Com apoio da Secult, Fórum do Pensamento Crítico de Fortaleza é marcado por uma noite de reflexões e debates no anfiteatro Dragão do Mar
Com o tema “É possível uma sociedade mais justa?”, o encontro “O Sonho Não Acabou – Fórum do Pensamento Crítico de Fortaleza”, realizado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), abordou aspectos da sociedade contemporânea, dentre os quais, o consumo e a produção cultural. A programação, que aconteceu na noite desta quinta-feira (3/9), no anfiteatro do Centro Dragão do Mar, contou com a participação do ex-senador Eduardo Suplicy, atual secretário de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo, e Ivana Bentes, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.O secretário da Cultura do Estado do Ceará, Guilherme Sampaio, o secretário adjunto da Secult, Fabiano dos Santos Piúba, além de vários produtores culturais, militantes políticos, estudantes e professores acompanharam a primeira edição do evento.
“Uma das ideias que preencheram fortemente os meses de diagnóstico da política cultural foi a necessidade da Secult resgatar um protagonismo para se criar espaços de debates conceituais a respeito da política cultural e da macropolítica. Quando, através do Instituto de Arte e Cultura do Dragão do Mar, a Secretaria apoia a realização desse fórum de pensamento crítico, nós estamos indo ao encontro dessa necessidade. Aqui estão grandes debates, pensamentos e diálogos com a sociedade que discutem os paradigmas sob os quais nos construímos nossa política cultural.”, destacou Guilherme Sampaio, relembrando as ações da secretaria nos primeiros meses deste ano que buscaram a realização de um diagnóstico da cultura cearense.
O secretário também ressaltou a importância da presença de jovens na plateia, lembrando que a utopia política é necessária. “O que está posto aqui é um diálogo sobre uma certa utopia perdida. Vemos que é necessário superar as crises contemporâneas: as crises do sistema econômico e a crise ambiental. E, nesse campo, a política cultural é muito fértil para descongelar as ideias e favorecer a reflexão sobre novos paradigmas como a organização da atividade econômica, a relação do trabalho na sociedade, a relação com os movimentos sociais e com um novo tecido político. Portanto, é um momento extremamente qualificado e promissor que a Secretaria da Cultura, através do Dragão do Mar, proporciona à sociedade cearense”, comentou.
É possível uma sociedade mais justa?
Em uma noite de conversas descontraídas, às vezes bem humoradas, os convidados Eduardo Suplicy, secretário de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo, e Ivana Bentes, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, abordaram assuntos cruciais para se pensar a sociedade que queremos para o futuro: mais igualitária e mais justa.
“Se tem um lugar que pensa ainda que o sonho não acabou, eu vou correndo para lá”, assim começou sua fala a convidada Ivana Bentes, elogiando a iniciativa do evento. Segundo ela, apesar de vivermos momentos de conservadorismo, onde a mídia criminaliza a política e o Estado, algumas novidades da contemporaneidade como o poder das redes sociais em pautar as discussões políticas e a economia colaborativa existente no campo cultural são experiências resistentes para se observar e elaborar caminho para uma sociedade mais justa.
“Temos um modelo de desenvolvimento que chegou no seu limite. É preciso sair dessa bolha de pessimismo construída artificialmente”, disse se referindo à construção da informação pela mídia. “É preciso que Estado e sociedade se unam. O Estado isolado vira refém das forças conservadoras”, concluiu.
Já o ex-senador Eduardo Suplicy, muito aplaudido, conseguiu arrancar sorrisos do público por seu carisma, histórias e ensinamentos durante sua fala. Em sua primeira vez no palco do anfiteatro do Centro Dragão do Mar, ele saudou os presentes e logo mencionou o tema do evento como resposta a um questionamento interno. “O sonho acabou? Para mim, eu continuo sonhando!”, observou ao começar a contar a história de sua formação.
“Meus pais tiveram uma coisa que me marcou: o profundo respeito às pessoas. E havia um ensinamento na família: o sentimento de respeito deveria ir para além do muro de nossa casa”, contou cativando o público como uma introdução à sua fala.
O atual secretário de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo compartilhou com o público o momento em que, na sua adolescência, refletia sobre a justiça social. “É preciso uma sociedade mais igualitária, mas sem cessar nossa liberdade”, pontuou relembrando seu pensamento.
A noite de debate aberto ao público, transmitida ao vivo na Internet pela Fundação Perseu Abramo, renderam perguntas do público e discussões sobre as manifestações atuais no Brasil, a imprensa, a economia e a cultura do País, reforçando a participação dos presentes.