Encontro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em parceria com a Unilab, acontece durante Bienal do Livro
9 de dezembro de 2014 - 22:48
Foto: Felipe Abud/Secult
Escritores de São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Portugal estiveram reunidos na Bienal do Livro para participarem da mesa-redonda de tema “Português: língua oficial?”. A mesa fez parte parte da programação do Encontro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em parceria com a Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Desde ontem, 9/12, o encontro vem promovendo uma programação especial. Nesta quarta-feira, os escritores participantes irão se reunir na Unilab, como continuidade do encontro.
A mesa, proposta pela Unilab, abordou o tema da língua portuguesa enquanto língua oficial de diversos países. Mesmo sendo única, os escritores comentaram sua diversidade quando falada ou escrita nos seus países de origem. Segundo eles, há um esqueleto comum nas línguas dos países, mas, mesmo assim, em cada uma, existem particularidades.
Os convidados da mesa, que aconteceu na sala 2 do segundo mezanino do Centro de Eventos, foram os escritores Manuel Casqueiro (Guiné-Bissau), Nuno Camarneiro (Portugal), Emílio Tavares Lima (Guiné-Bissau) e Goretti Pena (São Tomé e Príncipe), com mediação da Profª Drª Claudia Ramos Carioca (Unilab).
“No Brasil nós temos a utopia de que a língua é única. Ela não é. Nos países aqui representados eles tem uma outra realidade. Eles convivem com várias outras línguas e dialetos”, alerta a Profª Claudia Ramos. Sua opinião é aceita e compartilhada de forma positiva entre os escritores dos países representados.
Logo o acordo ortográfico, que passou a vigorar no Brasil e em todos os países da CPLP, desde 2009, entrou como questão central no debate. Segundo os autores, ao mesmo tempo que o acordo vem para unificar, ele empobrece as línguas dos países.
“Acho uma violência obrigar as pessoas a escreverem do jeito que está no acordo. O problema da língua não é a grafia. O nosso verdadeiro problema é conquistar novos leitores. Mas nós queremos resolver tudo por decreto”, critica o escritor português Nuno Camarneiro.
A acadêmica também aproveita para apontar outras falhas na elaboração do acordo. “Acho que nosso intuito é fazer com que as obras de língua portuguesa circulem com facilidade nos países. E o acordo por si só não faz isso. O fato é que o povo e o estudiosos da língua não foram consultados. Foi uma unificação forçada”, acrescenta.
Para a próxima edição, os participantes pretendem aprofundar a discussão em torno das políticas públicas voltadas à circulação da obras de escritores dos países de língua portuguesa. Convidar representantes dos governos locais para participarem do debate é outra meta do grupo.
Bienal fora da Bienal
O Encontro CPLP-Unilab começou nesta segunda-feira, 8/12, dentro da programação da Bienal. Até quarta-feira, 10/12, o encontro continua, mas fora do Centro de Eventos. Os escritores irão para a sede da Unilab, em Redenção, para conhecer a universidade e para participar de uma roda de conversa dentro do projeto Café com Letras, a partir de 16h. “Será uma Bienal fora da Bienal”, destaca a Profª Drª Claudia Ramos Carioca.