Com grandes sucessos, boas novidades e a força de sua obra, Marina Lima lotou o Cineteatro São Luiz na noite deste domingo
7 de novembro de 2016 - 10:34
“Mas por que não nos reinventar?”. O verso do tango “Três”, de Marina Lima ilustra bem a apresentação realizada pela cantora na noite deste domingo, 6/11, em Fortaleza, ocupando todos os 1050 lugares do Cineteatro São Luiz, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) na estreia nacional de seu novo espetáculo. Ao lado do multiinstrumentista Artur Kunz, do duo paraense Strobo, na bateria e nas programações, Marina Lima demonstrou mais uma vez toda a força de sua obra, ao revisitar seus grandes clássicos, vestindo com novos arranjos temperados de eletrônica vários de seus hits radiofônicos da era pré-Internet. E mostrando novidades, como “Vingativa”, composta com o Strobo.
Em clima de “live PA”, com as programações dando o tom desde o início do show, assim como a superação, a garra, o charme e a voz rouca de Marina, a apresentação teve o público cantando junto desde a primeira canção da noite, “Ainda é cedo”, lembrando Renato Russo e ganhando um novo significado, como que a marcar o início deste novo ciclo que, revelou a cantora no palco, vai desembocar em um novo disco. Porque, apesar da força de tudo que foi feito, para o compositor o melhor está sempre por vir, a melhor canção será sempre a próxima.
Nem por isso Marina subestimou clássicos como “Charme do mundo”, revisitada ao lado de Artur Kunz na bateria, antes de uma saudação ao público cearense: “É uma loucura! Faz catorze anos que não venho aqui. Isso é um absurdo!”, impressionou-se, antes de pegar a guitarra pela primeira vez na noite, para “Não me venha mais com amor” e para o primeiro momento de maior emoção da plateia, com o intimismo abstrato e poético de “Não sei dançar”. Clima que segue com o violão de aço e a voz cada vez mais rouca a afirmar sua força em “Pessoa”, de Dalto, “Preciso dizer que tem amo”, “Carente profissional” e, atendendo ao pedido de um jornalista cearense e sem se inibir ao errar os acordes, a pop e melódica “Transas de amor”. Muitos, muitos aplausos.
“Can´t help falling in love”, imortalizada por Elvis, chega como contribuição do projeto “No osso”, apenas de voz e violão, antes de um dos melhores momentos da noite, com mais dois clássicos: “O chamado” e “Virgem”. O show tem também descontração, com Marina revelando ter composto o samba “Da gávea” para tentar “marcar um pontinho” com uma certa moradora do bairro. Nesse ponto, Artur Kunz volta ao palco no tamborim e nos elogios da compositora: “Imagine um show solo acompanhada só por um baterista. É porque o cara é muito bom”.
Com as programações feitas pelo Strobo especialmente para ela, vem “Partiu” com seu novo arranjo. Intensidade ampliada na parceria de “Vingativa” e também destacada em um momento solo de Artur. “Fortaleza, que saudade dessa terra linda! Desse céu lindo. Terra aconchegante”, compartilha Marina, antes de duas belas composições da safra mais recente: o já citado tanto “Três” e “Lex”, inspirada em ares lisbonenses.
“Meus pais eram do Piauí e eu tinha tios aqui. Passei muitas férias por aqui, na pré-adolescência, então tenho uma ligação afetiva muito forte com essa cidade”, contou, recebendo do público acolhedores pedidos de “Volta!”.
Das canções menos conhecidas do público, “Coração coragem”, do Acústico, de 2009, foi uma das melhores da noite, com seu riff de guitarra ladeado pela bateria de Kunz, que felizmente manteve a magistral linha de baixo escrita e executada por Liminha, nas programações do novo arranjo de “Fullgás”. Depois de “Pra começar”, sob mais aplausos, só restou a Marina chegar mais perto da plateia e provocar um corre-corre, para acenos, apertos de mão, “selfies” e vídeos sem fim, ao som de “À francesa ” e “Meia noite e meia”. Se o ouvinte não deixa de se perguntar quais outras sonoridades seriam possíveis com mais músicos no palco, foi um grande início para a nova turnê, com toda a beleza do Cineteatro São Luiz e o entusiasmo do público cearense.