Pontos de cultura de Fortaleza são objetos de estudo de pesquisadora da UECE

12 de março de 2014 - 15:36

 

O Programa Cultura Viva e os Pontos de Cultura trazem uma inovação no entendimento das culturas populares, compreendendo seu caráter plural e sua capacidade de interagir com as diferenças, promovendo a diversidade cultural. Essa é uma das conclusões da pesquisadora Jocastra Holanda Bezerra, com sua dissertação sobre o tema “Quando o Popular Encontra a Política Cultural: A Discursividade da Cultura Popular nos Pontos de Cultura ‘Fortaleza dos Maracatus’, ‘Cortejos Culturais do Ancuri’ e ‘Boi Ceará’”, apresentada em fevereiro deste ano, no Programa de Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Sociedade, da Universidade Estadual do Ceará.

Com o objetivo de compreender o modo como as políticas públicas de cultura no Brasil constroem a noção de “cultura popular”, a pesquisadora delimitou como objeto de estudo a “Ação Ponto de Cultura, do Programa Cultura Viva”, criado em 2004, pelo Governo Federal, através do Ministério da Cultura, contemplando, na cidade de Fortaleza, também grupos culturais ligados a manifestações tradicionais da cultura popular.

“Escolhi o Programa Cultura Viva por considerar esta a experiência mais exitosa na área da cultura desenvolvida durante o Governo Lula, continuada no Governo Dilma e de ampla relevância na história da política cultural no País, sobretudo para o campo das manifestações da cultura tradicional e popular, que comumente foram excluídas desse processo de participação nas políticas públicas”, aponta Jocastra Bezerra.

Para a realização da pesquisa, Jocastra analisou, entre 2012 e 2013, os Pontos de Cultura “Fortaleza dos Maracatus”, “Cortejos Culturais do Ancuri” e “Boi Ceará”, detectando, além dos pontos positivos, algumas fragilidades do Programa. Entre elas, o modelo de gestão, os entraves burocráticos e a dificuldade de comunicação entre os Pontos e o MinC e os estados. “Entendo que falta ao Programa Cultura Viva e à ação Ponto de Cultura uma revisão da sua condução política, uma reflexão mais profunda acerca do que a ação Ponto de Cultura deveria suscitar no que diz respeito aos recursos de poder políticos e sociais”.

Em relação à contribuição acadêmica para a estruturação de políticas públicas, a pesquisadora destaca a importância do incentivo governamental para que essas pesquisas sejam publicadas e possam subsidiar a implementação de ações e programas.

“Na minha pesquisa, por exemplo, aponto questões que precisam ser refletidas na ação dos Pontos de Cultura. Seria maravilhoso se fossem apropriadas para o debate entre os sujeitos de direito dessa política e os agentes institucionais, com vistas a uma possível transformação que expresse toda a potencialidade desta ação da política cultural”, argumenta Jocastra.

A pesquisa “Quando o Popular Encontra a Política Cultural: A Discursividade da Cultura Popular nos Pontos de Cultura ‘Fortaleza dos Maracatus’, ‘Cortejos Culturais do Ancuri’ e ‘Boi Ceará’” foi orientada pelo prof. doutor Alexandre de Almeida Barbalho, da Universidade Estadual do Ceará (UECE), e teve banca examinadora composta pelos professores doutora Kadma Marques Rodrigues (UECE) e doutor José Márcio Pinto de Moura Barros (PUC-MG).