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) pela Universidade de Fortaleza (2001). Também conhecido pelo pseudônimo artístico “Déo Cardoso”, possui experiência em produção audiovisual, atuando nas áreas de desenvolvimento de roteiros, direção/realização e edição/montagem de filmes para Cinema e TV, e filmes publicitários. Como docente, atua como professor de nível superior em regime integral na Unifanor Wyden nos cursos de graduação de Rádio e TV, Publicidade e Propaganda e Jornalismo,ministrando disciplinas nas áreas de Cinema/Audiovisual e Fotografia. Como cineasta, roteirizou e dirigiu diversos curtas-metragens em ficção e documentário, e recentemente realizou seu primeiro longa-metragem. Conquistou prêmios como o “Parry-Billman Fine Arts Award”, nos Estados Unidos (2005); VI Prêmio Ceará de Cinema e Vídeo (2007) e o Edital Longa-Metragem Afirmativo, do Ministério da Cultura/Ancine (2017).

PODE ME CHAMAR DE NADÍ
Filme de curta-metragem sobre uma menina que, num determinado dia, supera o racismo. Baseado em fatos reais. Escrito e dirigido por Déo Cardoso; Produção de Tamylka Viana. Estrelando Nadiézia Apolinário (Nadí), Laila Pires (Laila) e Rodger Rogério (Tapioqueiro).

SONHOS INTERROMPIDOS
Vídeo da Campanha contra o genocídio da população negra.

APUCCINO COM CANELA
Dois amigos universitários, da periferia de Fortaleza, marcam uma reunião num Café chique da cidade. A reunião muda de pauta quando um deles é confundido com assaltante.

ESPETÁCULOS

O CONTO DA MULHER ÁGUA, DA CIA. CIRCO LÚDICO EXPERIMENTAL
CLE, é uma proposição de acrobacia cênica que anuncia um percurso marcado no corpo e com o corpo. Ela desapareceu, foi vista na beira do mangue dois anos depois, virou totem quando a maré baixou, se desfez e refez em muitas. Mulheres que ultrapassam, atravessam o apagamento para emergir, para ir das nascentes às quedas das cachoeiras, para percorrer os córregos em direção ao mar. Entre o risco e a margem, uma pergunta: O que faz uma mulher desaparecer, assim como desaparecem os rios?
FRAGMENTOS PARA RESSURGIR
A obra cênica-musical Fragmentos para ressurgir, realizada em formato audiovisual, é uma convocação de mulheres símbolos de resistência através dos seus cantos. O projeto nasce a partir do desejo de conhecer e dar visibilidade as histórias de mulheres que resistiram e abriram caminhos antes de nós. Desse modo, visitamos as figuras de mulheres latino-americanas: Antonieta Noronha, Cacique Pequena, Chiquinha Gonzaga e Violeta Parra.

Centro Cultural Bom Jardim

12/11 – 16h Sexta Multi – MÃE CANIBAL E MARIA ANGULA – Edivaldo Batista
Formato: Estreia de Vídeo no YouTube.
RELEASE/SINOPSE
Nessa sessão de contos Edivaldo Batista narra duas Histórias de assombro que envolvem comida “Mãe Canibal – Conto Popular Africano; e Maria Angula- Conto Popular do Equador”. Em “Mãe Canibal a história de uma mãe que sente fome de comer carne de gente e por isso vai morar distante dos filhos pra não os devorar; na segunda História “Maria Angula a história da personagem Título que não sabendo nada sobre cozinhar acaba preparando uma refeição macabra pra seu marido. São lendas que pertencem ao rico universo da tradição oral de Países do Continente Africano e da América Latina.
MINICURRÍCULO
Sou Edivaldo Batista, ator, contador de Histórias, um homem Branco, Cis, Gay, membro da rede de contadores de Histórias do Ceará que tem a muitos anos contado Histórias para ouvintes de todas as idades, mas parte desses ouvintes tem sido crianças entre 6 a 12 anos. Durante esse percurso Teatro e Contação de Histórias tem sido duas linguagens artísticas que tenho investigado de forma prática e teórica para compor meu repertório. Dentro dos espetáculos e projetos de narração temas como a ancestralidade afro-indígena, Contos de Tradição popular, Saberes Tradicionais, Memória e Tradição, LGBTQIA+ tem estado fortemente presentes nas escolhas de repertório.

12/11 – 18h – Teatro em Pauta – ÁUDIO PEÇA BARRACÃO SAUDADE – COLETIVO INFLAMÁVEL
Formato: Estreia de Vídeo no YouTube
RELEASE: Após a implementação de um regime ditatorial, uma comunidade de sambistas se veem proibidos de festejarem o carnaval após um decreto. O trabalho busca de forma alegórica fazer um resgate do tempo, suscitando reflexões acerca da iminente política fascista que assombra o país nos últimos anos.

14/11 -16h – É o brinca convida – OFICINA BRINCANDO COM AFRICANIDADES – Lia Franco Braga
Formato: Estreia de video no Youtube CCBJ.

RELEASE:
Vamos brincar com figuras da ancestralidade africana. Ibeji ou Ibejis é um deus/orixá africano representado por duas crianças. Irmãos gêmeos negros, belos, corajosos e brincalhões. Eles, de tão espertos e espirituosos, até conseguiram enganar Icu, a morte, com um fiel e especial amigo. Querem descobrir como eles conseguiram?! Através do seu universo lúdico, mágico e rico vamos nos aventurar em um encontro permeado pelo encantamento desses dois irmãos, com afronarração de história e jogos/brincadeiras corporais, com música, teatro, corporeidades brincantes e dançantes.
Nessa oficina “Brincando com Africanidades”, crianças e adultes são convidades pela artista, educadora e pesquisadora Lia Braga (Fortaleza/CE) a divertirem-se com esse universo. A ministrante também propõe valorização acerca da cultura negra e africana em ambiência artístico-pedagógica e desde 2016 desenvolve metodologia afro-brincante, na arte e educação com crianças. A afronarração da história “Os gêmeos brincantes numa aventura dançante!”, que abre a oficina foi adaptada de um mito presente no livro Mitologia de Orixás (Companhia das Letras, 2000), de autoria de Reginaldo Prandi.
Lia Braga é artista, educadora e pesquisadora das Artes, da Educação e das Infâncias. Atriz, dançarina, contadora de histórias – foco em afronarração de histórias de Orixás -. Licenciada em Teatro pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará/IFCE. Mestra em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Autora do livro “Onde o Corpo é Jogo: Uma Mediação Lúdica na Educação Infantil” (2017), dentre outros textos e artigos publicados. Diretora e intérprete-criadora do espetáculo infantil “Axé Odara: O Encanto de Orixás” e outras produções artísticas. Criadora do canal no YouTube Lia e os Erês com teatro, dança e música para crianças. Link: https://www.youtube.com/channel/UCneMMAoo-0XgM85Sv-Z0t8g.

16/11 – 14h Ciclo de Leitura – Calu: a menina cheia de histórias e Bucala: a pequena princesa do quilombo do Cabula.
Formato: Redes Sociais CCBJ
RELEASE:
Hoje viemos trazer dois audiolivros com temática infantil e que estão disponíveis na nossa Biblioteca Digital Tocalivros. São audiolivros curtos, porém muito reflexivos e com excelentes narrativas para ouvir com sua criança!
Na primeira história, a pequena Calu quer transformar a ilha onde mora em um museu a céu aberto. Quer saber se Calu conseguiu? Se inscreva na Biblioteca Digital CCBJ e ouça na íntegra!
https://biblioteca-grande-bom-jardim.tocalivros.com/audiolivro/calu-uma-menina-cheia-de-historias-cassia-valle-luciana-palmeira-tania-champes-male
Na segunda história, conhecemos Bucala, uma menina princesa que cresce em um quilombo. A história é repleta de referências à ancestralidade e à identidade na construção de narrativas representativas da história do povo negro. Quer ouvir as aventuras de Bucala? Se inscreva na Biblioteca Digital CCBJ e ouça na íntegra!
https://biblioteca-grande-bom-jardim.tocalivros.com/audiolivro/bucala-davi-nunes-alexandra-ucanda-male
E vocês, já deram uma chance para audiolivros?

17/11 – 18h – Arte em Rede / Formação – Na panela da tradição: a cozinha afro-brasileira – Kelma ìyemoja
Formato: Estreia YouTube
RELEASE:
O webinário panela da tradição: a cozinha afro-brasileira é uma proposta de socialização dos saberes e sabores da culinária africana preservada nossos Candomblés do Ceará e resulta dos estudos, pesquisas e vivências da culinarista, consultora e estudiosa dessa cozinha. Na definição do que seria a culinária de terreiro adentra a possibilidade dialógica de elementos de outras tradições que foram incorporados a esse universo, bem como a preservação no manuseio dos elementos que compõe as comidas tipicamente africanas da região da yorubalândia na Nigéria.

18/11 – Cine Leitor – Negritude, cultura e resistência
Formato: dica de leitura nas redes sociais do CCBJ.
RELEASE:Neste episódio, Emicida e convidados falam sobre como as músicas são capazes de popularizar e recontar a história do povo brasileiro. Você com certeza já escutou “Eu Falei Faraó”, por exemplo, um dos maiores sucessos do Carnaval de Salvador, marcada pela voz de Margareth Menezes. Já parou pra pensar como canções como essa e os blocos afros da Bahia foram responsáveis por disseminar conhecimentos sobre a cultura dos países africanos?
Link: https://www.youtube.com/watch?v=xWztkTiuVxg

24/11 – 18h Quarta Livre – “EU TE BENZO, EU TE CURO – A CIÊNCIA DO GALHO NA FÉ!” – FERNANDA AZUKA
Formato: Estreia de Vídeo no YouTube CCBJ.
RELEASE: O projeto “EU TE BENZO. EU TE CURO – A CIÊNCIA NO GALHO DE FÉ!” contemplado no projeto Territórios de Criação é um mini documentário poético e histórico no formato audiovisual que aborda a prática, o ofício de cura realizado por mulheres mães de santo rezadeiras, benzedeiras e umbandistas na cidade de Fortaleza. O minidocumentário é desenvolvido a partir dos relatos de três mães de santos umbandistas: Mãe Dulcimar de Ogum, Mãe Amanda de Oxóssi e Mãe Gardênia de Iansã. Essas mulheres pertencentes às matrizes e influências africanas, têm a sabedoria para cura de males físicos e espirituais. Conhecedoras de rezas ancestrais e uma ciência que tem o costume de ser passadas entre gerações familiares que realizam verdadeiros milagres com seus galhos de arruda e guiné, banho de ervas, defumações, cachimbos, velas e orações. Dotadas de saberes específicos, com práticas pautadas na oralidade e na gestualidade e que transitam entre os planos terrestre e celeste, dialogando entre o profano e o sagrado. Que carregam consigo a fé e cura em comunhão com a força da encantaria e das entidades de umbanda. O projeto busca o debate e reflexão acerca da importância dessas mulheres como referências na construção histórica e de resistência dos Terreiros e da cultura negra no Ceará e seus ofícios de cura. Bem como dar visibilidade a umbanda no meio artístico cultural como patrimônio imaterial, tal como ampliar as vozes dessas mulheres e sua importância social, histórica e cultural como pertencentes aos povos de terreiro. Tendo em vista o seu potencial como gerador de reflexões sobre o tema e propulsor do combatendo a intolerância religiosa tão arraigada em nossa sociedade brasileira. Como ação do projeto foi aplicada primeiramente entrevista diretas, captação de imagem e som baseado em narrativas orais com essas mulheres entrevistadas, contato direto com as mães de santo umbandistas rezadeiras e benzedeiras para obtenção de informações sobre suas trajetórias de vida, suas práticas e saberes, com relação aos seus modos de executar o referido ofício, para entender como realizam as rezas, como e com quem aprenderam a fazê-las, e o que pensam a respeito de suas atividades. No segundo momento, foi realizado o tratamento desse material coletado resultando na produção de um mini-documentário “EU TE BENZO. EU TE CURO – A CIÊNCIA NO GALHO DE FÉ!”. Possibilitando através do registro das memórias dessas mulheres a criação de elementos para um debate dialógico e poético com a população colaborando para a desmistificação e desconstrução preconceituosas desse imaginário popular. Abordando as práticas de cura e processos de constituição de identidades dessas mulheres. No terceiro momento deu-se pela finalização do minidocumentário e contando com inserção de legendas recursos de acessibilidade. Constituindo-se como um material viável para sua apresentação em plataformas online bem como um material passível de interlocuções sobre a sua importância social, histórica e cultural dessas mulheres para a Comunidade Tradicional de Matriz Africana e Povos de Terreiros.

26/11 – 18h- Sexta com Dança – FUTURO? – Street Balance Crew
Formato: Estreia de Vídeo no YouTube CCBJ.
RELEASE:A tecnologia é entendida por muitos como um avanço na vida dos seres humanos, tornando a vida social mais prática, simplificando alguns processos burocráticos, facilitando a comunicação entre pessoas de diversos lugares e deixando, de certa forma, tudo mais acessível. Por outro lado, é fato de que hoje nos adequamos a um modo de viver que depende totalmente de aparatos tecnológicos, e isso também tem um lado ruim. Hoje é muito comum andarmos de cabeças baixas olhando para uma tela, e quanto mais o tempo passa, nós olhamos menos, está havendo um distanciamento da vida real e uma aproximação de tudo que é virtual. Isso afeta e afetará ainda muitas gerações, o modo como as pessoas se relacionam hoje, é bem diferente de como nossos avós se relacionam, o estilo de vida foi totalmente vinculado a um aparelho eletrônico e há diversos outros mundos vivenciados dentro dele. Não que isso seja algo totalmente ruim, mas será que nós pensamos em como estamos usando essa tecnologia? Realmente sabemos até onde podemos ir com ela? Ela está nos tornando seres humanos melhores de fato? Essas questões que vivenciamos hoje em relação ao nosso modelo de vida, são nossas motivações para esse trabalho. A pesquisa partiu de algumas profecias de Nostradamus, conspirações, textos bíblicos e notícias de cunho científico, onde trabalharemos os comportamentos dos seres humanos na atualidade junto à algumas técnicas de Danças Urbanas, trazendo uma reflexão sobre uma perspectiva do mundo no futuro. Somos jovens periféricos brasileiros e já nascemos sem muitas perspectivas, e diante do que se passa nesse momento no planeta, nos sentimos muito provocados a fazer algo que possa minimamente mudar nossa realidade local. O nosso mover se faz no cotidiano, e graças a tecnologia conhecemos as Danças Urbanas, mas hoje queremos usá-la para se pensar numa nova forma de usar da tecnologia, para que possamos de fato ter um futuro. A proposta será uma gravação desse trabalho, a partir de cenas que estão em construção através destas pesquisas dos comportamentos das pessoas que vemos hoje, como a reflexão de um andar cada vez mais robótico e de cabeças baixas olhando para um aparelho celular e esquecendo o que está vivo em volta. O olhar vazio e pouco sensitivo, a procura incisiva de registrar tudo em uma camêra e viver quase nada na vida real. O vício real em aparelhos eletrônicos acaba causando a Nomofobia e a vida vai se baseando nisso. É certo que a tecnologia veio para nos ajudar mas, com a nossa mente conectada 24 horas por dia no mundo virtual, absorvemos muitas informações, até mesmo as que não precisamos, e as que não são verdadeiras. Isso vai trazendo para o corpo uma nova forma de habitar em sociedade, um corpo atravessado pela informação excessiva só consegue reproduzir, onde há espaço para se pensar sobre o que faz no meio disso tudo? Iremos?

Mais detalhes confira a programação semanal no site do CCBJ, disponível às segundas-feiras : www.ccbj.org.br e nas redes sociais CCBJ.