Novo projeto do Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE) foi apresentado em live nesta quinta, 22/7

22 de julho de 2021 - 18:45 #

 

O Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE) – equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará) –  está na reta final das obras de modernização para receber o público com um espaço ampliado, tecnológico e multiuso. Será um dos mais modernos museus da América Latina. Enquanto aguardamos a importante entrega do Governo do Ceará para os cearenses – prevista para o primeiro semestre de 2022 -, o novo projeto do MIS-CE foi apresentado em uma live especial na tarde desta quinta-feira, 22/7, no canal do YouTube da Secult Ceará, com a presença do secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba; da coordenadora de Patrimônio Cultural e Memória da Secult Ceará, Cristina Holanda; e do diretor do equipamento, Silas de Paula, em um bate-papo com os internautas. Confira na íntegra a apresentação: https://www.youtube.com/watch?v=u0SbNOXdpjU.

 

O novo projeto do MIS contempla a diversidade conceitual, cultural e de linguagem em suas atividades. Pensado através de diversos eixos de gestão, planejamento e monitoramento de resultados, a sua maior missão é ampliar o acesso da sociedade aos bens culturais, estimulando pesquisas e atividades que preservem e difundam o patrimônio material e imaterial em conjunto com o imaginário das comunidades cearenses.

 

“Acho que hoje é uma data especial. Vimos trabalhando no desenvolvimento do projeto do MIS nos últimos 5 anos. Esse é um equipamento que se vincula à Secult desde 1980, e que está num contexto no complexo do Palácio da Abolição. O MIS é uma antiga casa residêncial do governo, que é tombada como patrimônio histórico do Ceará, tal como o próprio Palácio da Abolição, mas agora se expandiu, com um o que chamamos de anexo, um novo prédio, que abriga um conjunto de salas e espaços integrados. Gostamos de dizer que não existe política cultural de um equipamento especificamente. Existem políticas de cultura que podem ser executadas por meio dos equipamentos. Hoje estamos aqui ampliando o debate acerca do conceito, do programa e da gestão do MIS”, iniciou em sua fala de abertura o secretário Fabiano Piúba.

 

 

“O MIS reúne um conjunto de políticas culturais importantes. Há desde a política de patrimônio cultural e memória, porque o MIS é um museu, portanto está associado à construção de um patrimônio cultural e de memória social, coletiva e política. Junto a isso, também está ligado a uma política cultural de acervos. O MIS é responsável pela salvaguarda de um acervo extremamente relevante, que tem a ver com salvaguarda e composição de acervo que possam estar sendo retroalimentados no futuro. Pois pensar um museu também é pensar o futuro de uma sociedade mais justa, democrática e igualitária”, destacou o secretário.

 

Outros aspectos destacados pelo secretário para o equipamento foram sua potencialidade para o fomento às artes, para a formação e pesquisa. “O MIS é também um ambiente para a política de fomento às artes, com a música, a foto, o audiovisual, e a conexão com outras linguagens. Seja no processo de criação ou fruição. Ele é um ambiente de difusão e de circulação.Lembramos sempre que o MIS não é um museu da imagem e do som de Fortaleza, mas do Ceará. Assim, precisa se expandir e difundir para além de seu espaço físico. Mas também o MIS é um espaço de formação. Ele já tem isso na sua trajetória e será um ambiente de residências artísticas e de formação, assim como um ambiente de pesquisa e produção de conhecimento. Vamos estar realizando editais para linhas de fomento de pesquisa, sejam elas acadêmicas, de mestrado, ou doutorado, ou não acadêmicas, a partir de seu acervo. Essa mesma lógica vai servir para a Biblioteca Pública do Ceará, para o Arquivo Público, Museu do Ceará e outros equipamentos. Há também o destaque do novo ambiente arquitetônico que vai dar mais capacidade para a reserva técnica, espaços expositivos e para formação, com laboratórios multimídias. Então, quando falamos de um novo MIS, é nesse sentido de uma nova arquitetura física, mas também de uma arquitetura pedagógica, política e traduzida nesses ambientes. Teremos laboratórios com capacidade de digitalização, de restauro, e conservação, mas sobretudo de formação e ampliação para fortaleza, o ceará e o mundo. Vai ser uma grande entrega que o governador Camilo fará, em acordo com seu plano de governo, mas também com o Plano Estadual de Cultura do Ceará, visando a ampliação e reestruturação de equipamentos culturais no Ceará”, pontuou. 

 

 

Uma nova experiência

 

A coordenadora de Patrimônio Cultural e Memória da Secult Ceará, Cristina Holanda, destacou que o MIS irá proporcionar uma nova experiência no estado, ao explicar a diferença entre os museus clássicos, museus de território, museus virtuais e museus híbridos. “O MIS nos faz pensar na construção de um novo modelo de museu. Ele tem espaço físico, com a casa que foi residência do governador de estado, mas que vai ganhar uma estrutura ampliada e moderna. Abriga também uma coleção, como por exemplo o acervo de Humberto Teixeira, mas ao tempo, ele se abre pra comunidade, como um museu de território, com o público do seu entorno, para as várias faixas etárias, vários grupos, e onde a comunidade não é só público, mas vai poder também propor atividades nos espaços. Tudo se amplia com as novas mídias e tecnologia. Esse novo MIS se abre com a possibilidade de diálogo e construção de um museu que traz elementos já existentes, mas que pode se combinar em novas perspectivas, essa é uma experiência pouco vista, mas que vai ser compartilhada com todo o Ceará”, frisou a gestora.

 

 

Em direção a um futuro mais justo

 

“Em direção a um futuro mais justo” foi a frase utilizada pelo diretor do equipamento, Silas de Paula, para abrir a apresentação do novo projeto do MIS Ceará. “Trabalhamos em

ideias de propostas antigas da Secult e do Governo do Ceará. A base disso é ‘Em direção a um futuro mais justo’, pois esse museu deve ajudar na reflexão, no pensamento,

no trabalho e uma série de questões para um mundo melhor, compartilhando ideias, que é o mais importante”, destacou Silas.

 

O conceito ampliado do uso da imagem e do som também foi proposto. “O que temos que pensar hoje é ampliar o conceito de imagem e do som e pensar numa cultura visual. Cultura visual engloba práticas visuais e sonoras. Quando falamos em som, não falamos só em música, estamos falando numa arte sonora, numa poética sonora, no silêncio, em várias questões que vêm sendo trabalhadas por vários grupos. Estamos incluindo inclusive aspectos da vida cotidiana, juntamente com os processos de produção e consumo ou recepção associados”, situou o diretor do MIS. 

 

Lugar de partilha e do sensível

 

Segundo Silas de Paula, o museu público deve pertencer à comunidade, sempre em busca de diálogo e formação para o campo da cultura. “Sem a relação de pertença da comunidade para com o museu, eu não vejo futuro para qualquer museu público, não só no Brasil, mas em qualquer local do mundo. O museu deve ser um facilitador do conhecimento e lugar da partilha do sensível, em vez de um professor de verdades intemporais. O museu se relacionava antes com coleções e acervos e não com comunidades. Temos que mudar o foco, para que se relacione com a comunidade. ‘Simpoiesis’, que é o conceito que propomos para o museu, significa “fazer com”, “fazer junto”. Nada se faz por si,

nada é realmente auto-organizado. Não que você não tenha sua criação própria, mas ela deve ser debatida, compartilhada num processo criativo de formação de todas as coisas.

Essa é a grande proposta do MIS”, pontuou. 

 

“Muita gente que viaja a outras cidades, vai ao museu pela primeira vez, mas não vai ao museu de sua cidade. Temos que inverter esse processo. Teve uma jornalista que me perguntou o que o MIS tinha que outros países ou cidades não tinham. E eu respondi: o Ceará. Ninguém mais tem. Pensar nesse aspecto é fundamental. Além disso, o museu se apropria das tecnologias e lembramos que já temos uma geração nativa digital, que vai fazer parte desse processo. Devemos discutir isso, para a gente ampliar o acesso. Discutir a exibição do acervo a mais ampla e acessível possível”, comentou também.

 

Formação 

 

“A formação será um vetor fundamental do MIS. Não se trata de uma educação formal,

mas uma experimentação para ‘voar’ nas possibilidades que o MIS vai nos dar. Queremos intensificar a ideia de compartilhamento de processos e com uma mediação que permita uma democratização cultural, recebendo os diversos públicos, com cursos, mostras,

oficinas, palestras, seminários e publicações: tudo isso dentro de um planejamento que estamos fazendo”, destacou Silas de Paula.

 

Um MIS tecnológico

 

Com o novo MIS, o Ceará terá um dos museus mais modernos da América Latina. “Nós vamos ter um sistema multimídia e de laboratório tremendamente tecnológico, com área de acervo, parte de restauro, com scanners e com tudo que vai ser feito, na realidade,

teremos o melhor equipamento que existe hoje na América Latina. A grande sala de exposição do MIs poderá se transformar num cinema, numa sala educativa, uma área para show e uma área para imersão de imagens”, ressalta o diretor do MIS.

 

“Será um museu com toda tecnologia necessária para fazermos um grande trabalho. Os laboratórios serão de digitalização de acervos, com a possibilidade de conservação do acervo, revelação e ampliação fotoquímica, impressão, luminotécnica para a sala multiuso, multimídia e projeção, com TI integrada, além de contar com educativo interativo, estúdio

de vídeo e foto, e estúdio de áudio e restauro. Com isso, surge a capacidade de trabalhar uma intermidialidade híbrida, o encontro de mídias”, finalizou.