Unidade prisional recebe programação da XII Bienal Internacional do Livro do Ceará

13 de abril de 2017 - 07:00

 



A Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes é um dos espaços a receber a programação Bienal Fora da Bienal, programação que integra a XII Bienal Internacional do Livro do Ceará e promove encontros com escritos realizados fora do Centro de Eventos do Ceará. O primeiro encontro será entre o ator, cantor e escritor cearense Gero Camilo e o público LGBT que integram a unidade prisional. O encontro acontece na próxima segunda-feira, 17/4, às 10h.

A escolha do ator ocorre em virtude de sua participação no filme Carandiru, que aborda a realidade do extinto presídio paulista Carandiru. No filme, o autor interpreta o personagem Sem Chance, que se casa com uma travesti interpretada por Rodrigo Santoro.

Na última semana, os internos assistiram e discutiram o filme em uma preparação para o encontro, que será uma espécie de roda de conversa.

Para a secretária da Justiça e Cidadania, Socorro França, as ações culturais realizadas dentro das unidades prisionais cearenses são uma forma de mostrar novos mundos aos internos e apresentar um novo caminho a ser seguido após a saída do encarceramento. “Esse contato com a arte é uma forma de sensibilizá-los e trazer à tona a humanidade que há em cada um dos internos”, destaca.

A Bienal Fora da Bienal é tanto uma forma de levar as atividades do evento a outros públicos, ressaltando o caráter democrático, inclusivo e participativo da Bienal, em sintonia com a política cultural do Ceará, como de colocar em prática o tema do evento, “Cada pessoa um livro; o mundo, a biblioteca”, promovendo encontros entre pessoas de diferentes contextos, “acervos vivos” capazes de dialogar, compartilhar experiências, visões de mundo, crescer juntos, a partir de encontros que só a Bienal poderia proporcionar.

“A produção de situações de encontro para a Bienal Fora da Bienal é uma iniciativa inovadora da Bienal Internacional do Livro do Ceará”, destaca o escritor Julio Lira, da ONG Mediação de Saberes, responsável pela coordenação e pela curadoria da Bienal Fora da Bienal.

Mais programação da Bienal Fora da Bienal

Também na segunda-feira, às 16h, na Tribo dos Índios Anacé, em Caucaia, o escritor Valter Hugo Mãe conversa com a comunidade a partir do mote “Na Corrente dos encantados”. Neste dia, em parceria com o Centro Cultural Banco do Nordeste, serão disponibilizados, pelo programa Percursos Urbanos, dois ônibus saindo do CCBN Fortaleza (Rua Conde D´Eu, 560, Centro, ao lado da Catedral), com um total de 100 vagas, para pessoas que desejarem assistir ao diálogo entre os índios e o escritor. 60 vagas serão preenchidas com inscrição prévia via Internet, no site do Centro Cultural, e as demais terão inscrição por ordem de chegada na portaria do CCBN.

Na terça-feira, 18/4, às 10h, os escritores Benita Prieto e Tino Freitas vão a Itaitinga, para um bate-papo com as crianças do Instituto Tonny Ítalo. O tema é “Por livros onde as crianças podem morar”.

Na quarta-feira, 19/4, a programação da Bienal Fora da Bienal tem a escritora, bailarina e contadora de histórias Kiusam de Oliveira, de Santo André-SP, às 10h na Praça do Ferreira, em contato direto com o público do Centro de Fortaleza, e um dia inteiro de atividades em Redenção, no Campus da Universidade da Lusofonia e da Integração Afrobrasileira (Unilab), reunindo consagradas escritoras de países africanos e de outras nações que falam português. É o Encontro Oralidades & Escritas em Língua Portuguesa, que começa às 10h, com Rosalina Tavares (Cabo Verde), Geraldo Amâncio (poeta e cantador cearense), Tony Tcheka (Guiné-Bissau), Carlos Subuhana (Moçambique) e Brígida da Silva(Timor Leste). A mediação é de Manoel Casqueiro (Guiné-Bissau).

Às 14h acontece o debate sobre “A resistência da palavra nas literaturas africanas de língua portuguesa”, com Rita Chaves(Brasil), Ondjaki (Angola) e Sueli Saraiva (Brasil), mediadora.

Às 15h tem o encontro do escritor Tony Tcheka com os estudantes guineenses e às 16h a escritora moçambicana Pauline Chiziane fala sobre o tema “Mulheres, Literatura e Resistência”, com mediação da brasileira Luana Antunes.

Na quinta-feira, 20/4, a programação da Bienal Fora da Bienal continua em Redenção, na Unilab. Às 10h acontece a “Oficina Corporeidade Poética: Transcendendo o Corpo partindo da Ancestralidade Africana”, com Kiusam de Oliveira, no Pátio Campus Palmares.

ÀS 10h tem a mesa de escritores da Fundação Palmares, sobre a Editora Nandyala (Redenção) e as obras “Água de Barrela”, de Eliane Alves dos Santos Cruz (Brasil), “Haussá 1815”, de Júlio César Farias de Andrade (Brasil), “Sobre as vitórias que a história não conta”, de André Luís Soares (Brasil), “Sina Traçada”, de Maria Custódia Wolney de Oliveira (Brasil), “Sessenta e seis elos”, de Luiz Eduardo de Carvalho (Brasil), “Adjoké e as palavras que atravessaram o mar”, de Patrícia Matos (Brasil). A mediação é da brasileira Sueli Saraiva.

Às 19h30 acontece a conferência “A Construção da Guineidade”, com a escritora Moema Augel, doutora em Literaturas Africanas pela UFRJ.

Na sexta-feira, 21/4, às 16h, a Bienal Fora da Bienal acontece na praia do Titanzinho, no bairro Vicente Pinzon, com o escritor pernambucano André Neves, autor e ilustrador de livros infantis, propondo um bate-papo a partir do mote”Cadernos de areia em uma Fortaleza escondida”, em “Uma conversa à beira-mar”.

No sábado, 22/4, serão duas atividades da Bienal Fora da Bienal: na Vila do Mar, no Pirambu, à 16h, o escritor Daniel Galera põe os pés na areia e os braços n´água para conversar com os moradores a partir do mote “O coração do mar é o vento” em “Uma roda de conversa no mar”. Já às 19h, no Cuca Jungurussu, o consagrado Ignácio de Loyola Brandão fala sobre “A literatura como modo de rebeldia urbana”.

No domingo, 23/4, às 9h, no último dia de Bienal, a programação especial fora do Centro de Eventos do Ceará  será uma pedalada literária e artística, do Mucuripe ao Poço da Draga. O tema é “Alegria é a prova dos nove: pedalando com Frida Kahlo” e a convidada especial éIzabel Gurgel, jornalista, ex-diretora do Theatro José de Alencar. O passeio se inicia na área dos barcos no Mucuripe e segue até o Pavilhão Atlântico, no Poço da Draga, Praia de Iracema.


Bienal no Sobrado José Lourenço

A exposição “Biwá”, no Sobrado José Lourenço, da artista quilombola Claudia Oliveira, também integra a programação da Bienal Fora da Bienal. A abertura acontece no sábado, 15/4, às 10h, no Sobrado (Rua Major Facundo, 154, Centro, e segue aberta ao público, com entrada franca, ao longo de todo o período da Bienal, de segunda a sábado.


Mais sobre a Bienal

Referência no calendário cultural nacional, a XII Bienal Internacional do Livro do Ceará é um grande espaço de encontros entre diversos públicos e grandes autores e convidados do Ceará, do Brasil e do mundo, promovendo a reinvenção da vida por meio da arte, do conhecimento, da palavra em seus múltiplos meios e possibilidades. Com o tema “Cada pessoa, um livro; o mundo, a biblioteca”, esta nova edição da Bienal, com o renomado escritor Lira Neto assinando a coordenação da curadoria, da também integrada por Kelsen Bravos e Cleudene Aragão, é um momento de culminância da política estadual de livro, leitura, literatura e bibliotecas, de acordo com as diretrizes  de democratização do acesso à cultura e à arte, valorização da produção cearense e diálogo com o Brasil e o mundo. Sempre com grande participação popular.

A Bienal Internacional do Livro do Ceará, sob a coordenação geral de Mileide Flores, livreira e coordenadora de Políticas para o Livro, Leitura, Literatura, Bibliotecas e Acervos da Secult, mobiliza a atenção do mercado editorial de todo o País, que investe na exposição de seus principais lançamentos e incentiva a presença de celebridades literárias de renome nacional e internacional, para diálogo direto com o público cearense, ao longo de dez dias de evento, durante os quais são esperadas centenas de milhares de pessoas. Um grande encontro com foco no desenvolvimento da economia criativa do livro, na promoção da leitura, na formação de leitores e na amplitude e alcance de suas ações, por meio da Bienal fora da Bienal.

Com uma programação extremamente ampla, diversificada, ousada e que tem a qualidade por prioridade, a partir do tema que propõe itinerários por entre os acervos formados por cada pessoa e a biblioteca composta pela interação da sociedade, a Bienal oferta ao público atrações de natureza artística e literária, incluindo encontros entre autores, palestras, mesas-redondas, conferências, oficinas, contações de histórias, lançamentos de livros e outros eventos. Sempre tendo a palavra como fio condutor, mas de modo aberto a todos os meios e possibilidades, com o livro e para além dele. Uma programação democrática e de acesso gratuito, contemplando todos os públicos – infantil, juvenil e adulto – e inúmeros temas e áreas de interesse.