Mercado da Cultura: Ceará sedia MICBR e reafirma o setor cultural como importante vetor econômico do estado
3 de dezembro de 2025 - 10:35
Realização do MICBR acompanha o compromisso da Secult Ceará de consolidar o mercado cultural, estimular o empreendedorismo criativo, a sustentabilidade de projetos e o desenvolvimento de cadeias produtivas

Joélho Caetano desenvolveu o sorvete de Farinhada por meio do Laboratório de Criação da Escola de Gastronomia Foto: Jeny Sousa
O Governo do Ceará compreende a Cultura como um dos eixos estratégicos de crescimento da economia de nossa gente. A partir da Secretaria da Cultura (Secult), o Estado trabalha para consolidar o mercado artístico cearense, estimular o empreendedorismo criativo, a sustentabilidade de projetos e o desenvolvimento de cadeias produtivas em diferentes áreas como audiovisual, música, teatro, artes visuais, literatura e moda.
Diante deste fértil cenário, o Ceará se consolida como sede de um dos principais eventos da economia cultural brasileira. Entre os dias 3 e 7 de dezembro, a capital cearense recebe o Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR). A abertura oficial acontece nesta quarta-feira (3), às 19h, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC).
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Este ano, o evento tem a região Ibero-América como convidada de honra e destina-se prioritariamente a pequenos e médios empreendedores dos setores criativos. Um lugar que abraça profissionais que transformam talento e criatividade em atividades econômicas sustentáveis.
Gratuita e aberta ao público, a programação oferece oportunidades concretas para o desenvolvimento de negócios na economia criativa. Vários espaços culturais de Fortaleza serão ocupados com rodadas de negócios, formação, mentorias, palestras, showcases, feira, cozinha-show e apresentações artísticas.
O MICBR+Ibero-América 2025 reúne 350 empreendedores selecionados, que representam todos os estados brasileiros e o Distrito Federal. Ao todo, 15 setores da economia marcam presença: Áreas Técnicas, Artes Visuais, Artesanato, Audiovisual e Animação, Circo, Dança, Design, Editorial, Gastronomia, Hip-Hop, Jogos Eletrônicos, Moda, Museus e Patrimônio, Música e Teatro.
Segundo dados do MinC, a economia criativa é um pilar do desenvolvimento brasileiro. Atualmente, movimenta cerca de R$ 230 bilhões, emprega 7,8 milhões de pessoas e reúne mais de 130 mil empresas formais, o que representa cerca de 7% da força de trabalho do País.
O MICBR é uma realização do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura, correalização da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), do Governo do Estado, por meio da Secult Ceará, e Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secultfor.
Cultura é investimento
Para orientar e desenvolver as políticas públicas da pasta, a Secult Ceará avança com pesquisas e levantamento de dados sobre o mercado cultural. A mais recente ação nesse sentido é o lançamento do estudo “Pesquisa de impacto socioeconômico do setor audiovisual do Estado do Ceará”.
A pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) busca entender o impacto desta área na geração de riqueza e desenvolvimento da economia cearense. Além da riqueza simbólica, para cada R$1 real investido, o setor Audiovisual cearense retorna R$3,10 à economia.
Comparado a outros setores da economia no estado, o retorno de R$3,10 situa o audiovisual em posição de destaque. No mesmo apurado de 2019, esse valor é superior, por exemplo, ao setor de Agricultura (que rende o retorno de R$ 2,05) e se aproxima de outras áreas como confecção de artefatos do Vestuário e Acessórios (com R$ 3,51) e Construção (com R$ 3,24).
A pesquisa traça um diagnóstico abrangente dos benefícios econômicos, o valor da produção, o valor adicionado (PIB), os salários pagos, os impostos arrecadados e o número de empregos gerados. Reúne também informações sobre o perfil socioeconômico das trabalhadoras e trabalhadores da área.
A Secretaria também promove o mercado cultural via iniciativas como a criação de editais, a valorização da economia criativa, o fomento ao empreendedorismo cultural e a estruturação de cadeias produtivas em diversas frentes.
Programa Kariri Criativo em ação
O Programa Kariri Criativo é uma iniciativa voltada para o fortalecimento da economia criativa no território do Cariri cearense. Com duração prevista de quatro anos, o projeto abrange nove municípios e une saberes tradicionais, inovação e articulação territorial para impulsionar politicas públicas, formação, produção de conhecimento e desenvolvimento sustentável nas culturas locais.
O conjunto de ações avança a qualificação profissional, produção de conhecimento e ampliação das oportunidades para trabalhadores da cultura. O Kariri Criativo é organizado a partir dos eixos “formação”, “geração de informação” e “fomento”. Esta perspectiva de ação traz um modelo integrado de desenvolvimento cultural e criativo, articulando educação, inovação e participação social.
No eixo “Ações de Formação”, a proposta é ampliar a capacidade técnica, empreendedora e artística de agentes culturais, fortalecendo a construção de produtos e serviços criativos. Destaca-se o Cena Kariri (laboratório de desenvolvimento de projetos audiovisuais que vão do videoclipe ao cinema comunitário), a “Escola Livre Kariri de Economia Criativa” (núcleo pedagógico dedicado à inovação e ao empreendedorismo) e o “Curso de Marketing Digital para Negócios Criativos”, que oferece ferramentas práticas para ampliar atuação comercial, vendas e networking.

O eixo “Ações de Geração de Informação” concentra-se na construção de diagnósticos, pesquisas e metodologias de governança que orientem decisões estratégicas. Uma das frentes é o “Observa Kariri”, responsável por analisar dados e compreender as dinâmicas econômicas ligadas aos bens e serviços culturais da região.
A “Plataforma de Gestão e Governança” amplia a participação social ao funcionar como uma tecnologia colaborativa que estimula práticas horizontais e compartilhadas na condução das políticas e ações. Complementando o eixo, o “Ecossistema Criativo” realiza mapeamento e articulação dos agentes culturais, conectando artistas, empreendedores e instituições e identificando a oferta local de bens e serviços criativos.
No eixo de “Fomento”, o Programa promoveu seleções que fortaleceram a cadeia produtiva cultural e movimentaram a rede local de profissionais. Ao todo, 305 inscrições foram recebidas nas diferentes chamadas públicas. O edital de “Agentes Mobilizadores Territoriais” contou com 27 inscritos para atuar na articulação do ecossistema nos municípios.
O “Banco de Professores da Escola Livre” recebeu 36 inscrições de docentes interessados em ministrar cursos técnicos e formativos. Já a seleção de “Monitores da Escola Livre” registrou 53 inscritos para atuar no suporte operacional e pedagógico. Por fim, o edital de Jovens Pesquisadores do Observa Kariri reuniu 10 inscritos para colaborar na produção de dados, pesquisas e inteligência estratégica.
Espaços públicos de Cultura e economia
A Secult Ceará apoia a transformação de saberes tradicionais em produtos com potencial de mercado por meio dos diversos percursos formativos e laboratórios de desenvolvimento de produtos culturais desenvolvidos nas escolas e programas formativos que fazem parte da sua Rede Pública de Espaços e Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (RECE).
Como exemplo podemos citar os Laboratórios de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco. Atualmente em sua sétima edição, este programa se materializa como um espaço de pesquisa, desenvolvimento e inovação.

O Laboratório de Criação resultou na produção de estudos e produtos como a cajuína vegana São João, a farinha do coco babaçu e o Sorvete de Farinhada. Produzido a partir do projeto proposto por Joélho Caetano, o sorvete valoriza a cultura alimentar da comunidade quilombola Conceição dos Caetanos.
Hub Cultural
Desenvolver a economia criativa local para gerar trabalho e renda para os trabalhadores da cultura cearense é um dos objetivos do Hub Cultural Porto Dragão, espaço da Rede Pública de Equipamentos Culturais do Ceará que completou seis anos de atividades em 2025. Gerido por meio de uma parceria entre Secult Ceará e o Instituto Dragão do Mar, o Hub desenvolve os programas “Agência da Cultura”, “Zona de Conexão” e “Zona de Criação”.
De janeiro a novembro de 2025, a Agência da Cultura realizou 114 atendimentos, beneficiando diretamente 259 pessoas, alcançando 18 cidades: Fortaleza, Crato, Senador Pompeu, Guaramiranga, Uruoca, Juazeiro do Norte, Goiânia, São Paulo, Tiradentes, Rio Branco, Salvador, Curitiba, Teresina, Natal, Brasília, Alentejo (Portugal), Lille (França) e Toronto (Canadá).
Esse trabalho chegou a nove estados (Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Acre, Bahia, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Distrito Federal) e três países: Portugal, França e Canadá. Foram 45 atendimentos em consultoria e 42 demandas de programas do Hub e 37 atendimentos em apoio logístico.
Nos anos de 2024 e 2025, o Hub intensificou parcerias estratégicas, somando 42 colaborações institucionais. Desse total, 28 foram estabelecidas no Ceará, envolvendo iniciativas como Imaginários Urbanos, Sesc, Sebrae, Feira da Música, Festival TIC, Casa Absurda, Projeto Labor, Banida Plataforma e ONG Velaumar.
Outras 13 parcerias foram construídas com instituições de diferentes estados brasileiros: SIM São Paulo e Casa Líquida (São Paulo); Afropunk e Teatro Vila Velha (Bahia); Observatório de Favelas/Galpão Bela Maré, Oi Futuro e Circo Voador (Rio de Janeiro); Mostra Tiradentes em Cena (Minas Gerais); Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília (Distrito Federal); Festival Psica (Pará); e Festival MADA (Rio Grande do Norte). No cenário internacional, houve ainda uma parceria com o Centro de Arte Contemporáneo de Huarte, na Espanha, fortalecendo a presença da produção artística cearense no exterior.
Mercado AlimentaCE
O Mercado AlimentaCE é um espaço para vivenciar o Ceará de Comer. Um dos equipamentos que integram o Complexo Cultural Estação das Artes, é um lugar para experimentar, aprender sobre e adquirir alimentos cearenses de qualidade, que revelam toda a cadeia produtiva local.
Do campo à mesa, o Mercado tem como diretriz ser um polo de referência gastronômica no país, impulsionando o produtor local, promovendo formações, fortalecendo o turismo e gerando renda e emprego. Também atua para preservar a gastronomia cearense, com sua diversidade e origem. O espaço integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará), com gestão em parceria com o Instituto Mirante.

Foto: Lucas Calisto
Em um novo passo para fortalecimento da política cultural e gastronômica do Ceará, o Mercado AlimentaCE reúne os sabores e produtos do estado em sua nova loja de produtos alimentares cearenses. Com sede no Complexo Cultural Estação das Artes, a loja foi aberta em fevereiro deste ano.
O espaço é mais que um ponto de vendas, é um convite para conhecer, experimentar e vivenciar os sabores e saberes do Ceará. Com um mix diversificado de quase 200 produtos de 50 produtores de diferentes macrorregiões do estado, a loja contará com itens selecionados, abrangendo desde alimentos artesanais até itens não perecíveis.
O Mercado AlimentaCE possui, ao todo, seis restaurantes, sendo um deles com área de mesas externa ao corpo principal do equipamento. O edifício conta com área interna de mesas sob o grande telhado da Estação das Artes, para convivência e experiências gastronômicas dos frequentadores. Os cardápios de todos os estabelecimentos buscam representar a cultura alimentar cearense, sendo fiéis à sazonalidade de seus produtos e aos saberes do seu povo, além de oferecer opções veganas e vegetarianas.
Centro Cultural Bom Jardim
O grupo Mulheres Criativas é composto por jovens, adultas e idosas. Elas são mães, irmãs, tias ou avós de crianças, adolescentes e jovens atendidas pelo Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ). A maioria dessas mulheres é moradora do entorno do equipamento.
O grupo é acompanhado pelo Núcleo de Articulação Técnica Especializada – NArTE, do CCBJ, para proporcionar uma vivência coletiva, na perspectiva da Economia Criativa, Circular e Solidária. Tendo como objetivo a emancipação através do empoderamento econômico, político e social. A partir disso, elas conhecem e dialogam sobre a Rede de Garantia de Direitos (RGD), contribuindo para acessarem os benefícios sociais.
As Mulheres Criativas, por formações diversas, constroem coletivamente um olhar crítico sobre a realidade do Grande Bom Jardim e outras periferias, elaborando mecanismos para superação de desigualdades, através da Cidadania Cultural e do conhecimento dos próprios direitos.
O projeto “Mulheres Criativas” atendeu 28 mulheres durante o ano de 2023, visando construir caminhos para a superação da situação de vulnerabilidade social. Como iniciativa de transferência de renda, as participantes recebem o benefício de R$ 300,00 durante onze meses, totalizando o valor de R$ 3.300,00. Em 2024, o Núcleo de Articulação Técnica Especializada (NArTE) também adquiriu uma monitoria para o projeto no valor de R$ 500,00, repassado durante cinco meses.
Atualmente, o grupo é composto por 15 mulheres jovens, adultas e idosas. Elas são mães, irmãs, tias ou avós de crianças, adolescentes e jovens atendidas pelo Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ). A maioria dessas mulheres é moradora do entorno do equipamento. Esse novo grupo iniciou no dia 23 de julho de 2025, acompanhadas diretamente no eixo do psicossocial, fortalecidas pelas ações da cidadania cultural. São oito meses de projeto, compreendido entre julho de 2025 e março de 2026, com bolsa mensal no valor de R$ 300 (trezentos reais).
Mercado do design
O equipamento cultural KUYA – Centro de Design do Ceará também trabalha com atividades que incluem cursos, pesquisas, exposições, feiras e outras iniciativas que estimulam a criatividade, preservam a memória cultural, impulsionam a inovação e promovem o desenvolvimento responsável no campo do design.

Foto: Lucas Calisto
Diversos criativos do estado se beneficiam dos processos formativos e de pesquisa que culminam no desenvolvimento de produtos com potencial de mercado. Para celebrar a força da moda negra, indígena e periférica cearense, a Kuya realiza a semana de moda MONEGRIN.
Outro destaque é a Feira KUYA de Design Autoral. Realizada em edições regulares, a feira abre espaço para designers, artistas e artesãos apresentarem criações autorais com o design como ponto de partida, seja na moda, nos acessórios, na arte gráfica ou em objetos que reinventam o cotidiano com propósito e inventividade.