Intercâmbio Brasil (Ceará) – Cabo Verde

16 de janeiro de 2013 - 18:25

Difusão do Livro e da Leitura – Exportação Mercado Editorial e Autores Cearenses

Histórico e Ações

De 27 a 29 de novembro de 2007, o Governo do Estado do Ceará, por meio de sua Secretaria da Cultura, promoveu, com realização do Centro Cultural Adolfo Caminha e apoio da Embaixada de Cabo Verde do Brasil, a I Feira do Livro de Cabo Verde no Brasil, com o tema “Claridade na Terra da Luz”, evento de acolhimento da cultura caboverdiana em nosso Estado — em 1884, a primeira província brasileira a abolir a escravidão —, que contou com a participação de diversas autoridades do Brasil e de Cabo Verde, dentre as quais o presidente da Biblioteca Nacional, o embaixador brasileiro e o Cônsul Geral de Cabo Verde, o vice-governador do Estado do Ceará, o secretário da Cultura e o adjunto de Turismo, o representante do Ministério da Cultura/MinC e o reitor da Universidade Federal do Ceará. Ao final do evento, que obteve grande visibilidade pela mídia de forma geral, foi pactuada a ida do Ceará ao Cabo Verde, com o propósito de concretizar a presença da cultura brasileira, em especial a cearense, no arquipélago.

Além da afinidade linguística, o modelo colonial português, o vínculo escravagista, os fatores naturais (como elementos geográficos e climáticos), a literatura caboverdiana apresenta uma intrínseca relação com a brasileira, com destaque à nordestina.

Cedo, Cabo Verde despertou para o amor dos africanos pelo Brasil. Os “claridosos”, criadores da revista Claridade, marco da modernidade crioula, em 1936, dentre outros méritos, furou, com decisão e arte, o cerco salazarista que impedia o acesso a textos brasileiros que apresentavam posturas políticas definidas, como os de Jorge Amado e de Graciliano Ramos.

Os claridosos — comerciantes, professores estudantes e jornalistas —, entendendo o Brasil como uma cultura mestiça e autônoma, encontravam-se, como parte de seu povo, em processo de conscientização cultural e nacional. Antes, estavam em contato com as correntes e movimentos literários de Portugal, como o modernismo e o neorrealismo, mas é, sobretudo, o modernismo brasileiro, em especial o de caráter regionalista produzido no Nordeste, que influencia esta geração, familiarizada com Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e poetas como Jorge de Lima, Ribeiro Couto, Manuel Bandeira, e os sociólogos como Gilberto Freyre.

Os escritores caboverdianos começaram, a partir de nossos autores, a tomar uma consciência cada vez mais nítida da realidade das ilhas, a romper com os modelos de tipo europeu. A atenção é focada cada vez mais na terra, no ambiente socioeconômico e no povo das ilhas.

O grande marco de consolidação de temática nativista da literatura produzida em Cabo Verde é dado em 1936, pelos claridosos, que lançam a revista Claridade. A preocupação fundamental desta poesia passa ser, então, revelar as agruras de seu povo: a fome, a miséria, a falta de esperança no dia de amanhã, as secas e os seus efeitos devastadores. Os grandes tópicos são o lugar, o ambiente socioeconômico e o povo; e todos em relação constante com o mar, o elemento provocador do aparecimento de outras duas realidades soberbamente tratadas na poética da época, principalmente de um de seus fundadores, Jorge Barbosa: a viagem e o sonho de encontrar uma terra prometida.

Assim, o modernismo caboverdiano, além de todas as perspectivas linguísticas e artísticas, o coloca à frente como elemento de afirmação e de consolidação da consciência da nação caboverdiana.

Em dezembro de 2011, a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, em parceria com o Instituto de Arte e Cultura do Ceará e com a Câmara Cearense do Livro, desenvolveu e participou da I Feira do Livro do Ceará em Cabo Verde: “A Terra da Luz na Claridade”, uma política de ação de relevante aspecto social, econômico e cultural, desenvolvida no intuito de integrar-se ao conjunto de ações da I Feira Mundial da Palavra, ação cultural promovida pelo Ministério da Cultura de Cabo Verde e pelo Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, que aconteceu de 26 de novembro a 4 de dezembro na cidade de Praia, em Cabo Verde, com o objetivo de, por meio de exposição de vídeos, palestras, contações de histórias, lançamentos de livros, oficinas e promoção de grupos de trabalho entre universidades brasileiras e caboverdianas, durante dez dias, integrar, por meio do intercâmbio, a cultura brasileira, em destaque a do Ceará, à de Cabo Verde, evidenciando as semelhanças entre os estados de expressão portuguesa, sobretudo no que diz respeito às suas literaturas e demais saberes no campo das Ciências Sociais e Humanas, às políticas de linguagem e cultura, sabido de suas afinidades históricas, climáticas e geográficas.

Do ponto de vista de políticas da Literatura (dimensão simbólica), do Livro (economia) e da Leitura (fomento), o evento contou com a participação de diversos atores das distintas cadeias do livro e mediadores da leitura, como escritores, cordelistas, contadores de histórias, pesquisadores, historiadores, dentre outros.

Além da montagem do estande (expositores de livros, área de exposição de vídeos e de distribuição de catálogos, folders e marca páginas), juntamente com a equipe da produção da Quitanda das Artes, contratada pelo IACC, parceiro da ação, a Coordenadoria de Política do Livro e da Leitura acompanhou a participação cearense na I Feira Mundial da Palavra:

– Oficina de Cordel, com Klévisson Viana, no Instituto Internacional da Língua Portuguesa; Oficina de Xilogravura, com João Pedro de Juazeiro, na área de exposição do Palácio da Cultura de Cabo Verde; Lançamento “Catirina, Minha Nêga, Tão Querendo Te Vendê…”, de Hilário Ferreira Sobrinho, pela coleção Nossa Cultura, selo Panorama Nacional, da SECULT, no Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro de Cabo Verd; Lançamento “O Pictórico na Poesia Caboverdiana: dos claridosos a Kiki Lima”, de José Leite Júnior, pela coleção Nossa Cultura, selo Panorama Nacional, da SECULT, no Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro de Cabo Verde; Lançamento “África-Brasil-Portugal: história e ensino da história”, pela Edições UFC, com a participação de Adelaide Gonçalves e Franck Ribard, no Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro de Cabo Verde; Lançamento “Dragão do Mar: a construção do herói jangadeiro”, de Patrícia Pereira Xavier, pela coleção Outras Histórias, da Associação dos Amigos do Museu do Ceará, ganhador do Edital do Prêmio Literário para Autor Cearense da SECULT, categoria selo editorial Manoel Coelho Raposo, no Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro de Cabo Verde; Palestra “Diáspora Africana no Ceará”, com Francisco José Pinheiro, no Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro de Cabo Verde; Palestra “Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas no Ceará”, com Maria Aparecida de Lavor, no Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro de Cabo Verde; Palestra “Narrativas ao Sol: natureza e história”, com Sarah Diva Ipiranga, para alunos de Literatura na Universidade de Cabo Verde; 3 Contações de Histórias, com Júlia Barros, uma na praça Grande da rua Pedonal da Cidade de Praia, e 2 em escolas públicas em Cabo Verde; 1 Apresentação dos repentistas Zé Maria de Fortaleza e Tião Simpatia, na praça Grande da rua Pedonal da Cidade de Praia; Exposição “Mundo da Serigrafia”, comemorativa dos 50 anos de produção do artista multimídia Zé Tarcísio; Mostra de filmes produzidos pela Casa Amarela da UFC e produzidos com o apoio da SECULT; Mostra de Xilogravuras do artista João Pedro de Juazeiro; Doação de X livros, 100 revistas e de 1.000 folhetos de cordéis para o Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro de Cabo Verde; Doação de 2.500 Catálogos Únicos de Editoras Cearenses a serem distribuídos pelo Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro em todas as livrarias das 10 ilhas que integram o arquipélago de Cabo Verde, como política de difusão e exportação de editoras e autores cearenses; Distribuição, por meio da Câmara Cearense do Livro, de 1.100 catálogos para as editoras cearenses.

Maiores informações: (85) 3101.1169 – copla@secult.ce.gov.br