Teatro Carlos Câmara terá programação definida com a participação dos artistas locais

28 de março de 2014 - 11:18

Se o amplo pátio externo do Teatro Carlos Câmara já é um convite para adentrar ao renovado equipamento da Secretaria da Cultura do Estado (Secult), o convite se tornou especial para quem passava pela Rua Senador Pompeu, 454, no Centro de Fortaleza, na noite dessa quinta-feira (27), Dia Mundial do Teatro. Na reabertura do espaço, após 20 anos fechado, o público foi recepcionado pelo Maracatu Vozes da África, com sua cadência e beleza características. Depois das boas-vindas, o grupo se dirigiu ao hall do teatro, onde rainha e rei foram coroados pelo secretário Paulo Mamede e pela secretária adjunta Ana Márcia Diógenes.

O secretário da Cultura, frequentador do Teatro Carlos Câmara desde quando era conhecido como “Teatrinho da Emcetur”, ponto de encontro de artistas, intelectuais, trabalhadores e turistas, garantiu que o espaço vai funcionar regularmente até o último dia de sua gestão, com programação definida após discussão com os próprios artistas. “Reabrir o Teatro Carlos Câmara é uma conquista a ser comemorada. Estamos fazendo história, estamos entregando o Teatro Carlos Câmara aos artistas e à sociedade cearense”, ressaltou Paulo Mamede.

Na sequência da apresentação do tradicional maracatu cearense, o público foi brindado com Asa Branca e Que nem jiló, do mestre Luiz Gonzaga (1912-1989), executadas pelo Quarteto Cearense, uma das formações da Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho, que desde 2013 fez do Teatro Carlos Câmara espaço para ensaios. Da cultura popular à música erudita, a programação incluiu também uma performance solo de dança flamenca de Raíssa Martins. Na sala principal de espetáculos, o Grupo Bagaceira fechou a noite com a peça Meire Love. A programação de reabertura do Teatro Carlos Câmara resume a proposta do equipamento. “Todas as linguagens têm espaço livre aqui”, reforçou o coordenador do teatro, Fernando Piancó.

Entre os artistas locais, sugestões para estimular o público a frequentar o espaço se mesclam às expectativas com a reabertura do equipamento que completa 40 anos em 2014. “A reabertura do Teatro Carlos Câmara vem em um momento muito ímpar, em que se rediscute o Centro da cidade e a revitalização cultural”, apontou o ator, produtor cultural e iluminador Rogério Mesquita, referindo-se a outros teatros do Centro que já fecharam e à necessidade de medidas que favoreçam à ocupação dos espaços de cultura, como mobilidade e segurança. “É preciso cuidar do entorno e dar condições para as pessoas frequentarem. Vida longa ao teatro”, concluiu Thiago Arrais, diretor teatral e coordenador do curso de licenciatura em teatro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).

Carlos Câmara, o teatro e a cidade

A programação de reabertura do Teatro Carlos Câmara contou ainda com um agradável bate-papo sobre o homem que dá nome ao equipamento e as contribuições dele para o teatro cearense. “Carlos Câmara foi um revolucionário que, durante 20 anos, mantinha sua atividade linkada à cidade”, definiu Ricardo Guilherme, ator, dramaturgo, diretor teatral, historiador, roteirista de cinema e televisão, poeta, contista e cronista, além de ser um pesquisador da obra de Carlos Câmara (1881-1939).

“Podemos dizer que Carlos Câmara criou um teatro urbano fortalezense”, deduziuThiago Arrais. “A sua obra tinha o olhar dos citadinos sobre os sertanejos e dos sertanejos sobre os citadinos”, reforçou Ricardo Guilherme, que estava no elenco da peça Morro do Ouro, de Eduardo Campos, uma crônica sobre Fortaleza a partir da realidade de uma favela, primeiro espetáculo teatral encenado no então “Teatrinho da Emcetur”, no dia da inauguração, 5 de outubro de 1974.

Era o ano da cultura no Ceará, como determinou o então governador César Cals (1926-1991). A inauguração do Teatro da Emcetur, uma das ações para demarcar a pretensão governamental, se juntava à inauguração da TV Educativa (hoje TV Ceará), a uma grande reforma no Theatro José de Alencar e à criação dos jardins de Burle Marx contíguos. O Teatro da Emcetur surgiu, inclusive, como um equipamento com programação alternativa à do grande Theatro José de Alencar. “Ele foi criado para a realização de espetáculos menores, mais para grupos locais, e para fazer escoar a demanda de grupos novos”, relembra Ricardo Guilherme.

O teatro estava inserido em um pólo turístico de Fortaleza que girava em torno da Emcetur (hoje Centro de Turismo), nos idos das décadas de 1970 e 1980. E mesmo tendo sido inaugurado por um governo representante do regime militar no Ceará, foi um equipamento com um histórico de resistência à ditadura, no próprio palco, por meio das peças ali encenadas, ou após os espetáculos, nas manifestações que os artistas e intelectuais promoviam a partir das reuniões naquele espaço.

Depois de quase 40 anos, o teatro ganhou nova denominação, inclusive por sugestão de Ricardo Guilherme, para homenagear o teatrólogo cearense, que em 1918 fundou o Grêmio Dramático Familiar, que encenava suas peças, cujos textos eram marcados pela crítica de costumes e adaptados para a linguagem popular, valorizando a irreverência e o jeito próprio de ser cearense. Fechado desde 1994, o equipamento foi reinaugurado em 5 de setembro de 2012, pelo governador Cid Gomes, com o novo nome de Teatro Carlos Câmara. Até então pertencente à Secretaria do Turismo (Setur), o equipamento é agora mantido pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult).

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