Novos tesouros vivos da cultura tradicional popular do Ceará são diplomados no Crato

19 de dezembro de 2013 - 01:06

A diplomação de dois novos mestres, mais dois grupos e uma comunidade como representantes da cultura tradicional popular do Ceará ocorreu na noite dessa quarta-feira (18), na cidade do Crato, no Cariri cearense, durante o VIII Encontro Mestres do Mundo. Os homenageados se juntaram a 68 pessoas e outros cinco grupos ou comunidades considerados, desde 2004, tesouros vivos da nossa cultura. Em 2013, foram selecionados José de Abreu Brasil, o Palhaço Pimenta, natural de Jaguaribe, morador de Fortaleza e mestre da arte circense, e Josefa Pereira de Araújo, a Dona Zefinha, moradora de Potengi e rendeira, além do Reisado Nossa Senhora de Fátima, de Juazeiro do Norte, da Comunidade da Prainha do Canto Verde, de Beberibe, e do Reisado Boi Coração, de Ocara, este sem representante durante a solenidade.

A entrega dos diplomas teve início sob o clima festivo da apresentação de abertura do Reisado de São Miguel, de Juazeiro do Norte, com o colorido e o brilho das fantasias e o som percussivo que tomaram conta do local, e também sob o clima ameno trazido pela chuva, que impediu a realização da diplomação em área aberta na estação ferroviária da cidade, como estava previsto, mas apareceu como bom presságio em meio à forte estiagem que castiga o Nordeste. “Foi uma sorte. A gente tá precisando dessa chuva mesmo”, observou o Palhaço Pimenta, feliz pela chuva e também pela homenagem, segundo ele, o mais importante reconhecimento em 53 anos de atividade.

Para quem começou a trabalhar em circo aos 15 anos, ainda como porteiro, já depois de muita labuta, a condecoração foi uma forma de recompensa. “Antes, eu fui tirador de leite de vacaria, arrancador de toco, apanhador de algodão, limpador de enxada, até que comecei no circo e não parei mais. Essa homenagem representa tudo de bom na minha vida, um reconhecimento pelo meu trabalho, pelos meus esforços”, resume, aos 68 anos.

“Um prazer” para Dona Josefa, que esperou tanto tempo também pelo reconhecimento. Aos 70 anos, Dona Zefinha tem no artesanato sua ocupação principal, confeccionando redes de dormir de renda de bilros, com delicadeza e beleza raras. Ao receber a homenagem, ela se disse tranquila. “O prazer já vinha de antes”, ao receber a notícia de que havia sido selecionada – justificou.

Entre os tesouros vivos da cultura tradicional popular do Ceará, a Comunidade da Prainha do Canto Verde também passou na seleção realizada pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Ceará. “É o reconhecimento de que vale a pena lutar pelo bem comum e pela qualidade de vida das pessoas, tendo como base a cultura, a tradição e o desenvolvimento”, avaliou José Alberto de Lima Ribeiro, o Beto Pescador, que representou a comunidade, “um coletivo que há mais de 35 anos se organizou em defesa do seu modo de vida, da cultura e da liberdade”, como diz.

Depois da entrega dos diplomas aos mestres e aos representantes do grupo e da comunidade selecionados, o público ainda foi brindado com as apresentações da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, de Crato, do Reisado Boi Ceará, do Mestre Zé Pio, de Fortaleza, e da cantora e compositora pernambucana de Vitória de Santo Antão, Selma do Coco.

O VIII Encontro Mestres do Mundo é uma iniciativa da Secretaria da Cultura do Ceará, em parceria com a Prefeitura do Crato e o Instituto Sociocultural e Artístico do Ceará, que teve início nessa quarta e prossegue até a próxima sexta-feira. O evento passou a ser realizado a partir da criação da Lei nº 13.351, de 22 de agosto de 2003, que instituiu no âmbito da administração pública estadual o Registro dos Mestres da Cultura Tradicional Popular do Estado do Ceará, para reconhecer e valorizar os relevantes serviços prestados à cultura e à arte.

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