Reunindo documentário, feira vegana e música de vinis, o Museu da Imagem e do Som realiza nesta sexta-feira, 9/9, às 18h, a III Edição do Gastrocine

8 de setembro de 2016 - 14:39

 

O Museu da Imagem e do Som, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, realiza nesta sexta-feira, 9/9, às 18h, a III Edição do Gastrocine. Na versão atual “vegana”, a atividade inclui a exibição do documentário “A Conspiração da Vaca”, de SKip Andersen, EUA, 2014, 85 min, e ainda uma Feira Gastronômica livre de produtos animais, acompanhada da discotecagem no vinil com o DJ Tomé.

O Gastrocine é um projeto que ocorre uma vez por mês, sempre na segunda sexta-feira do mês, no Pátio MIS, na Av. Barão de Studart, 410. A atividade é aberta ao público e pode ser conferida a partir das 18h.

+ Últimos dias no MIS

A exposição “Orson Welles entre os povos do mar”, com 25 fotos de Chico Albuquerque, segue até dia 10/9, com entrada franca, no Pátio MIS. No equipamento desde a inauguração no museu, a exposição “Orson Welles entre os Povos do Mar” une a obra do cineasta norte-americano e trabalhos do fotógrafo cearense Chico Albuquerque.

Welles e Chico Albuquerque


Em fevereiro de 1942, o jovem cineasta norte-americano Orson Welles, depois de impactar, no ano anterior, com seu filme Cidadão Kane, desembarca no Brasil para rodar dois episódios de “It’s all true”  (É tudo verdade), para assim completar a trilogia iniciada no México. O primeiro episódio brasileiro era sobre o carnaval carioca, com cenas filmadas em vários locais da cidade. As tomadas com Grande-Otelo tornaram-se  antológicas. O segundo uma homenagem aos quatro jangadeiros cearenses, Manuel Olímpio (o Jacaré), Jerônimo de Sousa, Raimundo Lima e Pereira da Silva. Em 1941, Welles tomara conhecimento da saga dos quatro feita por mar – de Fortaleza ao Rio de Janeiro  – para reivindicar de Getúlio Vargas os prometidos direitos previdenciários.

Mas o original do inacabado “It’s all true” nunca foi lançado. Seus problemas começaram com uma briga com Getúlio Vargas e com o financiador do projeto, Nelson Rockefeller. Welles, nesse ínterim,  opta por uma nova narrativa voltada para as péssimas condições de vida dos jangadeiros. Com isso, Welles segue para o Ceará, onde permanece mais de um mês, rodando um novo roteiro, fruto do seu convívio com os povos do mar do Mucuripe, com pescadores que jamais tinham visto um filme na vida. Com um orçamento reduzido e uma pequena equipe, registra a jornada de uma pesca e o trabalho das rendeiras, encena a morte de um jangadeiro no mar, seu funeral e o futuro incerto da jovem viúva. Sua obra é vista como precursora do neorrealismo italiano utilizado por cineastas do pós guerra na Itália, com atores não profissionais advindos do próprio povo, locações reais, justamente na linha oposta ao glamour hollywoodiano. Welles não finaliza sua obra, confiscada pela RKO Pictures, empresa da família Rockefeller e detentora dos direitos do filme.

No Ceará, dá-se o grande encontro do experimentalismo irrequieto de Welles com a poética visual do jovem fotógrafo Chico Albuquerque, convidado para o registro (still) das cenas do novo projeto, unindo-os indelevelmente no mundo das artes visuais. O fotógrafo cearense começava, então, uma grande e reconhecida carreira.