Museu da Imagem e do Som do Ceará realiza programação diversa com instalação, rodas de conversa, exibições de filmes e exposições

3 de fevereiro de 2023 - 11:30

As ações desta semana incluem instalação performática, exibição inédita de filme experimental premiado e programação especial de visibilidade trans.

O Museu da Imagem e do Som do Ceará segue com cinco exposições abertas e, além disso, realiza de 02 a 05 de fevereiro uma programação diversificada com instalação performática de temática LGBTQIAP+, exibição inédita de filme experimental premiado no Festival de Cinema de Locarno, e uma ação especial de visibilidade trans, travesti e não binária, com exibição de vídeos selecionados em convocatória e roda de conversa sobre curadoria transcentrada. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público. O MIS integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, com gestão parceira do Instituto Mirante de Cultura e Arte.

“Refugo: Bixas são sereias descartadas como roupas no deserto”, de M.Dias Preto

O Museu da Imagem e do Som do Ceará recebe, de 02 a 05 de fevereiro, a instalação performática “Refugo: Bixas são sereias descartadas como roupas no deserto”, do artista visual M.Dias Preto.

Em um futuro próximo, no mar de roupas do deserto, surge um ser oriundo do descarte. Uma Bixa-Sereia. Nasceu como refugo e encontra na moda um refúgio. Lembranças da criança viada podada, do corpo militarizado e da sensação de rejeito. Descartam roupas assim como bixas. Mas esquecem que elas se replicam como vírus prontas para hackear.

A pesquisa “Refugo: Bixas são sereias descartadas ao deserto assim como roupas” surge da comparação entre o descarte de roupas oriundas do fast fashion, em paralelo ao descarte dos corpos de “Bixas”, as quais costumam servir apenas para o entretenimento ou uma noite de prazer. Nesse contexto, o autor da obra se deparou com sentimentos de rejeição que perpassam sua vida, trazendo à tona movimentos da sua infância e adolescência, vividas em escola militar. A moda, nessa pesquisa, surge como ponto de encontro entre memórias positivas e negativas. É uma construção e uma desconstrução do que é ser “bixa”. A instalação estará aberta à visitação na escadaria do anexo, no horário de funcionamento do MIS: na quinta (02), de 10h às 18h, e de sexta a domingo (03 a 05) das 13h às 20h. O acesso é gratuito.

Na sexta (03), será realizado um bate-papo de M.Dias Preto com Carol Outono (produtora da exposição) sobre o processo de construção da obra. A fala acontece a partir das 17h, na Praça do MIS.

M. Dias Preto

Artista visual cearense vencedor do Prêmio 2° Décio Noviello de Fotografia; participante do 72° Salão de Abril e Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto. Trabalha com a subversão da realidade por meio de múltiplas linguagens, tencionando questões LGBTQIAP+, de negritude e gênero, construindo novos universos através da manipulação digital ou manual de imagens.

Carol Outono

Estilista do Ateliê Outono, figurinista e produtora cultural. Atua na área de Economia Criativa e Economia Solidária, produzindo projetos de desenvolvimento social, econômico e artístico. Colaboradora do Salão das Ilusões e pesquisadora de moda vintage.

Sessão imersiva especial: “É Noite na América” (Ana Vaz, 2022)

“É Noite na América” (2022) é o mais recente filme da artista e cineasta brasileira Ana Vaz, e que ganha, na sala imersiva do MIS-CE, a sua segunda exibição no formato de três telas no Brasil, após uma temporada no centro cultural Pivô (SP). A obra, que é uma coprodução franco-italiana-brasileira, foi exibida no Festival de Cinema de Locarno (Suíça) em 2022 e recebeu menção especial no Pardo Verdi, prêmio dedicado a filmes de temática ambiental. “É Noite na América” também será exibido no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York, no final de fevereiro.

Um conto de eco-terror, “É Noite na América” segue os percursos e desvios de animais selvagens, fugitivos da destruição do cerrado brasileiro em plena Brasília moderna. Filmado em rolos de filmes de 16 milímetros vencidos e com a técnica cinematográfica chamada “noite americana” (filmar de dia simulando ser noite), a obra narra a trama soturna da chegada e sobrevivência desta fauna em fuga em busca de refúgio. Em uma abordagem experimental e não linear, o espectador é provocado a refletir os efeitos visíveis e subjetivos do colonialismo em diferentes corpos, territórios e espécies.

A exibição de “É Noite na América” é uma ação conjunta entre o MIS-CE e o Cinema do Dragão, por meio da Mostra Retroexpectativa 2023, e acontecerá no sábado (04), na sala imersiva do MIS (andar -2 do anexo), de forma contínua, das 13h às 20h. Tratando-se de um filme experimental e não linear, é possível entrar a qualquer momento da narrativa. A exibição será em formato especial: haverá projeção simultânea em três telas, que mostram ângulos diferentes de cada cena.

Para Pedro Azevedo, Coordenador de Acervo e Pesquisa do MIS e também curador da Mostra Retroexpectativa 2023, a exibição do filme de Ana Vaz é significativa. “Para o MIS, exibir É Noite na América marca mais uma vez o seu compromisso inegociável com a produção experimental independente, e traz pela primeira vez ao público cearense o trabalho de Ana Vaz, figura proeminente na cena do audiovisual experimental, com trânsitos importantes entre Brasil e Europa”, explica Azevedo.

Ana Vaz

É uma das mais relevantes artistas e cineastas contemporâneas, tendo os seus filmes e exposições circulado por diversos museus, festivais e cinematecas. O seu trabalho é marcado por um constante desafio experimental sobre as formas poéticas do cinema contemporâneo, ressaltando as profundas contradições do nosso tempo, e questionando, sobretudo, as práticas destruidoras da modernidade colonial.

Trair o CIStema: Fabulações Transcentradas – Mostra de vídeos “Imaginar Futuros Possíveis” e roda de conversa “O que pode uma curadoria transcentrada?”

No domingo (05), a partir das 17h, na praça do MIS, acontece a Mostra “Imaginar Futuros Possíveis”, onde serão exibidos seis vídeos que foram selecionados por meio de uma convocatória exclusiva para pessoas trans, travestis e não binárias. A proposta é ter um olhar para uma fabulação de futuros, práticas e estratégias de vidas transcentradas. Logo em seguida, acontece uma roda de conversa com o tema “O que pode uma curadoria transcentrada?”, com a participação das quatro pessoas responsáveis pela curadoria dos vídeos: as educadoras do MIS Ana Paula Braga, Aires e Lipe da Silva, e o curador convidado Joaquim Ferreira. A mesa tem como objetivo debater a importância da presença e a atuação de profissionais trans, travestis e não bináries no processo de curadoria da Mostra.

A convocatória “Imaginar Futuros Possíveis” era aberta para vídeos de qualquer formato (curtas, videoperformances, videoarte, clipes etc.), de até 10 minutos, com classificação livre. No total, foram recebidos 23 trabalhos. Cada uma das seis pessoas selecionadas receberá um cachê de R$ 500,00.

A exibição dos vídeos e a mesa dão continuidade à programação “Trair o CIStema: Fabulações Transcentradas”, que já vinha ocorrendo no MIS ao longo do mês de janeiro, para marcar o Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29/01. A proposta tem como objetivo oferecer diversas atividades que valorizem o trabalho artístico de pessoas trans, travestis e não binárias. Além da mostra de vídeos, o MIS realizou várias outras ações, como rodas de conversa, discotecagem e exibição de imagens produzidas por pessoas trans, travestis e não binárias.

Equipe de curadoria

A programação “Trair o CIStema: Fabulações Transcentradas” foi construída pelas educadoras do MIS Aires, Ana Paula Braga e Lipe da Silva, e contou com a participação do curador convidado Joaquim Gomes Ferreira.

Ana Paula Braga é travesti, preta, de fé afro-brasileira. Formada em Gastronomia, bacharel em Teologia, graduanda em História. Educadora vinculada à Coordenação de Educação e Formação do MIS.

Aires é travesti, com licenciatura em Teatro, conselheira estadual de cultura-performance, e vem trabalhando como artista visual, produtora cultural e curadora independente. Atualmente trabalha como arte educadora no MIS.

Lipe da Silva é é bicha preta não binárie. Atualmente cursa o Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades – BHU, pela Universidade da Integração da Lusofonia Afro-brasileira, e atua como educadore no Museu da Imagem e do Som do Ceará.

Joaquim M. Ferreira é graduado em Letras, professor, escritor e roteirista. É um homem trans negro.

Exposições

O MIS segue com cinco exposições abertas de terça a domingo.

Coragem

A obra, em formato de projeção imersiva, é resultado do Ateliê Imersivo “Mestre é quem de repente aprende”, realizado pelo MIS em julho de 2022 e conduzido pelo artista multimídia Batman Zavareze e equipe. A exposição é o resultado deste processo de formação e criação colaborativa que reuniu 44 pessoas em 40h/aula de imersão intensa. Em cartaz na sala imersiva (andar -2 do anexo) em dias e horários específicos (ver no Serviço).

“Horizontes Desejantes”

A exposição reúne imagens de 26 artistas cearenses na forma de um caleidoscópio onde múltiplos pontos de vista se encontram, se confundem e se complementam para, a partir desse conjunto, refletirmos sobre questões como: desejo e alteridade; desejo e intimidade; desejo, corpo, rito e transcendência; desejo, distopia e utopia; desejo e paisagem; desejo e memória; desejo e existência. Com curadoria de Alexandre Sequeira e Iana Soares, a exposição foi montada a partir de convocatória realizada pelo Fotofestival Solar em 2022. Em cartaz na sala imersiva (andar -2 do anexo) em dias e horários específicos (ver no Serviço).

“Ontem choveu no futuro”

Instalação imersiva concebida pelo artista Batman Zavareze, com projeções que se expandem para todas as superfícies da sala (paredes e chão), mergulhando o público em imagens e sons que buscam explorar várias perspectivas do Ceará, fazendo um passeio por fotografias, arte generativa, arte abstrata etc. Em cartaz na sala imersiva (andar -2 do anexo) em dias e horários específicos (ver no Serviço).

“Leocácio Ferreira – Todos juntos, vamos…!”

Oferece um passeio pela obra deste fotógrafo que atuou no Ceará nas décadas de 1960-1970 e construiu sua própria câmera panorâmica. Leocácio registrou construções, eventos sociais, espaços urbanos, entre outros. A curadoria é de Rosely Nakagawa. A exposição fica no andar +2 do anexo e abre de terça a domingo (ver horários no Serviço).

“Laboratório dos Sentidos”

Exposição interativa que oferece vários equipamentos para os visitantes manipularem e experimentarem conceitos relacionados à imagem e ao som. A curadoria é de André Scarlazzari. Para esse espaço, é organizada uma fila de espera, onde entram 20 pessoas a cada 30 minutos. A exposição funciona no casarão do MIS e abre de terça a domingo (ver horários no Serviço).

SERVIÇO:

MUSEU DA IMAGEM E DO SOM

Endereço: Av. Barão de Studart, 410. Meireles.

Funcionamento:

Terça a quinta: 10h às 18h, com acesso às exposições até 17h30.

Sexta a domingo: 13h às 20h, com acesso às exposições até 19h30.

Entrada: gratuita.

PROGRAMAÇÃO ESPECIAL:

– “Refugo: Bixas são sereias descartadas como roupas no deserto”

Instalação de de M.Dias Preto

Data: 02 a 05 de fevereiro

Horário: na quinta (02), de 10h às 18h, e de sexta a domingo (03 a 05) das 13h às 20h.

Local: escadaria principal do anexo

– O processo de criação da obra “Refugo”

Com M.Dias Preto e Carol Outono

Data: 03 de fevereiro

Horário: 17h

Local: Praça do MIS

– “É Noite na América” (Ana Vaz, 2022)

Data: 04 de fevereiro

Horário: 13h às 20h.

Local: Sala imersiva (andar -2 do anexo)

– Mostra de vídeos “Imaginar Futuros Possíveis” / Roda de conversa “O que pode uma curadoria transcentrada?”

Data: 05 de fevereiro

Horário: 17h às 19h

Local: Praça do MIS

EXPOSIÇÕES:

– Ontem choveu no futuro

Local: sala imersiva (andar -2 do anexo)

Funcionamento:

Terça e quinta-feira: 11h às 15h40

Quarta e sexta-feira: 11h às 16h

Domingo: 14h às 18h

– Horizontes Desejantes

Local: sala imersiva (andar -2 do anexo)

Funcionamento:

Terça e quinta-feira: 10h às 11h / 15h40 às 18h

– Coragem

Local: sala imersiva (andar -2 do anexo)

Funcionamento:

Quarta e sexta-feira: 10h às 11h / 16h às 18h

Domingo: 13h às 14h / 18h às 20h

– Leocácio Ferreira – Todos juntos, vamos…!

Local: anexo, andar +2

Funcionamento:

Terça a quinta: 10h às 18h (acesso até 17h30).

Sexta a domingo: 13h às 20h (acesso até 19h30).

– Laboratório dos Sentidos

Local: casarão do MIS

Funcionamento:

Terça a quinta: 10h às 18h (acesso até 17h30).

Sexta a domingo: 13h às 20h (acesso até 19h30).