A Exposição do Sagrado Coração do Ceará

19 de dezembro de 2012 - 16:20

O Memorial da Cultura Cearense, do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, convida para a exposição “O Sagrado Coração do Ceará”, dia 20 de dezembro, 19h30.

 

Uma reflexão sobre a fé e suas manifestações, ancorada na diversidade cultural cearense, pondo em valor tanto as manifestações do catolicismo tradicional – como de sua vertente sertaneja ou popular, – ressaltando ainda aspectos das culturas indígenas e africanas.

 

“O Sagrado Coração do Ceará” evidencia a força da ligação do homem com o mistério e faz um apanhado de crenças, rituais, aspectos abrangentes e detalhes da busca que o homem sempre teve para explicar a força e a importância dos deuses no contexto cultural.

 

Partindo de uma visão macro de religiosidade e de fé, a mostra está estruturada em cinco núcleos: “ O Juazeiro do Padre Cícero” , “São Francisco de Canindé” , “Sobral de Dom José Tupinambá da Frota”, “São José e os Santos Padroeiros” e “Crenças e Cultos”. Reúne objetos, esculturas, fotografias, pinturas, adereços, acessórios de cultos, música incidental, imagens em movimento e outros recursos narrativos próprios da liturgia abordada.

 

“O Juazeiro do Padre Cícero” visita a Ladeira do Horto e as suas romarias, foca as paredes votivas e os altares domésticos, vai à Casa dos Milagres, adentra o Centro Cultural Mestre Noza. O sentimento romeiro se evidencia na força que emana dessas vivências e extrapola qualquer racionalismo.

 

“São Francisco de Canindé” mostra como um santo europeu ganhou cidadania sertaneja e se transformou em um vaqueiro, com gibão, perneiras, chapéu, enfrentando a rês desgarrada nos confins das terras mais áridas. Vem gente de todo o Nordeste em busca deste homem de Assis, Itália, que rejeitou os sinais evidentes de riqueza, e tentou colocar a Igreja dentro de outros parâmetros. Ficou a fé, a defesa da ecologia, a rejeição da pompa e um jeito que se afina com o jeito de ser destas populações tão carentes quanto devotas.

 

“Sobral de Dom José Tupinambá da Frota” apresenta o apogeu dos rituais e a força do catolicismo canônico, fiel às normas de Roma, com toda a ortodoxia vigente. A recolha feita pelo “Bispo Conde” se traduz numa rica estatuária e objetos vindos do Museu Dom José de Sobral. Aqui, também, a força do povo se reforça na expressão de pintores e escultores cearenses do séc. XIX, e das marcas nativas que esses objetos transplantados ganharam com o tempo e com as possibilidades das apropriações feitas.

 

“São José e os Santos Padroeiros” passeia pela diversidade dos oragos protetores de vários municípios, evidenciando, através das imagens, devoções, gratidões e fidelidades.

 

“Crenças e Cultos” aborda expressões das nossas raízes, desde as Missões Jesuíticas, dentre as quais se evidencia a Missão da Ibiapaba, que resultou na cidade de Viçosa do Ceará, onde Padre Antônio Vieira pregou. Depois de anos de apagamento, esquecimento e rejeição, as etnias indígenas resistiram, seus rituais permaneceram e se atualizaram na contemporaneidade, ocupando a cena religiosa com a Dança do Toré, seus encantados e mitologias. A cultura africana, também subjacente, é referendada nas suas expressões que remetem às irmandades religiosas que coroavam seus reis e rainhas, nas procissões, que resultaram no maracatu, cortejo solene, com sua batida plangente, deslocado, depois, para o carnaval de rua.