Secretário da Cultura e embaixador da Geórgia: interesse em intercâmbio cultural

28 de novembro de 2013 - 12:35

O embaixador da Geórgia no Brasil, Otar Berdzenishvili, visitou a sede da Secretaria da Cultura do Ceará na manhã desta quinta-feira (28), quando foi recebido pelo secretário Paulo Mamede. A audiência foi solicitada pelo próprio embaixador, que, na ocasião, manifestou repetidas vezes o interesse em estabelecer um intercâmbio cultural entre o país, localizado na região Sul do Cáucaso, na fronteira entre a Europa e a Ásia, e o estado do Ceará. O secretário Paulo Mamede reafirmou o desejo de também promover e facilitar essa cooperação mútua. “Não acredito em integração entre os países sem a integração cultural. E nós, cearenses, nordestinos, somos muitos sensíveis ao intercâmbio, até mesmo pelo nosso caráter migratório”, avaliou Paulo Mamede.

O secretário ressaltou durante o encontro com o embaixador a importância da produção literária da Geórgia e demonstrou abertura para uma aproximação maior na literatura e em outras expressões da cultura, como o cinema e a música, com países que, até mesmo pelos aspectos históricos e geográficos, não têm uma afinidade tão grande com o Brasil. Ao adiantar que a Bienal Internacional do Livro do Ceará trará em 2014 representantes da literatura de todos os países da América Latina, o secretário sinalizou o interesse em ampliar esse leque de relações com outras nações do mundo.

O embaixador falou da intenção em manter contato mais próximo e frequente com a Secult e mostrou curiosidade sobre as atividades mantidas pela secretaria. “Esperamos encontros futuros para cooperação entre o nosso país e o seu estado”, dirigiu-se Otar ao secretário da Cultura, que se comprometeu a informar ao embaixador as datas de importantes eventos e iniciativas dos quais a Secult estará à frente, como o primeiro edital de circulação internacional e o o primeiro Mercado Internacional de Artes (Mirante).

O edital de circulação internacional vai contemplar 70 artistas das mais diferentes linguagens. Para obtenção de recursos, o secretário já fez os primeiros contatos com a bancada federal cearense no Congresso Nacional, o Ministério da Cultura e grandes empresas estatais e privadas. Já o Mirante pretende reunir no Ceará, em 2014, produtores e diretores de centros culturais e festivais artísticos de vários continentes. “Com o Mirante, queremos criar um bureau para que os artistas negociem diretamente com os produtores”, acrescentou Paulo Mamede.

Na semana passada, o secretário anunciou que R$ 1 milhão do Fundo Estadual da Cultura será utilizado para o Programa de Circulação Nacional e Internacional de Cultura, que tem como objetivo promover a difusão de produtos e espetáculos dos setores de teatro, dança, música, circo, artes visuais e audiovisual. Os circuitos internacionais deverão abranger cerca de 50 projetos artísticos em 15 países.

O embaixador da Geórgia no Brasil chegou nessa quarta-feira a Fortaleza e fica até amanhã. Ele tem audiência agendada na tarde de hoje com o governador Cid Gomes. Durante a visita de cortesia ao secretário da Cultura do Ceará, o embaixador recebeu um portfolio do Theatro José de Alencar. Em seguida, ele se dirigiu ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura para conhecer as instalações do maior equipamento cultural do Ceará.

Geórgia e a cultura

A Geórgia tem uma vasta tradição literária, com registros que remontam aos primeiros anos do cristianismo. Uma coleção de epopeias georgianas da Antiguidade, intitulada Amiraniani, data do segundo milênio a.C. Mas teria sido na Idade Média o apogeu dos escritos georgianos, com o surgimento de Shota Rustaveli, um dos grandes escritores medievais e autor de “O cavaleiro na pele de pantera”, poema épico nacional do país.

A língua oficial própria, o georgiano, com um alfabeto peculiar, favoreceu à construção de uma identidade nacional forte, contribuindo para preservar valores culturais e simbólicos, apesar das sucessivas guerras e dos longos períodos de ocupação estrangeira que a Geórgia enfrentou. Ocupada pelos russos em diferentes épocas de sua história, a Geórgia teria sofrido forte baque em sua cultura, que ressurgiu com a independência do país em 1991, mesmo sob as dificuldades econômicas e políticas da era pós-soviética.

Originariamente, a Geórgia teria sido formada por um povo autóctone da região Sul do Cáucaso, na fronteira entre a Europa e a Ásia, onde os antepassados viveram desde a época neolítica. O país tem atualmente cerca de 4,5 milhões de habitantes e fica numa área de clima temperado continental, limitada ao Norte e a Leste com a Rússia, a Leste e ao Sul com o Azerbaijão, ao Sul com a Armênia e a Turquia e a Oeste com o Mar Negro. Com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado alto, de 0,733, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita é de US$ 5.400. A capital da Geórgia é Tbilisi.