História social e política de Tauá e epidemia de cólera na cidade retratadas em exposições

2 de janeiro de 2014 - 11:36

A epidemia de cólera de 1862, que levou a óbito 216 pessoas em Tauá, e a evolução da história social e política da cidade estão agora retratadas em exposições montadas, respectivamente, no Memorial do Cólera e na Câmara Municipal. As duas exposições, abertas ao público por tempo indeterminado, são resultado de um convênio, no valor de R$ 148.500,00, entre a Secretaria da Cultura do Estado, que liberou R$ 135.000,00, e a Prefeitura de Tauá, com a contrapartida de R$ 13.500,00. Os recursos foram destinados para elaboração de projetos, pesquisas e montagem das exposições.

Inaugurado no dia 7 de novembro de 2013, o Memorial do Cólera (foto) foi erguido pela Prefeitura de Tauá em forma de capela, no local onde as vítimas foram sepultadas. Assim, além de terem acesso a informações sobre a epidemia que atingiu a cidade, os visitantes também podem prestar homenagens aos mortos. Na área externa, quatro cruzes se entrelaçam formando uma só, ao lado de 216 blocos de cimento simbolizando o número de pessoas acometidas fatalmente pela doença.

A exposição reúne documentos, fotografias, ilustrações e informações sobre a doença e a epidemia. Os visitantes podem acompanhar uma breve trajetória da doença no Brasil e no mundo e um quadro cronológico da epidemia na então Vila de São João do Príncipe, que depois ganharia o nome de Tauá. Em todo o Ceará, o número de mortos pela doença teria chegado a 12.861. A exposição também mostra os avanços científicos protagonizados pelo médico inglês John Snow (1813-1858), o primeiro a identificar a cadeia de transmissão da doença, publicando artigo a respeito em 1849, e o médico alemão Robert Koch (1843-1910), que teria sido o primeiro a isolar em 1883 o vibrião colérico.

A segunda exposição, montada nas instalações da Câmara Municipal, foi aberta no dia 13 de dezembro de 2013 e também é permanente, ocupando um espaço denominado Memorial Alaor Cavalcante Mota, em homenagem in memorian ao ex-vereador do município, avô de Audic Mota, um dos atuais legisladores. A exposição percorre a história de Tauá desde o marco inicial, em 1708, quando os irmãos Francisco e Lourenço Alves Feitosa estabeleceram ali suas fazendas, e entraram em conflito com os índios, antigos habitantes, em disputa pelas terras. Em 1802, o povoado passa à categoria de Vila São João do Príncipe e povoado de São João do Príncipe dos Inhamuns em 1889. Em 1898, ganha o nome de Tauá, mas a vila só se transformaria em cidade em 2 de agosto de 1929, na administração de Manuel do Nascimento Fernandes Távora, primeiro interventor federal no Ceará.

Por meio de documentos, ilustrações, fotografias, vídeos e réplicas em miniaturas de prédios, a história da cidade é contada contemplando diversos aspectos e os mais importantes espaços, como a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário e a Igreja de Jesus, Maria e José, conhecida como Igreja das Marrecas, tombadas pelo Governo do Estado, e a Casa de Câmara e Cadeia, prédio tombado pela Prefeitura, onde funcionaram a primeira sede da Câmara de Vereadores e a primeira cadeia pública e que hoje abriga o Museu dos Inhamuns.

Entre os documentos, os visitantes podem visualizar mapas e leis provinciais desde 1839, como as que tratam sobre lavoura e criação de gado. Como a pecuária está diretamente relacionada com a história da cidade, um mostruário com marcas de ferro de gado aponta que elas eram símbolo de distinção econômica e social das famílias. Tauá ainda é um dos municípios que mais produz ovinos e caprinos no Ceará.

A exposição abarca também informações sobre a escravidão negra na cidade, já que a posse de escravos por fazendeiros era prática comum até a abolição da escravatura no Brasil em 1888. E não deixa passar em brancas nuvens as enchentes que tomaram conta de Tauá, como a famigerada cheia em 1974 do Rio Trici, principal curso d’água que corta a cidade.

Com tantos aspectos a explorar, a exposição sobre a evolução da história social e política de Tauá mostra a cidade também como lugar de afeto e sociabilidade, passeando pelos espaços de lazer e religiosidade, promovendo o diálogo entre o passado e o presente, registrando os fatos e os personagens que contribuíram e ainda contribuem para a formação de uma identidade própria do município situado no Sertão dos Inhamuns, a 344,7 quilômetros de Fortaleza.

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