Tesouros Vivos 2007

8 de janeiro de 2013 - 13:33

Antônio Gomes da Silva

Nome Artístico: Totonho
Nascimento: 13 de fevereiro de 1960
Cidade: Mauriti, no distrito de São Félix
Atividade: Luthier de Violino
“Luthier Manifestação artística que engloba a construção e restauração, de modo artesanal, de instrumentos de corda com caixa de ressonância, tal como a violino, viola, violoncelo, contrabaixo.”

Mestre Totonho, pequeno agricultor, divide seu tempo entre os trabalhos na roça e numa oficina improvisada no quintal de sua casa, onde ele constrói violinos, violoncelos, contrabaixos e violas. Começou a se interessar pela arte depois que conheceu o maestro italiano e fabricante de violinos Augusto Lombardi, numa viagem a São Paulo. Por essa oficina já passaram alguns jovens com  intuito de aprenderem a profissão.

Getúlio Colares Pereira

Nome Artístico: Getúlio Colares
Nascimento: 23 de março 1929
Cidade: Canindé
Atividade: Sineiro
“Sineiro: A atividade tradicional da cultura, onde o ritmo dos sinos das igrejas toca a vida das cidades e divulga informações importantes para a população. O ofício de sineiro é executado com dedicação rigorosa.”

Mestre Getúlio, começou a tocar sinos com a idade de 15 anos, precisamente no dia 29 de junho de 1944 por ocasião de uma procissão em homenagem ao Coração de Jesus. O povo de Canindé conhece os seus repiques e sabe quando é ele, Getúlio, que está tocando. Aliás seus repiques estão presentes em LP’s (Músicas e hinos dedicados a São Francisco). Com habilidade toca o sino em ritimos diferentes para ocasiões especiais, toques para momentos alegres e toques para momentos tristes e com repertório de oitenta e cinco toques diferentes.

João Lucas Evangelista

Nome Artístico: Lucas Evangelista
Nascimento: 06 de maio de 1937
Cidade: Crateús
Atividade: Cordelista e violeiro
“Cordel: Poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos com estrofes (as mais comuns) de dez, oito ou seis versos. Os cordelistas recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados geralmente de viola.”

Mestre Lucas Evangelista,  ainda na infância teve contato com a Literatura de Cordel através de seus pais que gostavam de cantar e recitar histórias tradicionais. Residindo em Fortaleza iniciou a vida de vendedor de folheto de cordel e violeiro, fazendo a sua primeira apresentaçãpo na Praça dos Leões. Depois, na companhia do irmão, Pedro Evangelista, também poeta e repentista, passou a cantar em outras praças da capital, daí para o interior e outros estados. Publicou centenas de “romances”, folhetos e gravou outra centenas de canções e poemas de cordel. Hoje boa parte de sua produção poética está gravada em discos, fitas K-7 e Cds. A origem popular de suas canções levaram cantores como Frank Aguiar e grupos como Calango Aceso, Masrtuz com Leite a gravarem suas músicas e poemas. Boa parte de suas histórias em Cordel foram publicadas pela  Editôra Luzeiro que tem distribuição nacional. Atualmente vem se apresentando ao lado da violeira Luzia Dias já tendo, com ela, gravado alguns CD’s.

Maria Assunção Gonçalves

Nome Artístico: Assunção Gonçalves
Nascimento: 1° de junho de 1916
Cidade: Juazeiro do Norte
Atividade: Artesão e Artista plástico

Mestre Assunção Gonçalves, com atividades nas áreas do artesanato (bordado, rendas) e das artes plásticas (pintura), é também considerada guardiã da memória, destacando-se os fatos ocorridos à época do Padre Cícero Romão Batista. O trabalho em renda pode ser visto adornando toalhas, lenços e colchas. Sabe-se que boa parte de sua produção, nesta atividade, se encontra nas mãos de colecionadores comprovando a habilidade e delicadeza artesanal. Assunção Gonçalves se destaca também na arteculinária sendo confeiteira em atividade preparando doces e bolos apreciados na região do Cariri.

Maria de castro Firmeza

Nome Artístico: Dona Nice
Nascimento: 18 de julho de 1921
Cidade: Fortaleza
Atividade: Artesã. Atua em bordado, culinária e artes plásticas.

Mestre dona Nice, no que se refere ao bordado, apresenta-se como das mais criativas, sobressaindo-se com um estilo próprio, em desenhos e cores. Professora, ministra cursos de desenho, pintura e bordado, mostrando, sempre, em suas aulas, a norma básica do fazer artístico  estimulando o lado criativo e a capacidade individual. Suas peças são únicas e reconhecidas como verdadeiras obras de arte. Suas atividades nas tres áreas de atuação foram destacadas em reportagem publicada no Diário do Nordeste, edição de 25 de junho de 2006, de autoria do professor Gilmar de Carvalho.

Maria do Horto

Nome Artístico: Dona Maria do Horto
Nascimento: 19 de junho de 1944
Cidade: Juazeiro do Norte
Atividade: Bendito
“Bendito: manifestações de religiosidade popular da era cristã e que ainda persiste em cantos que acompanham procissões e as visitas do Santíssimo.”

Mestre Dona Maria do Horto, é lavadeira de roupas e conhece um vasto repertório da tradição oral religiosa, sendo conhecida pela arte de cantar benditos de sua propria autoria. Reside no Ceará há mais de cinqüenta anos  com endereço à rua Pedra do Joelho, s/n, no Horto,  em Juazeiro do Norte, região do Cariri. Dona de uma voz potente, suas composições falam do universo religioso ligados ao Padre Cícero, seus milagres e a fé incontida do povo. Embora muito conhecida na cidade fez a sua primeira exibição pública em evento no ano de 2003 quando subiu a um palco para cantar com a Orquestra de Rabecas Cego Oliveira nos festejos de aniversário do Padre Cícero daquele ano. Em 2004 participou da Mostra de Arte do Sesc a convite do músico Francisco de Freitas, participando também da gravação do CD “Música do Povo Cariri”. Em 2005 o Sebrae financiou um projeto de CD onde Maria do Horto teve participação cantando um bendito. Ano passado fez apresentação no projeto Mostra de Música do Sesc em Juazeiro e também apresentou-se no Encontro com  Mestres  do Sesc, realizado no Crato.

Maria Odete Martins Uchoa

Nome Artístico: Odete Uchoa
Nascimento: 6 de janeiro de 1946
Cidade: Canindé
Atividade: Medicina Popular
“Medicina popular: Uso de plantas medicinais para prevenir e curar doenças. Há também o lado mágico, suas ações e orações que o povo utiliza na cura dos seus males físicos e mentais.”

Mestre Odete Uchoa há mais de 30 anos ela vem observando e estudando as plantas e médotos de aproveitamento.  Os conhecimentos que tem no campo da medicina popular são uma herança de seus antepassados, núcleos indigenas, que ela vem acumulando, no âmbito familiar, através de várias gerações. Desde a infância Odete convive com remédios caseiros, indicados por sua avó, repassados por sua mãe, descendentes dos índios Canindés em funçõao da carência de médicos na região, a falta de hospitais. Ainda na adolescência teve acesso a um livro que tratava de Plantas Medicinais.

Moisés Cardoso dos Santos

Nome Artístico: Mestre Moisés
Nascimento: 26 de março de 1945
Cidade: Trairi
Atividade: Dança do Côco
“Coco-Dança de trabalho de origem africana que inclui uma roda animada pela batida de um ganzá ou de um caixão, além de um desafio de sapateado com a umbigada.”

Mestre Moisés, pescador, herdou  de seus antepassados indigenas a tradição do Côco, dança que conhece desde a infância, por influência de seu avô. Ele vem mantendo a manifestação e já introduziu os filhos na “brincadeira” na tentativa de perpetua-la na âmbito da família como vem se processando há quatro gerações. Moisés criou inclusive uma escolinha para repassar a dança, tendo iniciada com 50 participantes entre crianças e adolescentes da própria localidade, iniciativa que ganhou projeção na comunidade.  Tradicionalmente a dança do Côco de Lagoa do Alagadiço é realizada com um grupo de 15 brincantes adultos. Os passos, o ritimo, o movimento corporal tem relação com universo do trabalho rural.

Sebastião Cosme

Nome Artístico: Sebastião Cosme
Data de Nascimento: 8 de dezembro de 1940
Cidade: Juazeiro do Norte
Tradição Cultural Desenvolvida: reisado
“Reisado Folguedo do ciclo natalino, que representa o cortejo dos Reis Magos em peregrinação à Terra Santa, durante a qual faz autos, travando batalhas e apresentando espetáculos”

Mestre Sebastião Cosme começou como brincante de reisado com 9 anos de didade. Aos 15 já era “embaixador” e, com apenas 17 anos, formou o seu próprio grupo, o “Reisado de São Sebastião” quando já residia em Juazeiro do Norte.  Desde então vem se dedicado ao espetáculo, ajudando a manter viva as tradições populares como o Reisado e o Maneiro-Pau. É figura conhecida em Juazeiro do Norte e seu grupo vem se apresentando em festas tradicionais e eventos na região do Cariri.

Terezinha Lima dos Santos

Nome Artístico:
Tereza Lino
Data de Nascimento: 7 de junho de 1941
Cidade: Beberibe
Tradição Cultural Desenvolvida: Dramista
“Dramas Pequenas encenações com diálogos cantados sobre motivos líricos ou cômicos, interpretadas geralmente por mulheres e crianças”

Mestre Tereza Lino teve os primeiros contatos com o drama ainda na escola primária, através de duas professoras contratadas para dar aulas na comunidade. Corria o ano de 1950 quando o primeiro drama foi encenado sob a coordenação das professoras. Desde então Tereza Lino vem participando de montagens, criando peças, acompanhando, evidentemente, as altas e baixas do movimento dramista em Beberibe. Em 1992, Tereza Lino passou a integrar um grupo de dramas de suas primas, Umbelina Vieira e Maria Alice Vieira, na localidade de Encruzilhada, município de Fortim. Aos poucos, foi percebendo a importância que o povo dava ao drama e  ao trabalho de valorização que os órgaõs ligados à cultura vinham fazendo em prol da arte popular de um modo geral. Continuou apresentando-se com outras dramistas em sua comunidade. O reconhecimento ganhou nível estadual com  a inclusão dos dramas do grupo de Tereza Lino em eventos realizados em Beberibe, Aracati, Guaramiranga e Fortaleza. Entre os vários registros sobre o seu trabalho, destaque-se o realizado através do Projeto Secult Intinerante, cujo texto foi publicado no livro “Memória dos Caminhos”, escrito por Oswald Barroso, em 2006.

Vicente Chagas Gondim

Nome Artístico: Vicente Chagas
Data de Nascimento: 2 de julho de 1937
Cidade: Guarmiranga
Tradição Cultural Desenvolvida: Reisado
“Reisado Folguedo do ciclo natalino, que representa o cortejo dos Reis Magos em peregrinação à Terra Santa, durante a qual faz autos, travando batalhas e apresentando espetáculos”

Mestre Vicente Chagas, desde os 15 anos de idade, tem envolvimento com Reisado, sendo, atualmente, um dos mais conhecidos “topador de boi” do Maciço de Baturité. Seu grupo é formado com  várias “figuras” – cavalo marinho, boi, burrinha, entre outros – todos confeccionados por ele que detém a memória do espetáculo. Apresenta-se em festas e em eventos culturais promovidos no Município.  Preocupado com a falta de interesse das novas gerações, ele vem fazendo um trabalho de repasse dos seus conhecimentos para turmas de estudantes da comunidade, selecionados nas escolas públicas da região.

Silvino Veras D’Avila

Nome Artístico: Mestre Vino
Data de Nascimento: 5 de setembro 1917
Cidade: Irauçuba
Tradição Cultural Desenvolvida: Luthier de Rabecas
“Rabequeiro Construtor e instrumentista que toca uma espécie de violino não-padronizado, que anima as festas e folguedos populares no interior do Brasil.”

Mestre Vino, carpinteiro aposentado,  vem  há mais de 70 anos confeccionando rabecas. Constrói o instrumento e o manuseia, tocando com facilidade. Suas rabecas são famosas e ele nem conta mais as que fez de encomenda para municípios do Ceará, de outros Estado e até para Europa. O processo de fabricação de suas rabecas envolvem madeiras especiais e de vários tipos para um mesmo instrumento. Tudo é feito artesanalmente, inclusive as colas, os  vernizes e as tintas. Mestre Silvino aprendeu sozinho a construir e a tocar rabecas. Sobre o seu trabalho há uma reportagem publicada no jornal Diário do Nordeste de 28.07.2003, de autoria de Gilmar de Carvalho, incluída no livro “Artes da Tradição: Mestres do Povo” de sua autoria.