Filosofia e literatura foram destaques de bate-papo com Márcia Tiburi durante X Bienal Internacional do Livro do Ceará

19 de novembro de 2012 - 16:24

A jovem mulher de vestido claro e cabelos nos ombros adentrou o auditório Félix Guanabarino (Adolfo Caminha) sem cerimônia. Puxou uma cadeira e desatou a falar com o público, como se este fosse um velho conhecido. Márcia Tiburi, no bate-papo sobre o romance “Era Meu Esse Rosto” (Editora Record), versou sobre uma escrita difícil, que durou 13 anos e foi feita para a tia, que não trabalhou, não casou e só fez uma coisa na vida: ir ao cemitério. Ela mesma, em tom de sinceridade, disse não ter simpatia pelo gênero do livro que estava lançando. “Não gosto de romances. Ler mesmo, eu gosto de ler Filosofia”, confessa. Com audácia e sem papas na língua, a filósofa pareceu autêntica nas queixas, elogios e desabafos, elementos que marcaram a conversa ocorrida no sábado,17, durante a X Bienal Internacional do Livro.

O amor pela Filosofia é algo marcante na fala de Tiburi. “O texto de Filosofia faz você pirar, é desafiador”, revela. Na visão da escritora, existe uma linha nada tênue entre Literatura e Filosofia. Segundo ela, na primeira, a expressão tem um elevado peso, é aberta e tem mistérios. O texto filosófico, não. Passa a ideia de comunicar algo, é formador. Durante o bate-papo, Márcia avaliou o atual cenário literário com bastante positividade. Disse que há espaço para os que vão ao encontro deste lugar, mas, exalando o espírito crítico comum em todo o discurso exposto na Bienal, fez severas críticas às leis de direitos autorais.

Ao final, Márcia respondeu as perguntas dos presentes e declarou a intenção de sair da normalidade, escrever o que faz dela uma escritora selvagem, audaciosa. Talvez, seja este um reflexo do que há de mais íntimo na Filosofia, que, na visão dela, não se aprende facilmente, não é algo a ser traduzido às massas. Diante de tal reflexão, a filósofa deixou clara a ideia de que devemos fazer o que quisermos com a arte filosófica e literária, e finalizou dizendo que “talvez assim (essas artes) fiquem mais interessantes”.

Sobre Márcia Tiburi

Márcia Tiburi é graduada em filosofia (PUC-RS) e artes (UFRGS). É também mestre (PUC-RS, 1994) e doutora em filosofia (UFRGS, 1999), área em que publicou diversas obras. Como escritora, já participou de diversos eventos literários, entre eles a Jornada Literária de Passo Fundo, a Fliporto, o Festival da Mantiqueira, a Tarrafa Literária de Santos, as Bienais do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais, as feiras de Ribeirão Preto, de Porto Alegre, de Santa Maria, a Panamazônica de Belém, e diversas outras.
Escreveu para revistas e jornais e, desde 2008 é colunista da Revista Cult. É professora do Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Mackenzie e professora convidada da Fundação Dom Cabral. Realiza palestras sobre filosofia, ética e educação e temas relacionados.

• Mais informações para a Imprensa sobre o assunto, falar com a AD2M Engenharia de Comunicação, empresa responsável pela assessoria de imprensa da X Bienal Internacional do Livro do Ceará.