Museu da Imagem e do Som do Ceará realiza conversa aberta com Panamby sobre impactos do som em corpos e ambientes

8 de dezembro de 2023 - 11:56

 

 

A ação prevista no edital “Ateliê de Criação – Tecnologias Tranvestigêneres” acontece neste sábado; artista também ministrará terceiro módulo de formação artística.

 

O Museu da Imagem e do Som do Ceará realiza a roda de conversa “Oracular, auricular, oricular: pistas para órbitas sônicas” neste sábado (9) conduzida pela artista Panamby às 17h na praça do museu. A programação é gratuita e aberta ao público. O MIS integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, com gestão parceira do Instituto Mirante de Cultura e Arte.

Oracular, auricular, oricular: pistas para órbitas sônicas

Panamby irá propor uma conversa sobre estados de escuta ampliada e impactos do som nas corpas e ambientes. De banhos sonoros, os cantos dos corpos celestes, as sinfonias das florestas, a zuada das cidades, armas sônicas de uso bélico, sessões de improvisação coletivas, a fala pretende tratar sobre uma certa variedade de possibilidades de sons, refletindo sobre a potência destes enquanto frequências e manifestações do invisível, atravessando e modificando estruturas pelas vibrações.

A programação faz parte das ações do Ateliê de Criação Tecnologias Transvestigêneres. O Ateliê é uma formação artística desenvolvida pelo “Trair o CIStema”, programa de ação educativa e difusão do MIS que tem como objetivo a promoção de criações artísticas, ações educativas e de pesquisa desenvolvidas por pessoas trans, travestis e não bináries.

Sobre Panamby 

Artista, desensinadore, mãe/mamão. Bacharel em Comunicação das Artes do Corpo – PUC-SP, mestre e doutore em Artes – PPGARTES-UERJ. Desenvolve trabalhos em múltiplas linguagens desde 2008, dedicando-se à pesquisa e criação a partir de limites psicofísicos atrelados a práticas de modificação corporal em experiências rituais, aparições, vultos e visagens. Segue suturando na vida após a pós e trilhando caminhos de cura transitando por territórios (SP/RJ/MA). Passou a gerar sonoridades como prática poética no/do escuro, principalmente a partir de 2015, como tentativa de tanger o invisível e comunicar em outras línguas/língua-gens.

Ateliê de Criação Tecnologias Travestigêneres – Módulo 3: Tecnologia como Transmutação 

Além da roda de conversa aberta realizada por Panamby, a artista ministra entre os dias 5 e 8 de dezembro o módulo 3 “Tecnologia como Transmutação” do “Ateliê de Criação – Tecnologias Tranvestigêneres”. A formação artística é voltada exclusivamente para pessoas trans, travestis e não-binárias, que proponham diálogos entre os campos da arte e da tecnologia. Para esta ação, foram selecionadas dez pessoas, por meio de edital público. Cada uma delas receberá uma bolsa no valor total de R$3.000,00, a ser paga em três parcelas. No total, 87 pessoas se inscreveram para participar. O processo formativo teve início em novembro e segue até janeiro de 2024. Ao final, será produzida uma obra coletiva, além de uma publicação digital. O Ateliê de Criação é desenvolvido pelo programa Trair o CIStema.

O Ateliê de Criação busca fomentar a investigação das relações entre arte, tecnologia e as realidades vividas por pessoas trans, travestis e não-binárias, abrindo espaço para experimentações a partir de uma perspectiva transcentrada. É um espaço de investigação e intercâmbio de experiências, com ênfase na transdisciplinaridade, buscando aproximar, diluir e questionar as fronteiras e barreiras existentes entre linguagens artísticas e outros campos do conhecimento, incentivando o hibridismo e as experimentações que ocorrerão de forma presencial e online. As pessoas selecionadas participarão de diferentes processos formativos, que envolvem a mediação e a tutoria por parte de profissionais com relevante atuação no campo das artes, de forma individual e/ou coletiva, além de oficinas, aulas abertas e partilhas com outros equipamentos públicos.

O primeiro módulo do Ateliê, realizado de 13 a 17 de novembro, foi conduzido pela renomada artista, escritora e psicóloga clínica Castiel Vitorino Brasileiro, autora do livro “Quando o sol aqui não mais brilhar: a falência da negritude” (2022). A artista participou de exposições coletivas e individuais no Brasil, nacionais e internacionais. Sua mais recente exposição individual aconteceu na cidade de Nova York, com o título de “Relembre-se de Quando Conversamos sobre o nosso Reencontro” na galeria que a representa, a Mendes Woods. Castiel é uma das artistas que participa da 35ª Bienal de São Paulo.

Já o segundo módulo, conduzido entre os dias 28 de novembro e 1 de dezembro, teve como temática a sonoridade ancestral e polifonias ancestrais a partir da fala intitulada “CRIPTO: Cartografias Sonoras Ancestrais”, ministrada pela DJ Viúva Negra, artista soundmedia, DJ e produtor. O trabalho da artista perpetua a produção de espaços e vivências sonoras negrodescendentes, afroameríndias, ameafricanas, afrolatinas e LGBTQIAP+. Atuando como cyber ogan na Coletiva Negrada, DJ do baile Charme 2000 e Festa Crioula, e diretor da “é proibido mas se quiser pode” e seus selos. Como também DJ do cantor Mateus Fazeno Rock e já tocou em selos como o Matraca Bass em SLZ-MA.

Trair o CIStema

O programa “Trair o CIStema”, desenvolvido pelo MIS, teve início durante o mês da visibilidade trans, em janeiro de 2023, e vem desde então desenvolvendo ações educativas e de difusão tendo como premissa a valorização e o protagonismo de pessoas trans, travestis e não-binárias. O programa propõe um olhar para os pactos ficcionais da cisgeneridade, questionando-os e reinventando o imaginário construído socialmente sobre corpos desviantes das normas de gênero. Ele é conduzido por três pessoas que atuam no museu: a arte educadora Aires e as educadoras Garu e Pirani e rømã.

A busca pelo direito primordial: o direito de existir

É fundamental enfatizar que o Brasil ocupa, há 14 anos, o triste primeiro lugar em relação à mortalidade de pessoas trans, travestis e não-binárias. Diante desta estatística alarmante, o MIS-CE entende ser parte de sua missão, enquanto instituição pública de cultura, promover iniciativas para fortalecer a luta por direitos civis, especialmente a luta pelo direito primordial de todo ser humano: o direito de existir.

Esta ação inédita e histórica do edital do Ateliê de Criação Tecnologias Transvestigêneres busca contribuir para a promoção de políticas públicas no campo cultural, como estratégias educativas, que possam contribuir para a redução do número de violências contra pessoas trans, travestis e não-binárias no Ceará e no Brasil.

SERVIÇO:

Ateliê de Criação Tecnologias Transvestisgêneres | Conversas experimentais “Oracular, auricular, oricular: pistas para órbitas sônicas” com Elton Panamby

Data: 9 de dezembro, sábado

Horário: 17h às 19h30

Local: Praça do MIS

Evento gratuito e aberto ao público.

MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DO CEARÁ

Endereço: Av. Barão de Studart, 410. Meireles.

Funcionamento:

  • Quarta e quinta: 10h às 18h, com acesso às exposições até 17h30.

  • Sexta a domingo: 13h às 20h, com acesso às exposições até 19h30.

Entrada: gratuita.

Acompanhe a programação completa no Instagram: @mis_ceara.