Formação de Cineastas Indígenas inicia módulo em aldeia Tapeba nesta sexta-feira, 26/5

25 de maio de 2017 - 11:42

Jovens aprenderão princípios de audiovisual em quatro dias de intensa programação. Realizado pelo povo Jenipapo-Kanindé, o projeto, apoiado pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), através do Edital Ceará de Cinema e Vídeo, contempla aldeias de quatro etnias do Ceará, promovendo também o intercâmbio cultural entre elas. O Módulo Tapeba da “Formação de Cineastas Indígenas – Um olhar etnográfico” começa nesta sexta-feira, 26 de maio, e segue até domingo, 28, na escola da aldeia Lagoa dos Tapeba, em Capuã, distrito do município cearense de Caucaia.

Realizado pela Associação de Mulheres Indígenas Jenipapo-Kanindé, o projeto é composto de quatro Módulos. Os dois primeiros aconteceram em aldeias dos povos Jenipapo-Kanindé e Kanindé de Aratuba, respectivamente, e o ultimo será destinado a integrantes da etnia Pitaguary. São aproximadamente 15 alunos por Formação.

Capacitar jovens indígenas para usar o audiovisual como ferramenta de registro e expressão da própria cultura é o objetivo do curso. Contudo, os benefícios da iniciativa vão além da conquista de poder registrar “o olhar de um índio para outro índio”, explica a Cacique Irê, sucessora da Cacique Pequena na liderança da etnia Jenipapo-Kanindé. Segundo ela, os intercâmbios culturais entre as etnias envolvidas e a expansão dos horizontes profissionais entusiasmam os participantes e se refletem no desempenho escolar deles.

Além de oficinas de fotografia, vídeo e produção audiovisual, o projeto inclui rodas de conversa, vivências na mata, rituais indígenas e uma mostra de filmes etnográficos. De acordo com o cineasta Henrique Dídimo, coordenador pedagógico e facilitador da formação, um dos diferenciais da iniciativa é a relação com a cultura indígena, inclusive nas oficinas. “A gente incorpora o conhecimento indígena dentro da metodologia do curso.” Explica.

A produção do evento é realizada por membros das aldeias envolvidas. Ademais, os jovens Jenipapo-Kanindé que participaram da primeira formação, em abril deste ano, atuam como monitores nas oficinas, aprofundando e transmitindo o que aprenderam. A continuidade do processo de aprendizado também é possibilitada pela doação uma câmera fotográfica profissional a cada aldeia participante, e pelo retorno dos facilitadores aos locais aproximadamente um mês após cada módulo, para ministrar uma oficina de edição de vídeo. Apesar do público alvo específico, há flexibilidade para a participação de alunos de outras faixas etárias, respeitando o caráter inclusivo da pedagogia indígena.

Contando com o apoio da Secretaria da Cultura do Ceará, o projeto dá continuidade à primeira e à segunda Mostra Indígena de Filmes Etnográficos do Ceará, realizadas em 2015 e 2016, na aldeia Lagoa Encantada, da etnia Jenipapo-Kanindé, em Aquiraz. Além da exibição de filmes com enfoque em questões indígenas, a programação dos eventos incluía uma série de oficinas de audiovisual. Agora os jovens cineastas Jenipapo-Kanindé exercitam e difundem os conhecimentos adquiridos.

A Associação de Mulheres Indígenas Jenipapo-Kanindé

Fundada em 2002, a Associação das Mulheres Indígenas Jenipapo-Kanindé (AMIJK) tem por objetivos defender os direitos das mulheres indígenas e melhorar a qualidade de vida dos povos da etnia Jenipapo-Kanindé, promovendo a cultura nativa, a saúde e a geração de renda na comunidade.

A etnia Tapeba

O povo Tapeba está divido em 17 aldeias ao longo do município de Caucaia. Cada comunidade tem sua organização interna e lideranças. A etnia possui diversas associações, entre elas a Associação das Comunidades dos Índios Tapeba de Caucaia (ACITA), primeira Associação indígena do estado do ceará. Os Tapeba contam com treze escolas indígenas, dez da rede estadual de ensino e três da rede municipal de ensino.

Uma das escolas pioneiras na educação escolar indígena é a escola Indígena Índios Tapeba, onde será realizada a Formação. Criada em 1990 pela professora Sinhá, e continuada pelo professor Weibe Tapeba. A instituição funcionou até 1998 em regime de trabalho voluntario, até o Governo do Estado do Ceará assumir a educação indígena. O prédio atual da escola foi inaugurado em 2006.

Contatos para entrevistas

Juliana Alves, Cacique Irê: 996107639

Eliane Alves, Presidente da Associação das Mulheres Indígenas Jenipapo-Kanindé: 986832141

Henrique Dídimo, Coordenador pedagógico e facilitador do projeto: 988454234

Alan Jenipapo, aluno do primeiro módulo da formação e monitor dos módulos seguintes: 989239439

Kilvia Tapeba, presidente da Associação das Comunidades dos Índios Tapeba de Caucaia (ACITA) e responsável pelo Módulo Tapeba da Formação – 99548870

Outras informações

Fotos de Iago Barreto, Alan Jenipapo e Natan Jenipapo, retratando o Módulo Kanindé de Aratuba, realizado entre 18 e 21 de maio de 2017.

Página do projeto no Facebook:  http://migre.me/wFBDz

Site: http://www.indiojenipapokaninde.org/

Escola Indígena Índios Tapeba. Endereço: Aldeia Lagoa dos Tapeba, Rodovia Coronel Alfredo Miranda, Bairro de Capuã, distrito de Caucaia.

Mais informações sobre como chegar ao local: Kilvia Tapeba – 99548870

Naiana Gomes, assessora de imprensa do projeto: 986392939

Programação do Módulo Tapeba da Formação de Cineastas Indígenas – Um olhar etnográfico

Sexta-feira, 26

– 8 horas – Momento de espiritualidade Toré
– 9 horas – Roda de conversa com os Mestres da Cultura: Mestre Pequena; Mestre João Venâncio e Mestre Luis Caboco e Cacique Sotero, com o tema “cultura indígena”.

– 12h – Abertura da Formação, com um Toré, ritual sagrado indígena, falas das lideranças presentes e apresentação dos participantes.- 13h30 – Oficina de Produção audiovisual. Facilitador: Fábio Alves.
– 13h30 – Formação de Cineastas Curumins – Sessão especial de filmes para crianças.
– 19 horas – Mostra de filmes etnográficos – Exibição do filme “Suaçuamussará” – Direção: Henrique Dídimo. Produção: Sesc Ceará.

Sábado, 27

– 7 horas – Vivência nas matas encantadas de Capuã. 
– 9 horas – Oficina de fotografia / câmera. Facilitadores: Iago Barreto e Henrique Dídimo. 
– 13 horas – Lançamento do livro infantil “O Segredo do Guajára”, com a presença do autor Henrique Dídimo.
– 15 horas – Roda de conversa “Perspectivas do audiovisual na luta das mulheres indígenas”, com a Cacique Juliana Irê e convidadas.
– 19 horas – Mostra de filmes etnográficos – Exibição dos filmes: “A lenda cotidiana” – Direção: Bárbara Moura e S. de Sousa. Roteiro: Rosa Pitaguary. “Os cabeludos da encantada”, de Sinval Diógenes.

Domingo, 28

– 8 horas – Oficina “Introdução à Produção Audiovisual Etnográfica”. Facilitadores: Henrique Dídimo e Iago Barreto.

– 12 horas – Encerramento.