Culto público e devoção doméstica em exposição no Museu Sacro São José de Ribamar

28 de fevereiro de 2014 - 13:00

A exposição “A história do Ceará na arte sacra”, no Museu Sacro São José de Ribamar, em Aquiraz, agora tem dois novos espaços. Desde a última quarta-feira (26), estão abertos a visitação os módulos “Culto público” e “Devoção doméstica”, que se juntam aos já existentes desde 2010 – “O museu” e “Igreja e colonização”. Assim, os visitantes passam a ter a oportunidade de fazer um passeio ainda mais demorado por obras de arte e culto, confeccionadas em materiais e períodos diversos, unindo variados estilos, técnicas e conteúdos, que refletem sobre as práticas de devoção católica no Brasil, e no Ceará especificamente. Agora na íntegra, a exposição fica montada por tempo indeterminado.

Durante a abertura dos novos espaços da exposição, a diretora do Museu do Ceará e do Museu Sacro, Carla Vieira, ressaltou as melhorias no sistema de segurança e para a acessibilidade dos visitantes, garantidas por meio de uma parceria firmada com a Caixa Econômica Federal, via Programa de Apoio ao Patrimônio Cultural Brasileiro. “São detalhes que podem até passar despercebidos, mas são de uma importância ímpar”, observou.

A modernização dos sistemas de alarme e combate a incêndio e de segurança eletrônica oferece maior proteção ao acervo, à edificação, aos funcionários e ao público visitante. Ao projeto original da exposição foram acrescidos pisos e maquetes táteis, textos e legendas em braille e um serviço de audiodescrição, ampliando a acessibilidade, atendendo as necessidades de pessoas com surdez e cegueira ou baixa visão. Como os novos módulos ocupam o pavimento superior, o acesso das pessoas com deficiência física já estava garantido com a instalação de um elevador no local, antes mesmo da montagem parcial da exposição, em 2010.

Na abertura dos novos módulos, a presidente da Associação dos Amigos do Museu Sacro São José de Ribamar, Terezinha Holanda, falou da importância do equipamento como espaço de estudo museológico, sendo procurado por muitos estudantes. “Nós temos a preocupação de expor menos e procurar entender mais”, disse, referindo-se ao rico acervo da reserva técnica do museu. “As peças comunicam muito de um tempo e queremos fazer com que a comunidade se aproxime do museu”, completou. Minutos depois, uma turma de alunos do Projovem chegou ao local para conhecer a exposição.

As peças expostas chamaram a atenção dos jovens e também dos visitantes mais experientes. No espaço de “Devoção doméstica”, diante da coleção de imagens de Santo Antonio, esculpidas em madeira ou barro cozido ou moldadas em louça, a professora aposentada Valdeci Fonseca não se conteve com os versos ali dispostos – Meu Santo Antonio querido/ Meu santo  de carne e osso/ Se tu não me dá marido/ Não tiro você do poço. “Eu já ouvi de tudo, mas essa aí eu não sabia”, comentou, entre gargalhadas, referindo-se às simpatias feitas para o santo casamenteiro.

Curiosidades à parte, as peças em si são motivo de admiração até mesmo para quem elas já são um tanto familiares, como o produtor cultural Rones Duarte, que, mesmo envolvido na montagem da exposição, ainda se surpreende com a beleza dos objetos, como a cruz em prata fundida e repuxada, provavelmente de origem portuguesa, do século XVIII, usada em procissões. “Veja a delicadeza dos detalhes”, observava. A cruz não fazia parte do projeto original da exposição, mas foi inserida a pedido da população. “Há tempos que a comunidade pedia para essa cruz ser exposta”, diz Carla Vieira. Com as novas condições de segurança do museu, foi possível atender ao desejo local e brindar o público com esse objeto exposto.

A exemplo da cruz, no espaço destinado ao “Culto público”, há outros objetos que chamam a atenção pelo valor artístico, mas também pelo valor material, histórico e simbólico. É lá onde pode ser visto um relicário de São Sebastião em metal fundido, do século XIX, com relíquia de fragmento ósseo. No mesmo espaço, uma coroa aplicada com pedras e um ostensório, ambos em prata fundida e também do século XIX, castiçais em prata fundida, do século XVIII, um missal manuscrito em latim, de 1788, entre várias outras peças.

Exposição em módulos

O museu – promove a reflexão crítica sobre as relações estabelecidas, do período colonial aos dias atuais, entre a sociedade de Aquiraz e a antiga Casa de Câmara e Cadeia, hoje Museu Sacro São José de Ribamar. Na sala, localizada no térreo, vestígios dos diversos usos e reformas empreendidas na edificação e imagens ligadas à fundação do município e do equipamento.

Igreja e colonização – também montada no térreo do museu, essa parte da exposição possibilita a análise de certas formas de expressão devocional imersas no universo do catolicismo tradicional de matriz barroca, permeadas por referências à colonização indígena e a relação com a fé popular.

Culto público – propicia a análise da vivência religiosa coordenada e dirigida pela Igreja Católica, como missas e procissões, fortalecendo os laços entre a instituição e a comunidade. Na sala, localizada no pavimento superior do museu, o visitante vai se deparar com paramentos litúrgicos e objetos de culto que dão a tônica da simbologia empregada nos ritos oficiais.

Culto doméstico – é onde se observa a vivência religiosa reservada ao ambiente privado, longe dos olhares e da vigilância dos padres e demais autoridades eclesiásticas, mas consentida e estimulada por eles, perpetuando, no lar, as tradições impostas pela Igreja.

Serviço
Museu Sacro São José de Ribamar
Endereço: Praça Cônego Araripe, 22 – Aquiraz
Visitação: terça-feira a sábado, das 9 às 17 horas
Informações e agendamentos: (85) 3101.2818 – 3361.2535
A exposição “A história do Ceará na arte sacra” fica montada por tempo indeterminado.


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