Casa de Juvenal Galeno foi grande sustentáculo da cultura cearense, diz Adísia Sá

4 de junho de 2014 - 17:04

A escritora e jornalista Adísia Sá integra agora a galeria de honra da Casa de Juvenal Galeno, juntando-se ao pesquisador e poeta Carneiro Portela, ao jornalista e agitador cultural Cláudio Pereira, ao poeta Patativa do Assaré e à escritora Rachel de Queiroz, entre muitos outros nomes de forte expressão nas artes, em especial nas letras, e que contribuíram ou ainda contribuem para o desenvolvimento da casa, seja pelo próprio trabalho desenvolvido ou pela divulgação do equipamento. A homenagem a Adísia Sá foi realizada na manhã dessa quarta-feira (4), no centro cultural instalado na Rua General Sampaio, 1128, e mantido pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará.

Além da aposição da foto na galeria de honra da Casa de Juvenal Galeno, a jornalista recebeu uma medalha da Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno, da qual é sócia efetiva, e muitas palavras elogiosas. Em resposta, ela enalteceu a importância de Juvenal Galeno e Henriqueta Galeno para a cultura cearense. A residência foi construída em 1886 pelo poeta e transformada em centro de cultura em 1919 pelas filhas Júlia e Henriqueta, sendo esta também responsável pela criação da Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno em 1936 e merecedora de um texto biográfico escrito por Adísia Sá e que integrou o volume 2 do livro Mulheres do Brasil, em 1971 – Henriqueta foi poeta, ensaísta e uma mulher à frente do seu tempo.

“Esta não é uma casa de solenidade, mas de saudade e  confraternização. Muitos intelectuais cearenses tiveram abrigo aqui. Se não fosse o carinho, o estímulo e a divulgação desta casa, muitos não seriam intelectuais nem cearenses. A história desta casa ainda não foi devidamente contada. Ela foi um grande sustentáculo da cultura do Ceará”, destacou Adísia Sá. Segundo a jornalista, a Casa de Juvenal Galeno chegou a ter uma importância maior para a cultura cearense do que a própria Academia Cearense de Letras, a mais antiga instituição do gênero no país, fundada a 15 de agosto de 1894.

“Nos anos 30 e 40, quem reergueu a Academia Cearense de Letras foi a Casa de Juvenal Galeno”, reforça o atual diretor do equipamento, Antônio Santiago Galeno Júnior, bisneto do poeta Juvenal Galeno. O período é considerado a fase áurea do centro cultural, tendo sido bastante frequentado por artistas e intelectuais que cultivavam o gosto pelas letras. Entre os escritores que prestigiavam os animados saraus literários da casa estavam Leonardo Mota, Quintino Cunha, Jáder de Carvalho, Fernandes Távora, Raimundo Girão, Moreira Campos, Mozart Soriano Albuquerque. Além de atrair a intelectualidade local para as palestras e reuniões, a casa também recebia escritores e artistas em visita a Fortaleza, como Euclides da Cunha.

Adísia Sá, ainda menina, já frequentava o local, dada a facilidade de morar pertinho, também no Centro da cidade, na Rua Senador Pompeu. “Henriqueta Galeno me botava no colo, me chamava de menina prodígio”, relembra. Mais tarde, a jovem Adísia se juntaria às mulheres da Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno, antes mesmo de ingressar na profissão de jornalista em 1955, pois os dotes literários já se faziam notar nos bancos escolares, como aluna do Colégio Imaculada Conceição, tendo produzido ali os primeiros contos. Ao começar a carreira no jornalismo, precisamente na então Gazeta de Notícias, tornou-se a primeira mulher a integrar a redação de um jornal no Ceará e a primeira mulher repórter policial.

Ao longo da trajetória profissional, Adísia Sá foi colecionando primeiros lugares. Primeira ombudsman do jornal O Povo, em 1994, foi também a primeira e única a acumular quatro mandatos, primeira mulher a exercer a função na imprensa nordestina e primeira presidente da seção cearense da Associação Brasileira de Ouvidores, um percurso que justifica o título de ombudsman emérita do Grupo O Povo de Comunicação conquistado em 2014. Engajada, foi a primeira mulher sindicalizada no Ceará, em 1956. “Ícone do jornalismo, do saber e da culltura cearense”, como definiu Antônio Galeno, diretor da Casa de Juvenal Galeno, durante a homenagem nessa quarta-feira.

O reconhecimento ao valor da escritora se justifica pela produção literária. Adísia Sá publicou diversos livros nas áreas de Filosofia, Comunicação e Literatura: Metafísica Para Quê? (1971), Fenômeno Metafísico (1973), Introdução à Filosofia (1975), Vanguarda: Produto de Comunicação (1977), Ensino de Jornalismo no Ceará (1979), Biografia de Um Sindicato (1981), O Jornalista Brasileiro (1985), Comunicação é o Homem (1986), Capitu Conta Capitu (1992), Clube dos Ingênuos: Um relato de três anos como ombudsman do O Povo (1998), Traços de União (1999), entre outros.

A homenagem a Adísia Sá foi prestigiada por amigos e ex-alunos da professora, como o secretário da Cultura do Estado Paulo Mamede, o ex-secretário Nilton Almeida e os jornalistas Paulo Tadeu e Emília Augusta. Diante de tantos elogios, a homenageada confessou: “Eu estou muito satisfeita, mas pedindo a Deus para que não me envaideça”.

 

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