Secult Ceará divulga mapeamento de cineclubes e espaços de exibição no estado

15 de dezembro de 2025 - 15:06

ASCOM I Isabel Mayara

Levantamento revela perfil, desafios e impacto sociocultural da rede cineclubista no Ceará neste mapeamento com 90 iniciativas audiovisuais. Estudo também revela predominância de espaços públicos, forte presença juvenil, uso de plataformas digitais e necessidade de investimentos em equipamentos e formação.

 

Registro feito na sessão cineclubista Sala Seu Vavá (Cineteatro São Luiz) Foto: @Daz

A Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) divulgou um amplo mapeamento que traça o panorama mais atualizado sobre os espaços de exibição e cineclubes em atividade no estado, apontando tendências do cinema comunitário no Ceará, forte atuação comunitária e questões estruturais. Feito entre Março e Abril de 2025, o estudo (disponível no final da notícia)  reúne dados enviados diretamente pelos grupos, sistematizados em relatórios e gráficos que mostram perfil institucional, distribuição territorial, programação, público e os principais desafios enfrentados pelas iniciativas.

O levantamento revela uma rede ativa, diversa e em expansão: são 90 iniciativas mapeadas, sendo 24 espaços de exibição e 66 cineclubes, distribuídos em todas as regiões de planejamento do estado. A predominância é de iniciativas públicas e de caráter comunitário, atuando majoritariamente em espaços como escolas, centros culturais, bibliotecas e espaços mantidos por prefeituras.

A iniciativa da Secult Ceará, por meio da Coordenadoria de Cinema e Audiovisual da Secretaria da Cultura do Ceará, reafirma a importância dos cineclubes como espaços de formação crítica, convivência e participação social. A seguir, uma análise sobre os dados reunidos no levantamento. Acompanhe:

Quanto à estrutura

Por Micaela Menezes

Predominância de espaços públicos e forte atuação comunitária

Segundo o estudo, 87% das salas e espaços de exibição cadastrados são públicos, reforçando a natureza social das iniciativas. A maior concentração está na Grande Fortaleza (com 7 espaços de exibição), seguida por Sertão de Canindé e outras regiões, indicando capilaridade e potencial de interiorização. As atividades ultrapassam a simples exibição de filmes. A maior parte dos grupos promove: debates e rodas de conversa; oficinas formativas; palestras e intervenções artísticas; ações educativas em escolas; atividades comunitárias e temáticas. Esse conjunto de práticas reforça o papel dos espaços de exibição como aglutinadores de formação crítica, convivência e mobilização cultural.

 Condições de exibição e infraestrutura

As condições de exibição são bastante diversas. Há espaços com cadeiras estofadas e boa ambientação, enquanto outros ainda funcionam em locais improvisados, com cadeiras plásticas, tatames ou estruturas temporárias. Apesar disso, 41,7% dos equipamentos de exibição dos espaços cadastrados foram avaliados em boas condições pelos responsáveis. A curadoria da programação ocorre principalmente via: pesquisa de interesse do público; escolha temática; seleção pelos curadores e coordenadores; circulação de obras locais.

Quanto à programação e curadoria

Por Ana Raquel

Atividades vão muito além das sessões cinematográficas

Se por um lado a exibição de filmes é a base das ações cineclubistas, por outro, o levantamento mostra que grande parte dos grupos desenvolvem atividades complementares. Entre as mais citadas estão: discussões temáticas e debates e rodas de conversa; oficinas formativas; intervenções artísticas, atividades comunitárias. Essa multiplicidade reforça o papel dos cineclubes como espaços de formação crítica e de mobilização cultural.

Programação e acesso ao conteúdo

A programação dos espaços de exibição é abastecida por uma combinação de acervos próprios, parcerias informais e conteúdos online. Os dados mostram que as obras exibidas vêm de:

-YouTube (23,4%);

-Plataformas de streaming (21,3%);

-Produções locais (19,1%);

-Downloads (14,9%);

-Acervo próprio (14,9%).

Perfil de quem faz e de quem assiste

Por Ana Raquel

Público e capacidade das sessões

O público dos espaços de exibição é amplamente diversificado, com destaque para:

-Adolescentes e jovens (17,7%);

-Crianças (12,5%);

-Adultos (10,4%);

-Além de públicos LGBTQIA+, pessoas negras e periféricas, idosos e PcDs.

A maior parte das sessões ocorre em espaços com capacidade inferior a 100 pessoas, e 54,2% dos espaços de exibição registram média de até 50 espectadores por sessão.

Um dado relevante é que 79,2% dos grupos realizam debates pós-sessão, reforçando o caráter formativo e o audiovisual como ferramenta de cidadania.

Participação universitária é variável e depende do território

Embora nem todos os cineclubes estejam próximos de pólos universitários, nas localidades onde essa proximidade existe, a participação estudantil se mostra considerável. A pesquisa indica, porém, que a maioria dos grupos opera distante desses centros, atuando principalmente junto às comunidades locais.

Perfil dos responsáveis e atuação formativa

Mais da metade das pessoas responsáveis pelos cineclubes e espaços de exibição possui formação em audiovisual e/ou artes, o que fortalece processos curatoriais e atividades formativas. Relativo às salas e espaços de exibição, foi observado que 37,5% funcionam entre 2 e 5 anos, e 25% atuam há 6 a 10 anos, indicando um crescimento recente, especialmente no período pós-pandemia. A frequência de exibições é predominantemente mensal (41,7%), com parte dos grupos realizando sessões quinzenais ou dependentes da disponibilidade do espaço.

Rede cineclubista do Ceará cresce nos últimos cinco anos e estudo oferece subsídios para a política cultural

Divulgação Secult

O mapeamento das 66 iniciativas, crescentes nos últimos cinco anos, destaca um destaca um crescimento de 51,5% apontando um desenvolvimento recente da rede, especialmente pós-pandemia. 

Os dados confirmam a força do audiovisual comunitário no Ceará e evidenciam os desafios a serem enfrentados. Ao revelar quem são, onde estão e como atuam esses grupos, o estudo oferece uma base inédita para orientar decisões estratégicas.

O estudo oferece subsídios para o fortalecimento da política pública do audiovisual no estado. A Secult reforça que o mapeamento integra ações de planejamento estratégico voltadas às ações de fomento, qualificação e infraestrutura que garantam a continuidade e o impacto cultural dessas iniciativas em todo o estado e a democratização do acesso à cultura e ao cinema no Ceará. 

Acesse o levantamento na íntegra: 

CADASTRAMENTO DE ESPAÇOS DE EXIBIÇÃO E DE CINECLUBES NOS MUNICÍPIOS DO CEARÁ