Theatro José de Alencar lança diagnóstico inédito dos Jardins de Burle Marx

24 de maio de 2024 - 20:47

Estudo sobre histórico jardim localizado no equipamento da Secult Ceará resulta de trabalho desenvolvido pelo projeto “Portas Abertas – Experiências e Aprendizagem Cultural”

                  Trabalho de avaliação do oitizeiro (Moquilea tomentosa) que integra o jardim Foto: Fernanda Rocha

Espaço singular na cultura do País, o Theatro José de Alencar (TJA) também reserva a experiência do convívio com a natureza. Localizado no lado leste do equipamento, o histórico conjunto de jardins do TJA reflete a importância da preservação do patrimônio verde nos espaços públicos.

Projetado por Burle Marx (1909-1994), considerado o mais importante paisagista brasileiro, o jardim completa 50 anos de inauguração em 2015. Sua presença é vital ao cotidiano do centenário teatro da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM).

A partir do trabalho desenvolvido pelo projeto “Portas Abertas – Experiências e Aprendizagem Cultural”, o TJA lança o inédito estudo “Diagnóstico dos jardins de Burle Marx no Theatro José de Alencar”. Com 111 páginas, o documento identifica e apresenta a atual condição das espécies vegetais que compõem o jardim. O estudo pode ser acessado aqui.

O levantamento também ajuda a estabelecer diretrizes para manutenção, conservação e preservação do espaço, que conta com palco e uma grande área livre para realização de diversos eventos. Disponível ao público, “trata-se de um oásis, um refúgio no caos urbano, povoado de verde, de sombra segura e espaços para descanso, além de proporcionar uma ampliação dos espaços cênicos e das mais variadas atividades do TJA”, explica a arquiteta e urbanista Fernanda Rocha.

Preservação em cena

Em abril de 2022, a direção do TJA solicitou avaliação acerca das condições do oitizeiro (Moquilea tomentosa) que integra o jardim. Ao longo de meses de observação organizada por peritos e órgãos competentes, verificou-se a necessidade de um completo diagnóstico do local e ações de manutenção preventiva.

O trabalho do “Portas Abertas – Experiências e Aprendizagem Cultural” foi efetivado por uma equipe multidisciplinar, coordenada pelos arquitetos e urbanistas Fernanda Rocha e Matheus Moreira. O grupo também reuniu os engenheiros agrônomos Lamartine Oliveira e Sérgio Castro (inventário e identificação das espécies), os jardineiros Deivid Carneiro, Davi Estevan, Delan Alexandre, Jhon Estevan e Luis Carlos (execução das manutenções) e apoio dos estagiários João Victor, Maria Yolanda, Elves Mardonio e Victor Brito.

                                                             Visitas guiadas ao jardim fizeram parte do trabalho

Dentre as espécies nativas do Ceará que atualmente compõem os jardins do Theatro José de Alencar estão o Cajueiro (Anacardium occidentale), Jucá (Libidibia férrea var. ferrea), Oitizeiro (Moquilea tomentosa), Pacavira (Heliconia psittacorum), Wedélia (Sphagneticola trilobata) e Chanana (Turnera subulata). De outras regiões do País, o conjunto conta com Pau-Ferro (Libidibia ferrea var. leiostachya), Pau-Brasil (Paubrasilia echinata) e Clusia (Clusia fluminensis).

Com embasamento técnico, científico e legal, esta equipe realizou três manutenções para limpeza, manejo de espécies vegetais (remoções, transplantes e produção de mudas) e adubação e controle de insetos. Toda ação envolveu o diálogo constante com a gestão do TJA.

Interesse público

Para destacar o papel educativo desta ação pioneira, o Portas Abertas organizou três lives (pelo canal do YouTube do Instituto de Arquitetos do Brasil Departamento do Ceará — IAB-CE) seguidas de visitas guiadas gratuitas e abertas ao público nos jardins históricos do Theatro José de Alencar.

Segundo Fernanda Rocha, este espaço alinha-se com a definição contida na “Carta de Florença” (1981). Os jardins históricos do TJA são uma “composição arquitetônica e vegetal que, do ponto de vista da história ou da arte, apresenta um interesse público”. É representativo no Ceará, da atuação do escritório do paisagista Roberto Burle Marx, ícone brasileiro e mundial do paisagismo moderno.

“O tombamento desses jardins, como instrumento legal de reconhecimento e proteção deste importante patrimônio cultural do nosso Estado, visa protegê-lo e possibilita a promoção de garantias para sua integridade e segurança, sendo mais um diferencial para este importante monumento da cultura do Ceará, além de facilitar ações para captação de recursos para sua manutenção e conservação adequadas”, conclui Fernanda Rocha.