Secult promoveu “Diálogos Culturais” em Fortaleza, com intensa participação em mais de cinco horas de debate
5 de fevereiro de 2015 - 08:48
O segundo encontro “Diálogos Culturais”, promovido nesta quarta-feira, 4/2, pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, lotou o espaço montado na Praça Verde do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, com intensa participação de artistas, produtores, gestores, técnicos, educadores, formuladores e articuladores do campo artístico e cultural. Foram mais de cinco horas e meia de debate, com o secretário da Cultura, Guilherme Sampaio, apresentando as primeiras ações e diretrizes da Secult e recebendo sugestões, demandas, avaliações e propostas para as políticas públicas de cultura do Estado.
O grande encontro incluiu representantes de diversas gerações, de diferentes linguagens artísticas e setores da sociedade, de moradores de Fortaleza e de municípios do Interior. Iniciado pouco depois das 17h desta quarta-feira, o debate contou com intérpretes de Libras e foi transmitido ao vivo, via Internet, através do site www.secult.ce.gov.br e da página da Secult no Facebook.
Mesmo com o encontro se estendendo até mais de 23h, muitos participantes permaneceram até o final do evento, discutindo temas tão diversos quanto os editais de fomento, os equipamentos culturais do Estado, o orçamento para a cultura, as ações de formação e difusão, os Pontos de Cultura, o patrimônio material e imaterial, a legislação cultural, o protagonismo e a afirmação da riqueza da cultura e da arte no Ceará.
Em sua exposição inicial, o secretário Guilherme Sampaio destacou o compromisso do governador Camilo Santana em ampliar o orçamento da Secult para o equivalente a 1,5% do orçamento estadual, ao final de quatro anos, e a necessidade de a Secretaria se estruturar, em termos de equipamentos e pessoal, para viabilizar a devida execução desse orçamento, cinco vezes maior que o atual.
O fortalecimento das políticas culturais no Interior, a rearticulação do Fórum de Secretários Municipais de Cultura, o fortalecimento do Conselho Estadual de Política Cultural, a construção de quatro centos culturais e de 13 escolas profissionalizantes de caráter cultural, no Interior, foram compromissos nesse sentido ressaltados na fala do secretário.
Amplo movimento pela cultura
Durante o “Diálogos Culturais”, que em Fortaleza contou com intervenções artísticas do acordeonista Rodolfo Forte, do bandolinista Macaúba, dos dramaturgos Ricardo Guilherme e Tiago Arrais, da bailarina e coreógrafa Silvia Moura, do cantor, compositor e educador Parahyba e do artista visual Gabriel do Grafite, o secretário Guilherme Sampaio enfatizou a importância de um grande pacto em prol da afirmação da cultura cearense e do fortalecimento das políticas públicas para a cultura no Estado, com responsabilidades compartilhadas. “O avanço nas políticas públicas de cultura não se fará sem um amplo envolvimento dos artistas, dos gestores, dos pesquisadores, enfim, de todos que são ou não do campo cultural”, frisou o secretário.
O encontro, que prestou homenagem ao poeta Mario Gomes, ao ator Sidney Souto, ao artista plástico Estrigas, ao jornalista e dramaturgo Guilherme Neto e aos mestres Antônio Aniceto e Sebastião Chicute, também colocou em pauta a democratização e a descentralização das ações da Secult, tanto quanto a uma maior presença na periferia de Fortaleza e nos municípios do Interior quanto com o desenvolvimento de ações conjuntas com outras secretarias do Governo do Estado e outras instâncias do Poder Público e da sociedade civil.
“O público-alvo das políticas de Cultura não são somente os artistas e produtores. São todos os cearenses que devem ter a oportunidade de conhecer e usufruir a rica produção dos nossos artistas”, pontuou o secretário. “Para isso, precisamos de uma Secretaria forte tanto no conteúdo e na formulação da política cultural, como também na gestão”, acrescentou Guilherme, citando o compromisso de realizar o primeiro concurso público da história da Secult e sintetizando: “É tempo de afirmação da cultura cearense. A partir daqui, nossa intenção é fazer vários momentos, chamados ‘Diálogos Culturais’, com segmentos e grupos específicos. Vamos seguir nesse processo”.
O novo secretário adjunto da Cultura do Governo do Estado, Fabiano dos Santos Piúba (ex-integrante da equipe do Ministério da Cultura), o presidente do Instituto Dragão do Mar, Paulo Linhares, e o coordenador do Comitê de Cultura, Tiago Santana, também participaram da reunião, em que foram destacados compromissos para os primeiros 100 dias de gestão, como implementar a programação permanente do Cine-teatro São Luiz e iniciar a reforma geral da Biblioteca Pública Menezes Pimentel.
Participação intensa
Representantes dos mais diversos segmentos e manifestações da cultura e da arte compuseram o debate, fazendo perguntas, sugestões, avaliações e propostas ao secretário, que respondeu a cada participante. “As pessoas querem arte, precisam dela pra acabar com a dureza desse mundo em que estamos vivendo. Cabe então à Secretaria e ao Governo do Estado fazer dignamente a sua parte, porque a nossa estamos fazendo”, afirmou Silvia Moura.
“É preciso que o Estado tenha um olhar para aquilo que realmente depende do Estado, independentemente de mercado, independentemente das demandas”, apontou, por sua vez, Ricardo Guilherme. “Já é uma vitória estarmos aqui. Fico super feliz de você se dispor nos ouvir tanto tempo. Um encontro como esse tem muitas inspirações individuais sim, e elas são necessárias sim”, asseverou a bailarina e coreógrafa Valéria Pinheiro, demandando da Secult interlocução com outras secretarias estaduais, para garantir mais segurança no entorno do Centro Dragão do Mar, e mais atenção aos pequenos espaços culturais de Fortaleza, cerca de 320 casas de capacidade entre 50 e 300 pessoas.
Diretora de Cultura da Liga Esportiva e Cultural do Poço da Draga, Noélia dos Santos demandou maior integração entre os equipamentos culturais e a comunidade, mais “preocupação de conhecer a comunidade no real, quais os movimentos culturais que tem, como sobrevivem”. Marcos Vidal, ator transformista, relatou avanços mas avaliou ser necessário ir além. “Nos últimos anos conseguimos levar nossa arte a um maior público, mas percebemos que precisamos crescer mais. Não queremos ficar restritos à pasta de Direitos Humanos. Somos produtores culturais”.
Escritor, dramaturgo e pesquisador, Oswald Barroso cobrou uma crítica às políticas culturais no Ceará e conclamou o secretário Guilherme Sampaio a se somar a um movimento pelo retorno do ensino, nas escolas e universidades, sobre a arte produzida no Ceará. Christie Bechara ressaltou a importância de os eventos e editais da cultura incluírem ações de sustentabilidade ambiental. Rafael Saldanha reivindicou mais oportunidades de formação e trabalho para os produtores culturais.
Participaram ainda do “Diálogos” nomes como a produtora Eugênia Nogueira, o cantor e compositor Edmar Gonçalves, o professor universitário e pesquisador Márcio Acselrad, o cineasta e integrante do Fórum do Audiovisual Victor Furtado e o cantor e compositor Eugênio Leandro, entre vários outros.
Reunião e registros
Assim como aconteceu na última segunda-feira no Cariri, a realização do “Diálogos Culturais” em Fortaleza foi precedida de uma reunião do secretário Guilherme Sampaio com secretários municiais de Cultura. O encontro aconteceu na manhã desta quarta-feira, na sede da Secult. Os vídeos das duas edições do “Diálogos Culturais” (Crato, 2/2 e Fortaleza, 4/2) estão disponíveis na página da Secretaria no Facebook.
Entrevistas/mais informações:
(85) 8699-6524 – Dalwton Moura
(85) 8829-8222 – Clovis Holanda
(85) 3101-6761 / secultmkt@gmail.com
Fotos: Divulgação/Secult/Felipe Abud