Moda política, rock infantil e teatro marcam noite vibrante de showcases no MICBR 2025

5 de dezembro de 2025 - 09:42 #

Ascom MinC - Texto


Foto: Carol Lando/MinC

Ofim de tarde de quinta-feira (4) no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura começou quente — e não só pela temperatura. A partir das 17h, programadores de diversos países, produtores, artistas e jornalistas se misturavam entre a Praça Rogaciano Leite, o Anfiteatro e o Teatro São José em busca daquilo que um showcase do MICBR+Ibero-América 2025 promete: síntese e potência condensada.

Moda: identidades que desfilam como manifesto

O primeiro impacto veio no showcase de Moda, um desfile único que reuniu seis marcas brasileiras em narrativas completamente distintas — embora unidas por um mesmo gesto: a moda como linguagem de território.

No crochê terroso de Catarina Mina (CE), via-se a praia como memória. Em Santa Resistência (RJ), conchas e tons de azul formavam um tributo à água e às referências a Iemanjá. Thear (GO) misturava tons da terra, capim dourado e alusões à agricultura; Luan Valloto (PR) veio com sobriedade e geometria; enquanto Meninos Rei (BA) incendiava a passarela com laranjas tropicais e uma ode ao território baiano.

Mas a força dramática da tarde estava em Derequine (AM), marca indígena criada em 2020 por Vanda Witoto, que trouxe grafismos, sementes, fibra de ticum e uma coleção que ela define como “um gesto político antes de ser estético”.

Nossa marca nasceu da necessidade de denunciar abandono e violência. Hoje empregamos oito mulheres indígenas e rompemos ciclos de exploração”, disse Vanda, emocionada ao ver o público encantado com os detalhes das peças.

Música infantil: da escola ao rock 

Pouco depois, o público cruzava o pátio até o Anfiteatro Dragão do Mar, onde os showcases infantis criaram uma atmosfera surpreendente. O duo Zuando o Som abriu as apresentações com músicas que transformam o cotidiano da escola — gramática, rotina, descobertas — em narrativa musical divertida e acessível.

Mas quem virou o termômetro da plateia foi o Pequeno Cidadão. Guitarras, poesia e cores setentistas. E, ao mesmo tempo, puro convite ao brincar. Taciana Barros, uma das criadoras do projeto, explicou a essência: “A gente sempre gostou de dizer que faz rock para criança. É música, livro, animação, oficina… tudo conversa. A arte é uma janela, e cada criança abre a sua.

A banda mistura membros que vêm do Titãs, Ira!, Nação Zumbi e Gang 90, e esse histórico aparece tanto nos arranjos quanto na energia. O público — pais, crianças e programadores — reagia como quem descobria uma lembrança nova.

Foto: Anajú Tolentino/MinC

Teatro: pequenos recortes, grandes perguntas

A terceira migração do público ocorreu para o Teatro São José, onde começaram os showcases de teatro — talvez o espaço mais sensorial da noite. O Ateliê 23 abriu com Helena e Sebastião, seguido pelo Grupo Tripé, que apresentou trechos de 10 mil passos por segundo, obra ainda em processo. Depois vieram o Giramundo Teatro de Bonecos com Os Orixás, a Súbita Cia de Teatro com fragmentos cênicos, e o Pavilhão da Magnólia com Uma festa sem começo que termina sem fim.

O Tripé sintetizou o espírito do espaço: teatro como acontecimento vivo. “Um showcase é como exibir um trailer. Queremos que as pessoas saiam curiosas”, disse Ana Quintas. Já Gustavo Rezeh, colega de companhia, reafirmou o pertencimento: “Participar daqui é entender que fazemos parte de uma indústria e que nosso trabalho movimenta o país”.

O percurso entre moda, música e teatro formou um mosaico de Brasil: ancestralidade, infância, experimentação, território e política. Artistas celebravam encontros e o Dragão do Mar segue pulsando como uma vitrine viva — onde cada espetáculo abre portas criativas para quem o vê.

O percurso entre moda, música e teatro formou um mosaico de Brasil: ancestralidade, infância, experimentação, território e política. Artistas celebravam encontros e o Dragão do Mar segue pulsando como uma vitrine viva — onde cada espetáculo abre portas criativas para quem o vê. A programação dos showcases segue nos próximos dois dias, passando pelo Hip-hop e Dança.

MICBR+Ibero-América

Realizado em Fortaleza (CE), de 3 a 7 de dezembro, o MICBR+Iberoamérica combina atividades de formação — mentorias, oficinas, palestras e mesas redondas — com oportunidades de negócios, como rodadas, apresentações de projetos, showcases e momentos de networking. A iniciativa celebra a força da cultura brasileira e reafirma o papel estratégico da economia criativa no desenvolvimento sustentável, na integração regional e na valorização da diversidade cultural.

A edição 2025 é uma realização do Ministério da Cultura, correalização da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), do Governo do Estado, por meio da Secult Ceará, e Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secultfor.