Bienal: A Praça Gilmar de Carvalho traz cultura popular para a Bienal de uma forma convidativa

20 de novembro de 2022 - 13:57

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O ambiente, nomeado em homenagem ao saudoso professor de Comunicação Social,

é um dos espaços de destaque na 14ª Bienal Internacional do Livro do Ceará

Próximo ao centro do Salão Icapuí do Centro de Eventos, está um espaço como poucos outros na 14ª Bienal Internacional do Livro do Ceará. Ele não é fechado por quatro paredes, e sim aberto em diversos lados para o fluxo do público. Em vez de cadeiras para os que querem assistir palestras, o ambiente tem almofadas confortáveis, propiciando um descanso de outro tipo. As luzes que o iluminam têm um leve tom de azul, mais calmo, enfatizando uma possibilidade de ritmo diferente. Essa é a Praça Gilmar de Carvalho, um dos vários charmosos ambientes da Bienal, uma realização da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará) e do Instituto Dragão do Mar (IDM). ⁠

A praça traz o nome Gilmar de Carvalho para homenagear um dos grandes nomes, e uma das grandes perdas, da cultura cearense dos últimos tempos. Gilmar foi professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará por quase trinta anos, entre 1984 e 2010. O professor-doutor era intimamente ligado à cultura popular, desenvolvendo pesquisas e acompanhando produções sobre a literatura de cordel. Querido por tantos que o conheciam, Gilmar faleceu em 17 de Abril de 2021, em decorrência de complicações de Covid-19. Nesta Bienal Internacional, a primeira realizada no Ceará sem sua presença, um dos espaços centrais é nomeado em sua homenagem.

E a praça faz justiça ao homenageado, trazendo as preocupações de Gilmar para uma posição de destaque no evento. Basta ver pela programação que por lá passou na quarta-feira, dia 16. Às 16h, mesa sobre a Literatura Infantil de Cordel, com o convidado Klévisson Viana. Klévisson, que como Gilmar, trabalhou com comunicação por muito tempo, fazendo ilustrações para o jornal O Povo. Klévisson, que como Gilmar, é um apaixonado por cordel, sendo coordenador da Praça de Cordel na Bienal, autor publicado internacionalmente, e um dos responsáveis pelo nascimento da literatura infantil de cordel.

“Não havia”, explica Klévisson, “essa preocupação de escrever uma literatura de cordel direcionada ao público infantil. O poeta escrevia sua história e as pessoas de todas as idades consumiam. Mas, com uma coleção que foi criada aqui no Ceará, chamada Baião das Letras, que foi coordenada pelo Fabiano Piúba no começo dos anos 2000, ele incluiu nessa coleção, que contemplava vários gêneros literários, três obras da literatura de cordel. Era uma minha, uma de Rouxinol do Rinaré, e outra do poeta Arievaldo Viana, que era meu irmão. Esses três livros pariram toda a literatura infantil de cordel que a gente vê hoje.”

A programação continuou, com outros autores cearenses mostrando seus lançamentos. Às 17h, foi a vez de Tião Simpatia, lançando seu segundo livro, “Cordel da LBI – Lei Brasileira de Inclusão”. Tião é músico e poeta popular nascido no interior da cidade de Granja, e aprendeu a ler apenas aos 15 anos de idade. Seu primeiro livro, “A Lei Maria da Penha em Cordel”, divulgou o texto e a importância da lei, e foi publicado amplamente pelo Brasil. Tião busca fazer o mesmo com seu novo livro, sobre a Lei Brasileira de Inclusão, que busca promover o exercício dos direitos e liberdades fundamentais das pessoas com deficiência.

A noite se encerrou às 20h, com o lançamento de “Endyra: uma aventura na Amazônia”, de Jones Serafim de Sousa, professor da rede pública municipal de ensino. O livro conta a história de Endyra, uma adolescente nordestina que deixa a vida urbana para trás com o objetivo de viver na floresta amazônica. É o primeiro livro de Jones Serafim, um livro publicado pelo grupo editorial Caravana, que publica autores independentes do Ceará. E são esses esforços, esses projetos, que compõem a Praça Gilmar de Carvalho da Bienal. Um espaço convidativo, mas repleto de cultura popular. Como tinha de ser.

Em sua 14ª edição, a Bienal Internacional do Livro do Ceará acontece de 11 a 20 de novembro de 2022 no Centro de Eventos do Ceará. Apresentada pelo Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura e do Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura (IDM), o evento acontece em parceria com a Secretaria de Educação do Ceará (Seduc), Secretaria de Turismo do Ceará (Setur), Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), Programa Mais Infância, Universidade Estadual do Ceará, Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece), o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Ceará, a Câmara Cearense de Livro e o Sindilivros CE. O apoio é da RPS Eventos, Sesc Senac, Banco do Nordeste Cultural, Universidade de Fortaleza, Unilab, Universitária FM, TV Ceará, Jornal O Povo/Vida e Arte, Fundação Demócrito Rocha, Pixels Educação Tecnológica, Instituto Juventude Inovação, Secretaria Municipal de Educação e Prefeitura de Fortaleza.

Para saber mais da programação da Bienal Internacional do Livro Ceará, basta acessar AQUI (programação sujeita a alterações).