XVII Encontro Mestres do Mundo fortaleceu patrimônio imaterial com titulações, homenagem à cantora Teti e difusão de saberes

3 de dezembro de 2025 - 09:13 #

Mais de 90 mestres participaram do evento, que terminou com a titulação de três grupos como Tesouros Vivos da Cultura

Encerramento do XVII Encontro Mestres do Mundo aconteceu na Terreirada Cultural Foto: Maria Haydêe

A 17ª edição do Encontro Mestres do Mundo foi um dos momentos mais valiosos vivenciados este ano por mestres e mestras da cultura do Ceará. Foram quatro dias em Quixadá e Quixeramobim, com a presença de mais de 90 guardiões dos saberes da cultura popular tradicional, com seus legados e artes em rodas, oficinas e apresentações artísticas.

Realizado de 27 a 30 de novembro, o evento reforçou seu papel como culminância das políticas de valorização do patrimônio imaterial do Ceará, consolidando-se como um espaço estratégico de articulação, visibilidade e fortalecimento das práticas culturais que sustentam a identidade do povo cearense.

O encerramento oficial ocorreu no sábado (29) na Terreirada Cultural, onde a secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela, anunciou as titulações do XIII Edital Tesouros Vivos da Cultura do Estado do Ceará 2024, homologado pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural em março de 2025.

As titulações contemplaram 3 grupos: O grupo Banda Cabaçal São José, de Missão Velha; Reisado Boi dos Caretas de São Gonçalo, de Itatira, e a Associação dos Artesãos de Arte e Cultura, de Canindé. Ao integrarem a política de registro do Ceará, grupos e coletividades assumem a missão de salvaguardar, difundir e transmitir às novas gerações as práticas que compõem a riqueza da cultura cearense.

Maracatu Solar Foto: Maria Haydêe

O XVII Encontro Mestres do Mundo levou Quixadá a viver uma maratona de atividades que movimentou oficinas, rodas de saberes, formações, apresentações culturais e homenagens, reunindo mestres, mestras, gestores municipais, pesquisadores, comunidades tradicionais e a população.

Na formação sobre legislação de salvaguarda para gestores e gestoras de cultura, a secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela, destacou a relevância do processo ao afirmar que o objetivo é qualificar as equipes municipais para desenvolver políticas de patrimônio cultural, especialmente o imaterial, fortalecendo a gestão da cultura no estado.

“Além do seu caráter de democratizar o acesso à cultura popular tradicional, o Mestres do Mundo deste ano fortaleceu os debates que destacam a importância da atuação integrada entre municípios, estado e governo federal. Afinal, só se pode cuidar da cultura e avançar o Ceará se for de forma conjunta”, comenta a secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela. Para ela, fortalecer a rede de cuidado, de salvaguarda, segue sendo responsabilidade do Estado, mas o município pode chegar para fortalecer o cuidado mais próximo e direto com as mestras e mestres daquele município, garantindo um bem viver, um suporte no acesso a serviços básicos.

Políticas públicas do patrimônio cultural

Além da programação formativa e artística, a edição também contou com pautas políticas que somaram esforços para fortalecer o Sistema Estadual de Cultura, com destaque para o patrimônio cultural material e imaterial. Entre debates sobre municipalização da Cultura de Patrimônio e o Seminário de Patrimônio Imaterial, bons encaminhamentos e debates foram feitos com presença de mais de 20 municípios cearenses.

Acopiara, General Sampaio, Nova Olinda, Caridade, Independência, Barro, Senador Pompeu, Quixelô, Potengi, Cascavel, Aiuaba, Pacajus, Quixadá, Crato, Canindé, Fortaleza, Solonópole, Quixeramobim, Limoeiro do Norte, Ibicuitinga e Paraipaba são exemplos dos que estiveram presentes neste ano.

Homenagem à Teti  Foto: Maria Haydêe

Como disse Dedé Pacheco, de Paraipaba, “um município sem memória não existe”. Casos de sucesso como os do município de Caridade, que vem desenvolvendo boas iniciativas para promover a sensibilização e valorização do legado do Mestre Chico Belo ou de Senador Pompeu, que conta com 16 mestres titulados pelo município, foram exemplos das partilhas.

Agna Ruth, liderança na gestão cultural de Senador Pompeu, reforçou a importância da “responsabilidade, não só titular por titular, mas atentar para a escolha, confirmar que atende à identidade do povo da região”. Afinal de contas, a candidatura é livre, mas a comissão de patrimônio quem tem a responsabilidade de chancelar ou não, a nível estadual ou municipal, o mestre ou mestra da Cultura.