Theatro José de Alencar: emoções ao cair da tarde com a visita de médicos cubanos

18 de fevereiro de 2014 - 00:11

Se no dia 17 de cada mês tem sempre uma programação especial no Theatro José de Alencar, por ter sido inaugurado oficialmente em 17 de junho de 1910, a programação ficou ainda mais especial nesse dia 17 de fevereiro de 2014, com a presença de cerca de 200 médicos cubanos. Na última segunda-feira, eles deixaram o Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU), no bairro Castelão, onde estão alojados, em treinamento do Programa Mais Médicos, e foram conhecer um dos mais bonitos teatros do Brasil, numa visita que começou quase às 17 horas e terminou duas horas depois.

“Para nós, é muito importante esse momento, até porque o povo cubano é muito parecido com o povo brasileiro e mais parecido ainda com o povo cearense”, aprovou e comparou o médico Juan Carlos Rojas Fernandez, referindo-se ao espírito festivo de lá e cá. “É muito bom saber um pouquinho mais da cultura brasileira e cearense. Além do mais, fomos muito bem recebidos pelas pessoas e ficamos gratos demais”, completou. “Que vocês se sintam como nós os vemos – ‘hermanos’ – e não como estrangeiros”, saudou a diretora de programação do teatro, Izabel Gurgel.

“É um lugar muito belo, antigo e acolhedor. Os cubanos, hoje, se sentiram muito bem, em um belo lugar e com belas pessoas”, revelou Osnedi Reyes, um dos médicos mais entusiasmados com a beleza do teatro e a recepção dos funcionários. O empenho dos anfitriões em receber bem os visitantes era mesmo indisfarçável. “Essa é uma tarde muito especial para o Theatro José de Alencar. Essa tarde foi muito aguardada e preparada com muito carinho. Nós nos sentimos muito orgulhosos pela presença de vocês”, adiantou logo nas boas-vindas a diretora administrativo-financeira, Silêda Franklin.

Foi um fim de tarde de emoções, desde o deslumbramento diante do monumento tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1964, passando pela delicadeza nas apresentações de piano e baixo no palco principal, até a alegria no pátio com as marchinhas de Carnaval, sambas e – como não deveria deixar de acontecer – a autêntica música cubana, uma homenagem aos visitantes.

Enquanto na grande sala de espetáculos eles puderam apreciar o pianista Douglas Almeida e o baixista Lucas Arruda dedilhando perólas, como Asa Branca, de Luiz Gonzaga, Polichinelo, de Heitor Villa Lobos, e Garota de Ipanema, Wave e Águas de Março, de Tom Jobim, na área aberta do teatro eles foram recebidos com pétalas de flores, confetes, serpentinas e largos sorrisos e tiveram a oportunidade de se soltar e se deixar seduzir também pelo ritmo alegre das músicas do Carnaval tradicional brasileiro.

Quando o grupo de músicos, integrado pelos vocalistas Franklin Dantas, Zelia Nogueira e Cumpade Barbosa e o trompetista Jean Carlos Rodrigues, puxou a célebre canção cubana Guantanamera, o ambiente foi tomado por fortes vibrações. A empolgação foi tanta que os próprios médicos, até então um pouco contidos, não apenas saíram para dançar, como também se revezaram ao microfone para cantar a música eternizada pelo antológico grupo Buena Vista Social Club.

A canção, além de evocar lembranças e saudades da terra natal, fez afluir nos cubanos o sentimento de afeto pelo país que, por enquanto, os adotou. Ao fim de Guantanamera, uma das médicas foi porta-voz dos versos que o grupo compôs em homenagem aos brasileiros. “Desde Cuba nós viemos/ Desde aquele céu de anil/ Para ajudar com carinho/ A esse povo do Brasil”, recitou Estrela Hechavaria, com lágrimas no rosto e sob aplausos dos colegas também emocionados.

Para uma nação que tem como ensinamentos as lições deixadas por Che Guevara, um dos ideólogos e comandantes da Revolução Cubana (1953-1959) e que cunhou a frase “há que endurecer-se, mas sem jamais perder a ternura”, os médicos cubanos esbanjam ternura.

250 médicos em treinamento começam a trabalhar em março

Os cerca de 200 médicos que visitaram o Theatro José de Alencar fazem parte de um grupo de 250 que estão em treinamento no Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU), em Fortaleza. O treinamento dura entre 20 e 25 dias e envolve o repasse de conhecimentos em língua portuguesa e do Sistema Único de Saúde (SUS). As aulas são dadas de segunda a sexta-feira, pela manhã e à tarde.

Após o treinamento, os médicos serão destinados aos locais de trabalho. O Ministério da Saúde ainda está definindo a quantidade de médicos que ficarão no Ceará e os que irão trabalhar em municípios de dois outros estados do Nordeste.

Equipamento em obras de conservação e recuperação

Mesmo em meio a obras de conservação e recuperação desde novembro de 2013, o Theatro José de Alencar recebeu o grupo de 200 médicos cubanos sem nenhuma dificuldade. O equipamento vai manter a programação, de terça-feira a domingo, até o fim dos trabalhos, no segundo semestre de 2014. Como os assentos da sala principal de espetáculos já foram retirados por causa da reforma, os médicos se dividiram pelas torrinhas e um pequeno grupo se acomodou em algumas cadeiras colocadas de última hora bem em frente ao palco. Depois, seguiram para o pátio.

Com R$ 2.338.198,83 assegurados pelo Governo do Estado, o Theatro José de Alencar passará por serviços de recuperação e pintura geral – alvenaria, estruturas de ferro, pisos, portas e janelas -, além da requalificação do jardim e do sistema de prevenção de incêndio.


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