15º Festival Mi teve encerramento neste sábado, 27/7

28 de julho de 2019 - 19:01 # # #

Com uma programação extensa de oito dias, o festival atraiu 18 mil pessoas em Viçosa do Ceará.

 

Foram 8 dias de intensa programação em Viçosa do Ceará. Nos 15 anos do Festival Música da Ibiapaba – o Mi -, realizado pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), tudo foi guiado pela música, numa homenagem ao centenário de Jackson do Pandeiro. Mais de 18 mil pessoas conferiram uma programação extensa de shows, oficinas, apresentações de alunos e professores, roda com mestres da cultura, exibição de filmes, Feira do Mi e roteiro “Memórias de Viçosa do Ceará”.

A música se espalhou pela cidade, com apresentações no átrio e no patamar da Igreja Matriz de Viçosa, no anfiteatro Alberto Nepomuceno – onde foi montado o palco Jackson do Pandeiro -, no Theatro Dom Pedro II e na Praça General Tibúrcio, em que se ergueu o Palco Nação Tabajara, destinado a apresentações de atrações locais de toda a região de Ibiapaba.

O encerramento, na noite neste sábado, 27/7, no Palco Jackson do Pandeiro, contou com apresentações do guitarrista paraense Felipe Cordeiro, do Distinto Duo da região do Cariri cearense, além de apresentações do resultado das oficinas musicais com alunos e professores. Também foi momento da mestra Ana Maria, dramista de Tianguá, lançar o seu disco “Dramas, benditos e incelenças do povo do Tucuns”, na faixa da programação “Roda com os Mestres da Cultura”.

“Percebemos que há uma apropriação do festival, a cada ano, pela população de Viçosa. Vemos a cidade acolher muito bem os estudantes – uma garotada – de diversos instrumentos musicais que vem aqui sedentos para aprender mais com os professores e maestros que vêm aqui. Já imaginou o mundo sem música?”, destacou o secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba, no encerramento do evento.

“Esse festival é de formação musical, de formação artística, de formação de repertórios, de público, de plateia, mas sobretudo um festival de formação de cidadania, que celebra a diversidade étnica, cultural, em seu sentido mais amplo. A diversidade dos sons. Pois cada pessoa é um som!”, ressaltou, cantando “O Som da Pessoa”, música de Gilberto Gil e Bene Fonteles.

No palco Nação Tabajara, aconteceram a apresentações do Teatro Mamulengo Gratidão, do duo Victor Carvalhoso e Bruna Sánchez, do grupo Os Bardos, da Cia. Bruna Sánchez, e do grupo dos Cucas de Fortaleza, com o show “Vozes”. O momento foi especial também com a junção da cantora e compositora Inês Mapurunga, com os grupos Dramistas Tuncus (de Tianguá), Dramistas Viçosa (de Viçosa do Ceará) e Arupemba (de Guaraciaba do Norte).

O 15º MI – Festival Música da Ibiapaba é uma realização da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará e do Instituto Dragão do Mar em parceria com a Secretaria de Educação e Secretaria de Turismo do Estado do Ceará e conta com parceria da Prefeitura de Viçosa do Ceará e do Sebrae.

 

Espaço de formação

As oficinas do Mi foram um sucesso desde a abertura das inscrições, destacando a força da vertente de formação musical do festival. O número é expressivo: 1586 inscritos. Destes, 973 foram selecionados para fazer parte de um momento de grande vivência musical, ao longo de uma semana. Ao todo, foram 90 turmas formadas e 75 oficinas ofertadas por 35 instrutores, incluindo Mestres da Cultura. Também participaram desse momento mais de 100 educadores e 50 regentes.

Nove espaços de Viçosa foram ocupados com as aula, que aconteceram pela manhã e tarde, transformando toda a cidade. Após passar por vários dias “respirando” música, muitos saíram transformados.

Grandes nomes da música nacional e do Ceará estiveram ministrando as oficinas, como o compositor e multi-instrumentista premiado Arismar do Espírito Santo; o vocalista e guitarrista da banda Cidadão Instigado Fernando Catatau; o violonista argentino radicado no Brasil Conrado Paulino; a violonista francesa Mathilde Fillat; a flautista de São Paulo Maiara Morais; o baterista e compositor cearense Luizinho Duarte; o guitarrista Hermano Faltz; o pianista Thiago Almeida; o trombonista Rômulo Santiago; o percussionista e luthier Vanildo Franco; além de muitos outros.

A participação de músicos e artistas da região de Ibiapaba nesta edição foi elogiada. “Participei de várias edições do festival e achei muito legal trazer a participação de pessoas da região para a programação”, avaliou a professora Patrícia Marin.

O festival Mi esteve de parabéns para a professora Matilde Fillat. “Achei que tinha uma energia incrível aqui, tanto por parte de alunos, quanto da produção”, elogiou.

“É inimaginável no Sul termos esse festival de formação com os alunos tocando no palco numa quarta-feira e ter um público como o que tivemos aqui.”, destacou, por sua vez, o maestro Fernando Berti, do Rio Grande do Sul.

A coordenação pedagógica do 15º Mi ficou a cargo de Heriberto Porto e Arley França. Uma novidade especial para esta edição, parte da contínua política de inclusão e acessibilidade do evento, foram duas oficinas especiais pensadas para este público: Musicografia em Braile e Estratégias de ensino de música para crianças surdas, além de um atendimento especial de Musicalização para pessoas com Paralisia Cerebral.

“O festival é pioneiro no Brasil com a inclusão dessas oficinas de acessibilidade. Tivemos aqui professores muito dedicados e pensamos em trazer para a próxima edição o tema da musicoterapia, ciência que vem sendo bastante utilizada em vários tratamentos”, destacou o coordenador pedagógico do festival Heriberto Porto.

“Tivemos também como novidade uma oficina de rabeca, que é um instrumento popular, assim como a aula de cordas para a música popular, que foi implantada recentemente. O festival a cada ano tem crescido com a participação de alunos, professores e a população de Viçosa. Ficamos muito felizes com seu impacto em todo o Estado do Ceará”, frisou também o coordenador.

 

Shows e outras programações

O Festival Música da Ibiapaba também se consagra como palco de jovens e renomados talentos da música cearense e nacional, valorizando a música de região de Ibiapaba. A noite de abertura do evento, no dia 20/7, contou com as apresentações da Orquestra Estrelas da Serra, de Croatá, além de Fausto Nilo e Marcus Caffé, que fechou a noite com seu show em homenagem a Humberto Teixeira, no tradicional patamar da Igreja da Matriz.

Na programação com de 40 apresentações musicais, passaram também pelo Mi: o Trio Arupemba, de Guaraciaba do Norte; o projeto Caboco Eletrônico, Formado por Di Freitas, DJ Daniel Lamar e Mestre Expedito; o compositor Arquelano; o grupo Nação Tabajara; o projeto Rabecacello; o grupo sobralense “As Manas”; o violonista Tarcísio Sardinha, o grupo Pedra Rara, de Tianguá; o Rapper MH; o grupo Edley, de Ubajara; a banda Os 4 Companheiros; o grupo Las Tropicanas; o grupo Trovador Eletrônico; além da baiana Sanfonástica Mulher Lona, os paulistas do Sexteto Mundano e da Maiara Morais Quarteto e o projeto especial paraibano Jackson Racional e os Afrobatuques.

Também aconteceram momentos importantes para as políticas culturais do Ceará, como a roda de conversa sobre identidade indígena na Região da Ibiapaba, no Teatro Pedro II, e o Encontro de Bandas de Música, seguidos de atividades que foram sucesso entre o público: as serenatas ao luar de Viçosa, em homenagem ao seresteiro Zé Músico, e as exibições de videoclipes, curtas e longas-metragens.

A programação foi reflexo da homenagem ao cantor e compositor Jackson do Pandeiro, famoso pela sua irreverência e criatividade musical, mas também fez uma conexão com a cultural local, ao mostrar a riqueza artística da Ibiapaba no palco Nação Tabajara, uma parceria com o Estúdio Mangaio, responsável pela curadoria deste espaço. Dos 32 artistas e bandas que estiveram presentes nesta edição do festival, 19 foram do interior do Ceará.

O Mi também celebrou, como em outras edições, a interação da música com a cultura popular tradicional e convidou para compor sua programação formativa três mestres e mestras da cultura do Ceará, tesouros vivos reconhecidos pela Secretaria da Cultura do Ceará: a Mestra Ana Maria (Tianguá – CE), a Mestra Cacique Pequena (Aquiraz – CE) e o Mestre Expedito Caboco (Juazeiro do Norte – CE). O Mestre Quincas da Rabeca e a Mestra Francisca também fizeram parte da programação que tomou conta da cidade.

Roteiro “Memórias de Viçosa do Ceará”

Aproveitando o cenário cheio de belezas materiais e imateriais que Viçosa do Ceará oferece a cada ano, nesta edição comemorativa, o Festival Mi lançou o Roteiro “Memórias de Viçosa”. Uma oportunidade de conhecer a cidade que emana sons e melodias de tempos distintos impressos em cada fachada, em cada patrimônio arquitetônico e paisagístico que dão a dimensão material das memórias e afetos dos seus moradores e visitantes.

A visitação guiada a 26 bens culturais relacionados ao campo do patrimônio cultural e memória da cidade ocorreram nos dias 21/7, 23/7 e 26/7.

Feira do Mi

Além de convidar o público a viver a música e os bens culturais, o Festival Mi ainda ofereceu a oportunidade do público de se inspirar com o artesanato e a gastronomia da Serra da Ibiapaba. Com aulas-shows, exposição de produtos como mel, café, cachaça, flores e orgânicos, a Feira do Mi aconteceu de 25 a 27 de julho.

 

Festival Música da Ibiapaba em números

– 8 dias de Festival em Viçosa do Ceará.

– Mais de 18 mil pessoas presentes.

– 1586 inscritos e 973 selecionados para as oficinas.

– 90 turmas.

– 75 oficinas.

– 35 instrutores, incluindo Mestres e Mestras da Cultura.

– 157 educadores inscritos.

– 56 regentes participando.

– 1244 horas de aulas.

– 9 espaços ocupados com as oficinas.

– 28 apresentações regionais e nacionais, no Palco Jackson do Pandeiro e Patamar da Igreja Matriz.

– 12 apresentações de toda a Serra da Ibiapaba, no Palco Nação Tabajara.

– 14 exibições de filmes + roda de conversa sobre identidade indígena na Região da Ibiapaba, no Teatro Pedro II.

– 06 roteiros histórico-patrimonial + Encontro de Bandas de Música + serenatas ao luar de Viçosa.

– 1 Feira de Economia Criativa com expositores regionais: artesanato, Rota Mirantes da Ibiapaba, instrumentos e gastronomia.