Arquivo Público do Ceará iniciou ações culturais que demarcam os 93 anos da instituição

18 de fevereiro de 2025 - 16:11

Instituição recebeu debate com ex-gestores do espaço, abertura de exposição e anúncio de novo ciclo de palestras durante 2025

                              Encontro de várias gerações que escrevem a história do Apec Foto: Lucas Calisto

Nesta quinta-feira (13), às 14h, o Arquivo Público do Estado do Ceará (Apec) iniciou uma série de ações que demarcam os 93 anos de serviços prestados pela instituição. Toda a equipe de profissionais que se dedica ao funcionamento do Arquivo entregou uma tarde especial para o público.

Quem compareceu ao Solar Fernandes Vieira, edificação tombada que sedia esse importante espaço de preservação da memória no País, acompanhou um debate com a participação de ex-gestores do Apec. A mesa contou com as presenças e falas das referências Walda Wayne, Mardonio Guedes e Márcio Porto.

Além desse encontro, mediado pela diretora do Arquivo Público do Estado do Ceará, Janaína Ilara, foi inaugurada exposição com documentos que contam um pouco dos desafios que o Arquivo Público testemunhou nestas nove décadas de cuidado e promoção do acesso à informação.

Outro destaque foi o lançamento do ciclo de palestras “Arquivo, Informação e Conexão”. A cada última quinta-feira do mês, o Arquivo Público reunirá importantes nomes para conversar temas que atravessam a história do Ceará e o acervo que compõe a instituição, localizada na Rua Senador Alencar, 348, Centro de Fortaleza.

“Ao longo desses 93 anos, o Arquivo Público do Estado do Ceará ocupou alguns endereços aqui em Fortaleza, quase todos sempre no centro da cidade. Mas, independente do espaço onde estivesse, sempre cumpriu a missão de preservar, guardar as informações inicialmente administrativas, que posteriormente se tornarão informações históricas e deixar isso disponível para toda a população”, destaca a diretora Janaína Ilara.

O Apec é mantido pelo Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult). É um dos 27 espaços de cultura no estado que formam a Rede Pública de Equipamentos Culturais do Ceará (Rece).

Encontro com ex-gestores

Durante a mesa de debate, o público participante testemunhou as falas de quem construiu parte da história do Arquivo Público. Segundo Mardonio Guedes, o órgão realiza um trabalho único.

“Cumpre uma árdua e bela missão de preservar os documentos históricos do nosso Estado, nosso patrimônio documental e disponibilizar para a população, para o cidadão cearense, documentos históricos, tanto na perspectiva de pesquisas históricas que podem ser desenvolvidas, como também na perspectiva de disponibilizar documentos comprobatórios, documentos de ordem cartorial e documentos de comprovação jurídica a partir de questões ligadas a inventários e escrituras de bens”, detalha Mardonio Guedes.

                                              Debate aconteceu no auditório do Apec Foto: Lucas Calisto

Walda Weyne, por sua vez, celebra o marco histórico do Apec. A ex-gestora destaca que nestes quase 100 anos de serviços à população, o Arquivo Público sempre esteve de portas abertas. “Nunca fechamos o Arquivo Público. Isso é uma coisa fantástica, não é? E isso graças aos funcionários e à direção do Arquivo. É um órgão dos mais importantes e precisa ter visibilidade. Ele promove o desenvolvimento do Estado”, situou.

Durante sua participação no debate, Márcio Porto ressaltou que a política arquivística significa racionalidade no fluxo da movimentação, transparência e ética. “Uma série de problemas e custos serão resolvidos se você tem isso que é a gestão documentária. A administração pública precisa ter a clareza de que a política de Arquivo é uma política pública fundamental, indispensável para evitar problemas de acúmulo excessivo de documentos”, avaliou.

Resistência em prol da memória e justiça

A iniciativa “Arquivo, Informação e Conexão” busca aproximar o Apec de pesquisadores, estudantes e demais interessados na história documental. As palestras são mensais e acontecem às quinta-feiras, até o fim do ano.

O primeiro ciclo de palestras abordará as seguintes temáticas: “Associação Anistia 64/68” (27/03), “Memórias Reveladas” (25/04), “Educação” (29/05) e “Governo do Estado” (26/06).

“A ideia desse ciclo é podermos compartilhar com o público externo um pouco do dia a dia do Arquivo Público, dos Fundos, de como é feito o trabalho até chegar à sala de pesquisa, onde a maioria dos usuários e dos pesquisadores acessam o Arquivo Público”, finaliza a diretora Janaína Ilara.

                           Mardonio Guedes, Márcio Porto, Janaína Ilara e Walda Wayne Foto: Lucas Calisto

Arquivo Público é história viva

A missão do Arquivo Público é contribuir diretamente com a gestão, recolhimento e preservação dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo Estadual. A partir desta diretriz, este espaço garante o acesso aos documentos sob sua guarda, estimulando a pesquisa e o conhecimento da história para inúmeras gerações de cearenses.

O acervo reúne correspondências, processos, relatórios, censos, certidões, inventários, mapas, plantas e diversos outros documentos, provenientes do Poder Executivo, e, também, de particulares, desde o século XVII. Sua diversidade de documentos e a pluralidade de temas situam o Arquivo Público do Ceará como um importante de preservação, estudo e reflexão da história local e nacional.

Ao longo de 93 anos, o Apec foi sediado em diferentes prédios da capital cearense. Em 1993, é estabelecido no Solar Fernandes Vieira. Recuperado pelo Governo do Ceará, a edificação foi construída em 1880 pela família Fernandes Vieira. Trata-se de um casarão em estilo neoclássico, característico do século XIX, formado com 15 janelões no térreo e 19 sacadas no pavimento superior.