Oficinas movimentam XI Festival Música na Ibiapaba. Evento acontece em nove cidades

16 de novembro de 2014 - 20:42

A formação de educadores foi um dos destaques nos dois primeiros dias do XI Festival Música na Ibiapaba, realizado pela Secretaria da Cultura do Governo do Estado (Secult) e pela Associação dos Produtores de Discos do Ceará (Prodisc). Nete domingo, 16/11, os professores participantes do Festival concluíram a oficina “Educação e Música – Formação Para Professoresl”, ministrada pelo professor e integrante da curadoria do festival José Brasil, no clima convidativo da histórica cidade serrana, Viçosa do Ceará. Circulando por várias cidades da região de Ibiapaba a partir desta segunda-feira, o festival segue até dia 22/11, com várias oficinas de formação musical e shows com artistas do Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro.

Em Viçosa, quem primeiro participou das oficinas de formação foram os educadores. Vindos de Fortaleza e Croatá, os 12 professores acompanharam uma vivência intensiva de dois dias aprendendo técnicas de docência voltadas principalmente para o ensino de jovens e crianças. Além de aprender a teoria com o professor José Brasil, eles praticaram dinâmicas musicais que envolveram questões rítmicas, visuais e motoras. Segundo Brasil, um dos objetivos da oficina é “estimular a criatividade dos professores para que eles possam utilizá-la em sala de aula”.

Os resultados das aulas foram aprovados pelo clarinetista Leuciano Rodrigues, 21, que ensina no projeto Vamos Fazer Arte, da Associação Arte em Pauta de Croatá. “Eu gostei das práticas usadas. Estou cheio de ideias na cabeça. Muitas vezes a gente sabe a teoria, mas não sabe como repassar o que aprendemos, não temos metodologia. Acho que a oficina contribui nesse sentido”, avalia o músico.

O maestro da Orquestra Filarmônica Estrelas da Serra de Croatá, Hélio Bezerra, também destacou a importância da formação para professores: “A oficina está sendo proveitosa para gente que trabalha com crianças e jovens. Como todo artista do Interior, temos uma carência de formação. A oficina vem para somar, para proporcionar recursos. Uma oficina como essa deve ser bem aproveitada pelos educadores”.

Regendo a orquestra, que já formou mais de 50 jovens músicos do interior do Estado, e que se apresentou na edição de 2011 do festival, o maestro aponta a importância de sua formação desde as primeiras edições do evento: “Se hoje sou maestro é devido às oficinas do festival, às conversas com os professores e músicos. Eu, enquanto parte também da plateia do festival, percebi as inovações, as melhorias que deveria desenvolver enquanto profissional. Acho que o evento aborda esse campo de uma maneira geral: tanto instruindo em sala de aula, quanto na formação de plateia. É uma formação completa”, ressalta. “Na nossa apresentação ano passado no festival, fiz questão de agradecer muito a esse festival que participo desde 2004”.

Ibiapaba: uma relação de longa data

Quem também participou da oficina foi a cantora e professora de canto Lia Veras, que esteve presente a quase todas edições do festival. Tendo construído uma relação de longa data com o evento, ela conta como foram suas primeiras participações: “Comecei participando como aluna. Sempre fazia oficina de regência de coro infantil porque trabalhava com isso. Também fiz aulas de prática de grupo vocal e laboratório coral. Só vim fazer aula de canto no festival em 2011, porque sempre as outras oficinas me atraiam mais”.

Depois de passar anos tendo contato com vários músicos e professores do festival, Lia passou a assumir outras funções dentro da programação do evento. Já foi produtora e cantora convidada na edição de 2013. Agora, será professora da oficina de canto popular, que será ministrada em Croatá.

Sobre sua participação na produção do evento, Lia relembra que o formato do festival se assemelhava com o de atualmente: “Em 2008, fui convidada para fazer parte da equipe de produção do festival. Lembro que neste ano o festival teve um formato parecido com o de agora. Uma semana antes dele acontecer, passávamos por todas as cidades da serra para realizarmos uma programação de iniciação musical”. Ela finaliza: “Achei muito legal que neste ano as atividades tenham voltado a passar pelos municípios”.

Primeiro dia de Festival

No sábado, 15/11, o dia na serra foi animado. Enquanto os professores receberam a primeira aula de formação voltada para a pedagogia do ensino da música, o público infantil pôde aprender sobre musicalização e construir instrumentos com materiais alternativos, como garrafas pet, canos de PVC e tampas de garrafa, na oficina do músico, ator, luthier, compositor e brinquedista Marcos Melo. Depois de construírem seus instrumentos junto ao professor, as 20 crianças participantes da oficina fizeram um cortejo pela rua do Centro de Integração da Cidadania, onde foi realizada a oficina em Viçosa.

Letícia Ribeiro, de 10 anos, construiu um chocalho de garrafas plásticas e disse ter adorado participar da oficina: “Eu amo música. Onde tiver música eu vou. Aprendi muitas coisas aqui”. “Aprendemos a fazer apito de palito, a construir pandeiro e tambor. O bom é que a gente faz o instrumento e fica para a a gente. Eu gosto de música porque é divertido, tem ritmo e faz a gente dançar”, completa sua colega, Ana Cecília Sousa, da mesma idade.

Expectativas para segunda-feira

Nesta segunda-feira começam as oficinas nos municípios de Tianguá, Ubajara, Ibiapina, São Benedito, Carnaubal, Guaraciaba do Norte, Ipú, Croatá e Sobral, que, de forma intensiva, serão ministradas até o dia 20/11. As oficinas são voltadas para a prática instrumental de vários instrumentos como sopros, cordas e percussão. Há ainda oficinas de canto coral e construção de instrumentos.Os resultados das oficinas serão apresentados na culminância do festival, no último dia do evento, em Viçosa. Durante os dias 21 e 22, também acontecerão grandes apresentações na cidade.

O professor José Brasil, também diretor da Escola de Música de Sobral e curador do festival, destaca a grande expectativa não só dos estudantes e músicos participantes do festival, mas de outros profissionais que contribuem diretamente para que as apresentações musicais aconteçam. Nesta edição, o festival traz uma oficina dedicada à formação de técnicos de som. “Vimos que seria necessário incluir uma oficina de operador de som, uma vez que o festival desde o início tem contribuído para toda uma cadeia de produção da música, que passa não só pelos próprios músicos, mas diversos profissionais envolvidos” – comenta Brasil. A oficina acontece entre os dias 17 e 20/11,em Sobral.

Para garantir a participação dos estudantes, as equipes da Secult e da Prodisc têm firmado parcerias com as Prefeituras da região. Além de cederem espaços para a realização do festival, as secretarias de Cultura locais têm se mobilizado para divulgar o evento.

“A mobilização do público é muito importante. Estamos entrando mais uma vez em contato com as Prefeituras para que haja maior participação população no festival, tornando-o mais democrático”, ressalta Valéria Cordeiro, da Prodisc. Ela lembra também que, em algumas cidades, estão disponíveis vagas para quem ainda deseja participar das oficinas gratuitas do festival. Para mais informações, basta consultar as secretarias de Cultura locais.

Programação do festival

Depois das oficinas destes sábado e domingo, em Viçosa do Ceará, a partir de segunda-feira, 17/11, o Festival Música na Ibiapaba se espalhará entre os municípios da região. Com uma programação diversa e gratuita de shows, oficinas e cursos de teoria e de prática musical, o festival mantém sua característica de um evento de formação musical, oferecendo aos participantes a oportunidade de convivência com instrumentistas, intérpretes, pesquisadores e professores, cearenses e de outros estados. Haverá ainda shows de artistas como os cantores Marcos Lessa e Lídia Maria, além de grupos do Ceará, do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Já os dias 21 e 22 serão destinados às apresentações finais dos alunos. No sábado, 22/11, será mostrado, em Viçosa do Ceará, o resultado do intercâmbio de experiências musicais e do trabalho realizado durante as aulas. Estudantes, professores e grupos musicais de renome nacional e regional estarão dividindo os palcos do Theatro D. Pedro II, da Igreja da Matriz e da Igreja do Céu.

Ao todo, Viçosa do Ceará, Croatá, Carnaubal, Guaraciaba do Norte, Ibiapina, Ipu, São Benedito, Tianguá, Ubajara e Sobral sediarão 40 oficinas de música. Cada município receberá quatro oficinas musicais, ministradas por professores selecionados pela equipe responsável pela curadoria do evento. Cada cidade também contará com a realização de um show, em formato acústico.

1.200 vagas para estudantes

O festival disponibiliza 1.200 vagas para estudantes de música que queiram participar das 40 oficinas. As vagas foram preenchidas com prioridade para inscritos residentes nos municípios que sediam o festival. Para cada oficina, 10 vagas estão sendo destinadas a estudantes provenientes de municípios-sede e cinco vagas serão para os estudantes de outras cidades.

A escolha dos professores para ministrar as oficinas do festival foi feita via seleção pública. Cada professor atuará em um município, onde deverá formar duas turmas: uma pela manhã e outra pela tarde.

Oficinas e instrumentos

As oficinas do XI Festival Música na Ibiapaba estão divididas em nove categorias: instrumento de sopro, canto, instrumentos de cordas friccionadas, instrumento de corda popular, percussão (bateria e percussão), teclados, prática de conjunto, formação de professores de música e empreendedorismo (produção, comunicação e negócios em música).

Para que houvesse a definição das oficinas realizadas, a equipe da Coordenadoria de Ação Cultural (Codac) da Secult e a Comissão de Curadoria do Festival entraram em contato com os professores de música dos municípios para ouvir sugestões de cada um deles. O objetivo foi levar oficinas específicas, em sintonia com a vocação e a necessidade de formação em música, em cada cidade.  A Comissão de Curadoria do festival, neste ano, é composta por José Brasil Filho, diretor da Escola de Música de Sobral; Ivan Ferraro, diretor da Feira da Música de Fortaleza e presidente da Prodisc; e Alfredo Barros, professor da Universidade Estadual do Ceará e idealizador e regente da Orquestra Sinfônica da Uece (Osuece).

Serviço:

XI Festival Música na Ibiapaba

De 15 a 22 de novembro, em Viçosa do Ceará, Croatá, Carnaubal, Guaraciaba do Norte, Ibiapina, Ipu, São Benedito, Sobral, Tianguá e Ubajara.

Realização: Secretaria da Cultura do Governo do Estado do Ceará e Prodisc.

Parceria: Prefeituras dos municípios participantes.

www.festivalmusicaibiapaba.com.

Informações: 3262-5011.