No ritmo certo
Mas por que a escolha da música como linguagem para o primeiro Evento Estruturante? Cidade tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Viçosa do Ceará também já era reconhecida por sua vocação musical. “Pela proximidade de Viçosa do Piauí, imediatamente compreendemos que aquele festival teria um grande potencial para se tornar um grande encontro de instrumentistas do Norte e Nordeste do País”, escreve Leitão.
Assim, o Mi foi idealizado como um grande encontro de formação musical para alunos da rede pública estadual, músicos, educadores e instrumentistas do Ceará e estados próximos. Já na primeira edição, foram oferecidas capacitações a cerca de 600 estudantes, inscritos em 27 oficinas nas áreas de Musicalização, Instrumental, Vocal, História e Projetos Especiais.
Entre os professores estavam artistas consagrados como Heriberto Porto, Carlinhos Ferreira, Rafael dos Santos e Consíglia Latorre, então diretora artístico-pedagógica do Festival. No palco montado próximo à Igreja do Céu, a Orquestra Eleazar de Carvalho brilhou sob a regência do maestro Márcio Landi, com homenagens a Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga e Villa-Lobos.
A ênfase nas oficinas e sua grande aceitação logo nas primeiras edições concretizaram a vocação educacional e de fomento do Festival, a partir do entendimento da música não apenas como uma linguagem para expressão e criação artística, mas como ferramenta de transformação social.
Guiados pela proposta do intercâmbio de experiências, esses encontros possibilitaram tanto práticas de iniciação quanto de aperfeiçoamento em instrumentos, além de facilitar a construção de redes de contato e estimular a formação de orquestras, bandas e corais, contribuindo para a formação de músicos, artistas e público em todo o Ceará.
“O Festival foi um sucesso desde sua primeira edição. Músicos profissionais e amadores, cantadores, professores de música, pesquisadores e demais interessados nos fizeram encerrar muito cedo as inscrições e lotaram as aulas e apresentações“, recorda Leitão no livro. “Nossa dificuldade era levar de volta para Fortaleza alguns nomes consagrados que, simplesmente, se encantaram com aquela cidade linda, de clima agradável, com uma cachaça deliciosa. Assim foi com Luiz Melodia, Johnny Alf e Miúcha” escreve.