I Encontro de Gestores Públicos Municipais de Cultura e Meio Ambiente da Chapada do Araripe propõe o Registro da Chapada do Araripe como Paisagem Cultural e Natural do Estado

7 de abril de 2021 - 16:14 # # #

 

O Secretário Fabiano Piúba participou nesta manhã (7/4), junto ao Comitê Intersetorial da Chapada do Araripe, do I Encontro de Gestores Públicos Municipais de Cultura e Meio Ambiente da Chapada do Araripe, realizado online, sobre a Candidatura da Chapada do Araripe como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, um projeto interinstitucional de parceria entre o Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), com a Fundação Casa Grande, Fecomércio/Sesc Ceará, Urca, UFCA, ICC, dentre outras instituições da região.

 

A atividade, que contou com a participação do magnífico Reitor Francisco do O’ de Lima – URCA; de Alemberg Quindins – Fundação Casa Grande; de Maurício Filizola – Sistema Fecomércio; de Luiz Gastão – Fecomércio; do Secretário da Cultura do Estado Fabiano Piúba; do secretário de Meio Ambiente do Estado Artur Bruno; da coordenadora de Patrimônio Cultural e Memória da Secult, Cristina Holanda; da chefe do Escritório Regional da Secult no Cariri, Dane de Jade,e de outros secretários de Agricultura, Meio Ambiente, prefeitos –  como o prefeito do Crato,  Zé Ailton Brasil, e Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra. O do Crato fez uma fala e gestores municipais da Chapada do Araripe, gestores de museus e outros equipamentos culturais, teve a coordenação do professor José Patricio Pereira e a apresentação do dossiê inicial para a candidatura realizada pela professora portuguesa, Maria Conceição de Portugal.

 

O  I Encontro de Gestores Públicos Municipais de Cultura e Meio Ambiente da Chapada do Araripe teve como deliberações: a criação de um grupo de trabalho com representantes municipais, instituições gestores do projeto para implementar ao longo de 2021 e 2022;  a realização do II Seminário  Chapada do Araripe Patrimônio da Humanidade, para atualizar as informações junto à comunidade regional, artistas, gestores culturais e ambientais; a proposição do registo da Chapada do Araripe como paisagem cultural do Ceará junto à Secult/COEPA; o apoio  da Secult-CE (atualização da Legislação sobre paisagem Cultural) e Governos municipais na atualização da Legislação sobre proteção do patrimônio cultural e natural; e Colaborar com a identificação e mapeamento dos bens culturais da Chapada do Araripe que integrarão. 

 

Uma outra agenda durante o evento foi a adesão ao abaixo assinado em apoio à candidatura, divulgado a partir do QRCode apresentado pelo Comitê, bem como uma sensibilização dos governos, empresas e do povo cearense para a candidatura da Chapada do Araripe como Registro de Paisagem Cultural do Ceará, em uma agenda bastante positiva de engajamento e empoderamento. 

 

Abrindo as atividades desta manhã foi realizada a apresentação de uma Retrospectiva da Candidatura da Chapada do Araripe como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, a criação do Comitê, e exposto o contexto patrimonial, cultural, natural da Chapada, como um bem candidato a Patrimônio Mundial pela UNESCO, assim como as articulações feitas até esta data.

 

O Magnífico Reitor da URCA Francisco do O’ de Lima Júnior, ressaltou os locais no Brasil que compõem o Patrimônio Natural no país, e que trazem a concepção de colocar o local à disposição da humanidade, pensando em estratégias de promoção na prospecção da ideia de preservação, conhecimento e desenvolvimento sustentável. “Nós nos enquadramos nos critérios que são necessários para colocar a nossa Chapada como um Patrimônio, ela tem a possibilidade de fazer a reflexão mas também pensar a prospecção”, destacou o Magnífico Reitor. 

 

“A Chapada conserva tanto a cultura imaterial como material, de um lado posso o povo cariú e do outro o exu, e isso determina o nascedouro de muitas ações da cultura desta região, incluindo e distribuindo para todo o mundo. A gente é o legado de um povo que surgiu em torno do movimento tectônico, num movimento migratório. Este processo nos serve como uma incubadora que vai levar o Ceará para o mundo, a partir de seus acidentes geográficos”, destacou Alemberg Quindins. “É muito importante, portanto, que a Chapada seja um pontapé para um Ceará de Território, e não de litoral, que dialoga com os territórios”, enfatizou Alemberg.

 

Para Maurício Filizola, Presidente do Sistema Fecomércio do Ceará, o povo do Araripe já reconhece que a Chapada é Patrimônio da Humanidade. “Falo isso com muita propriedade, e ressalto o apoio que a Fecomércio realiza há mais de 20 anos na região. Isso é feito a partir da união de propósitos, e acredito que este seja um grande propósito de todos nós”, finalizou.

 

 

Luiz Gastão, vice-presidente da Federação Fecomércio, ressaltou que o reconhecimento da Unesco é importantíssimo e, para isso, precisamos primeiro nos apropriar, nos orgulhar, valorizar tudo o que é nosso, e a chapada para ser patrimônio precisa ser reconhecida como tal. “Tenho muito da minha vida, que é desta região.Sou inclusive cidadão assareense. Desejo que possamos coordenar e organizar as ações que tornam a chapada, seu território, sua cultura  e as pessoas  reconhecidas como um Patrimônio da Humanidade”, destacou. 

 

O secretário estadual do Meio Ambiente, Artur Bruno destacou que este é um momento histórico para o Ceará. “Nós temos um reconhecimento enorme pelo Cariri. Um local que reúne os indígenas, a cultura negra, e uma influência portuguesa. Além disso, possui a Floresta do Araripe, uma das primeiras a ser reconhecidas como Floresta pelo país.Queremos chegar longe com o reconhecimento da Chapada como Patrimônio, e para isso queremos a companhia de todos que estão aqui”, convocou o secretário.

 

Evocando as palavras da pesquisadora Roseane Limaverde, Fabiano Piúba, secretário de Cultura do Ceará trouxe ao encontro a definição do que é o Cariri. “Este é um Oásis no coração do Nordeste, um local em que os conceitos ambientais trazem os tempos de arqueologia. A paisagem do Araripe é fruto da história Humana e Natural. Ela traz a interligação entre cultura e natureza, por um lado com esta Floresta Exuberante Nacional, a Floresta em Pedras, e por outro lado tem a importância histórica, de pesquisa, de cultural”, destacou Piúba. “Falar de Chapada do Araripe é falar do Canto de um Povo de um lugar, isso é arte memória cultura patrimônio é pertencimento, é identidade”, reforçou.  

 

Fabiano ressaltou ainda que buscar o reconhecimento na Unesco vem pois a Cultura já reconhece a Chapada como patrimônio. “Estamos, portanto, ofertando o patrimônio na perspectiva da Inclusão e da Cidadania”, ressaltou. O Secretário trouxe ainda em sua fala o percurso do Comitê até aqui. “Para chegarmos aqui, percorremos o percurso do povo do Cariri, neste caminho fértil que compõem a chapada estamos evocando o passado, para apontar para o futuro. E neste caminho, tivemos inúmeras conversas, pensamentos coletivos, como foi o seminário realizado e promovido pelo Sesc, com o marco para iniciarmos este Projeto, momento em que se instituiu o Comitê Interinstitucional, com o apoio do Governo do Estado, e agora está sendo elaborado o Dossiê deste Projeto, que será entregue no ato da Candidatura”, pontuou. 

 

A partir deste Encontro, o Comitê segue na convocação para que todas as secretarias e prefeituras possam aderir à Campanha. “Esta é uma candidatura que depende de que todos estejamos juntos, dedicados e possamos nos envolver, e nos co-responsabilizar, reconhecendo a Chapada como Patrimônio, e saindo daqui com uma agenda de trabalho em diversas frentes”, finalizou o secretário Fabiano Piúba. 

 

 

Sobre o Dossiê

 

O Dossiê “Chapada do Araripe – Patrimônio Dá Humanidade” é projeto da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) com a URCA financiado pelo Governo do Estado, através da FUNCAP. A professora Maria Conceição Lopes, da Universidade de Coimbra, é pesquisadora orientadora do projeto, tendo o professor José Patrício Melo da URCA como coordenador junto à professora Sandra Nancy, também da URCA.

 

Na ocasião, a apresentação preliminar do Dossiê ficou a cargo da professora Maria Conceição Lopes uma pesquisadora que, como ela mesma define, é pessoa que está de corpo inteiro neste projeto. É uma pessoa que fala do Ceará, com o pé do lado de fora do país. “Não existe Ceará, se não existe Cariri, e não existe Projeto, se não existirem as crianças”, destacou a professora, ao iniciar sua apresentação ressaltando a importância de que todos estejam presentes no processo de concepção do Dossiê. 

 

Conceição ressaltou que o “Dá” é uma palavra-chave, no Dossiê, bem como é fundamental a unidade onde todos sejam responsáveis “todos por todos”. “Queremos esta chamada como Patrimônio, pois sabemos quem somos e o que somos, por popularizarmos esta cultura, as paisagens culturais que conjugam as obras do homem e da natureza”, afirmou a professora. “Desta forma queremos inscrever a Chapada como Paisagem Cultural, que será um instrumento internacional, ela combina o homem e a natureza, acrescentando além do geoparque, as manifestações culturais que não existem em todo o nordeste e que continuam vivas e em difusão. Ressaltamos neste dossiê as influências vindas de Portugal, da África,  que estão direta ou materialmente associadas a acontecimentos ou a tradições, vidas,  ideias, crenças ou obras artísticas e literárias de significado universal excepcional”, ressaltou a pesquisadora.

 

O Dossiê é, portanto, um documento de política para a integração de uma perspectiva de desenvolvimento sustentável nos processos da convenção do Patrimônio. Ele reafirma que a Candidatura traz a perspectiva do partilhar a Chapada do Araripe e seus atributos de paisagens cultural e natural com a humanidade inteira e, sobretudo, disponibilizar ao mundo um lugar onde o tempo moldou. Maria da Conceição ressalta ainda que a candidatura apresenta que o Cariri quer que o turista venha até a região, mas venha em busca de uma marca, uma cultura, uma região, um povo, uma arqueologia social inclusiva. “Uma Marca ao Serviço do Desenvolvimento Sustentável, um desenvolvimento inteligente, incluído na Agenda 2030, que tem por objetivo o desenvolvimento sustentável nas nações unidas, em uma visão para a Humanidade, um contrato entre líderes. Um desenvolvimento que nos obriga a saltar todos no mesmo barco, não para vencer a corrente, mas para fortalecer a corrente”, afirmou Conceição.

 

O Encontro trouxe uma agenda de ações que inclui a construção de um Plano de Gestão que envolva todos. Sendo um elemento estruturante para a candidatura. “Isso nos faz demonstrar que há uma ação combinada, para este bem que é comum, que envolve colaboração, associação, parcerias, coletivo, eventos, causas, gentes e bens”, finalizou Maria Conceição. 

 

O Coordenador da atividade de hoje, professor José Patrício, destacou que a ideia é construir um dossiê que integra os elementos da natureza e a cultura da Chapada do Araripe, incluindo municípios de outros estados também, atributos, valores, bens físicos ou imateriais, e seguir com uma agenda partilhada. “A primeira versão do Dossiê será apresentada em maio ao Governo do Estado, centros de pesquisa, gestores culturais, do meio ambiente, universidades, para apreciação e modificações, que serão finalizadas em 2022, e apresentadas ao Governo Federal a uma candidatura como Patrimônio Nacional. Em seguida, a Chapada do Araripe será apresentada como Patrimônio da Humanidade para a UNESCO. Atualmente, já existe patrimônio da Humanidade em 184 países, a maioria ligados à Cultura. Para Patrimônio da Humanidade, a indicação da Chapada do Araripe precisa ser feita primeiro, nacionalmente, e permanecer por 1 ano como patrimônio nacional. Em seguida, ocorre a apresentação internacional. 

 

“O encontro de hoje é um grande marco com todos, por todos, e para todos. Estamos a um passo agora para articular com Pernambuco, Paraíba e Piauí, fazendo a integração de maneira mais institucional. Nesta campanha, as crianças têm um papel fundamental, elas reúnem passado, presente e futuro da Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade”, finalizou o secretário Fabiano Piúba.