História do Ceará: documento de 1823 é incorporado ao acervo do Arquivo Público

12 de dezembro de 2013 - 12:00

 

Um documento histórico importante para a compreensão da vida política e dos conflitos existentes no Ceará no início do século XIX acaba de ser integrado ao acervo do Arquivo Público do Estado do Ceará. Por requisição da instituição cearense, o Arquivo Nacional cedeu ao APEC um manuscrito datado de 6 de maio de 1823, através do qual o Quartel da Villa do Crato solicitava ao Capitão Regente José Ferreira da Silva armas para “pacificar a vila de povos ignorantes do Crato”. O documento traz as assinaturas de José Pereira Filgueiras e de Tristão Gonçalves Pereira de Alencar.

“O documento exemplifica como era a vida política na Província, em 1823, período de grande ebulição”, destaca o diretor do Arquivo Público do Ceará, Márcio Porto, responsável pelo requerimento, ao Arquivo Nacional, que garantiu a cessão do documento à instituição cearense, mantida pelo Governo do Estado através da Secretaria da Cultura.

“Esse documento foi apreendido pela Polícia Federal, entre outros que iriam a leilão por colecionistas, e foi encaminhando ao Arquivo Nacional. Como diz respeito a um episódio da história cearense, requeremos a posse do documento e fomos atendidos”, destaca Márcio.

O documento já se encontra à disposição de pesquisadores, historiadores, estudantes e demais interessados, na sede do Arquivo Público (R. Senador Alencar, 348, Centro. Contatos: 3101-2615).

Comitê da Unesco

Integrante do Comitê Nacional do Brasil para o programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), destinado a proteger acervos documentais e bibliográficos de interesse para a história da humanidade, o diretor do Arquivo Público do Ceará, Márcio Porto, participou de reunião do Comitê que deliberou pela inclusão de oito novos conjuntos de documentos no rol de acervos importantes para a memória do mundo, reconhecidos pela Unesco.

Entre os conjuntos de documentos destacados na reunião realizada no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, estão manuscritos do compositor Ernesto Nazareth, pertencentes à Fundação Biblioteca Nacional; cartas régias pertencentes ao Arquivo Público da Bahia e datadas de 1648 a 1821, e documentos do Arquivo Histórico do Exército relativos à Campanha de Canudos.

“As instituições públicas detentoras de acervos documentais ou bibliográficos que os considerem importantes para a memória do mundo apresentam as proposições de nominação ao Comitê. Essas candidaturas são distribuídas com os membros do Comitê, que avaliam cada proposição, para receber ou não a nominação do Registro Memória do Mundo”, detalha Márcio, sobre o procedimento de avaliação de acervos documentais e bibliográficos, por parte do comitê.

O Comitê Nacional do Brasil para o programa Memória do Mundo da Unesco foi criado pelo Ministério da Cultura em 2004. O comitê é formado por representante do Brasil no Comitê Regional da América Latina e Caribe e pelas instituições e segmentos seguintes: Arquivo Nacional, Comissão Nacional da Unesco – IBECC/MRE, Conselho Nacional de Arquivos – Conarq, Fundação Biblioteca Nacional, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, Ministério da Cultura, arquivos audiovisuais, arquivos eclesiásticos, arquivos militares, arquivos públicos estaduais/municipais, arquivos privados e associações de ensino e pesquisa. O trabalho no comitê é totalmente voluntário, não sendo recebida nenhuma remuneração pela participação do profissional.