Escritor cearense Oziel Herbert ganha destaque entre os independentes na XIV Bienal do Livro do Ceará

19 de novembro de 2022 - 22:17 #

Um dos integrantes do stand Vozes do Ceará, dedicado exclusivamente a autores independentes, jovem autor comemora a oportunidade de interagir com o público e fala sobre a recepção do seu primeiro livro, “Asas Quebradas”. Foto: arquivo pessoal do autor

Imagine frequentar a Bienal Internacional do Livro do Ceará por anos seguidos e, em 2022, não apenas estrear como autor publicado, mas fazer sucesso e chamar atenção no espaço onde seu livro está à venda? É o que está acontecendo com o escritor cearense Oziel Herbert e seu “Asas Quebradas”, um dos destaques do stand Vozes do Ceará, que reúne autores independentes do Estado. Em conversa sobre essa experiência, ele fala da importância da Bienal e do contato direto com o público. ⁠

Escritor, fanzineiro, roteirista, designer de jogos e realizador audiovisual, Oziel até começou sua trajetória longe da área de Humanas, mas não tardou a ouvir seu chamado. Formado em Ciências Biológicas pela UECE, trabalhou por dois anos no Museu Itinerante de Ciências do SESC-CE, onde adaptou conteúdos de Biologia para eventos e ferramentas culturais acessíveis a diferentes públicos – a essa altura, já tinha debaixo do braço o certificado do Curso Básico de Cinema e Vídeo da Casa Amarela Eusélio Oliveira. Reconhecendo a aptidão, decidiu tentar a graduação em Cinema e Audiovisual da UFC, atualmente me curso. Também estudou roteiro em diversos cursos livres da Escola Porto Iracema das Artes e da Vila das Artes.

Os frutos não tardaram: seu primeiro curta-metragem, “O Cozinheiro”, foi exibido no 28º Cine Ceará (2018). No mesmo ano, também dirigiu e escreveu o curta “Atrás da Porta”; já o curta “2020” foi lançado em 2021 e integrou não apenas a programação do 31º Cine Ceará, mas do 20º Festival NOIA, além de ter tido roteiro contemplado pelo VII Edital das Artes de Fortaleza. Também já dirigiu os videoclipes “Crime Perfeito”, “Salvos pela Poesia” e “O Sol que Brilha” junto à cena do hip hop de Maracanaú, sua cidade natal. Produziu, animou e montou os curtas de animação “Um Conto de Natal” e “Serviço de Entregas da Odete”, dirigidos por Elle Lopes em 2019/2021.

Especificamente na literatura, Oziel tem microcontos premiados nos Concursos de Microcontos Escambau promovidos pelo colega escritor cearense Wilson Júnior. Publicou o conto “Sufocados” na coletânea Vozes do Jangu, promovida pela Rede CUCA. Já teve revista literária com seus principais contos contemplada pelo Edital Cultura Dendicasa, da Secult CE. É organizador do Concurso de Microcontos Fantásticos, que contabiliza três edições e duas publicações digitais.

“Asas quebradas” veio, portanto, coroar uma trajetória de alguns anos e muito esforço. Lançado em março deste ano, teve campanha de financiamento coletivo que ultrapassou em mais de 100% a meta, para sue lançamento físico. A princípio, o resumo da história pode enganar: três borboletinhas recém-nascidas perdem-se numa floresta perigosa. Quando uma delas é mortalmente ferida, as outras precisam encontrar o misterioso Jardim de Prata, onde acreditam que se tornarão imortais. Mas é com esse mote singelo que Oziel combina elementos do horror e das fábulas infantis para explorar temas densos, entre família, memória, fé, violência e dramas existenciais.

“É um livro que escrevi após uma tentativa de suicídio. Gosto de dizer que ‘Asas Quebradas’ é a carta de um suicídio que não aconteceu, uma carta de alguém que passou por isso e sobreviveu. É um livro sobre esse desespero de vida”, resume o autor de maneia pungente e direta. Não por acaso, tem ouvido de visitantes do stand na Bienal que o livro é muito tocante.

“Parece muito bobo, por ser uma fábula de três borboletinhas que se perdem numa floresta, mas conforme as pessoas entram na viagem do livro elas se emocionam. Um colega meu comprou e estava lendo aqui mesmo na bancada do stand e comentou comigo exatamente isso”, comemora.

É esse contato direto com o público o aspecto que Oziel julga mais precioso em sua participação na Bienal. “Está sendo muito gratificante, é minha primeira Bienal como autor, porque na verdade sou cria desse evento, sempre frequentei. Mas estar aqui como autor é muito interessante, ter essa conversa direta, que era a maior demanda dos escritores independentes, um espaço onde pudéssemos conversar com nossos leitores”, reforça.

O espaço, aliás, nasceu a partir da mobilização dos autores, que se articularam especialmente pelas redes sociais para conseguir um stand. A demanda foi atendida pela organização da Bienal, e durante os dez dias de programação o Vozes do Ceará estará aberto para receber o público, com mais de 50 títulos à venda, de 36 autores. O funcionamento – atendimento, organização de estoque e vendas – é tocado pelos próprios participantes, em um esforço coletivo que promete gerar excelentes frutos.

Em sua 14ª edição, a Bienal Internacional do Livro do Ceará acontece de 11 a 20 de novembro de 2022 no Centro de Eventos do Ceará. Apresentada pelo Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura e do Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura (IDM), o evento acontece em parceria com a Secretaria de  Educação do Ceará (Seduc), Secretaria de Turismo do Ceará (Setur), Secretaria de Ciência, Tecnologia  e Educação Superior do Ceará (Secitece), Programa Mais Infância, Universidade Estadual do Ceará, Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece), o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Ceará, a Câmara Cearense de Livro e o Sindilivros CE. O apoio é da RPS Eventos, Sesc Senac, Banco do Nordeste Cultural, Universidade de Fortaleza, Unilab, Universitária FM, TV Ceará, Jornal O Povo/Vida e Arte, Fundação Demócrito Rocha, Pixels Educação Tecnológica, Instituto Juventude Inovação, Secretaria Municipal de Educação e Prefeitura de Fortaleza.