Fortaleza recebe 15ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos com participação de diretores cearenses

21 de novembro de 2025 - 16:33 #

Ascom Mostra Cinema e Direitos Humanos - Texto

Programação gratuita acontece de 26 a 29 de novembro, no Cineteatro São Luiz. A mostra, promovida pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, discute a questão ambiental, predominantemente, a partir de povos originários e comunidades tradicionais

Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá” (2025)

A 15ª Mostra Cinema e Direitos Humanos, com o tema “Direitos humanos e emergência climática: rumo a um futuro sustentável”, acontece em Fortaleza entre 26 e 29 de novembro. Durante os quatro dias, no Cineteatro São Luiz, o público terá a oportunidade de conferir, sobretudo, produções de cineastas indígenas, quilombolas e ribeirinhos — grupos que são os mais vulnerabilizados pela crise climática, mas também os que guardam as práticas mais sustentáveis. A programação é inteiramente gratuita e aberta ao público.

Realizada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), a mostra percorre 12 capitais brasileiras, sendo uma das principais e mais longevas ações da pasta voltadas à educação e cultura em direitos humanos, reconhecendo o audiovisual como ferramenta de transformação social. A edição 2025 tem parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), por meio do Curso de Cinema e Audiovisual, e em Fortaleza conta com o apoio institucional da Secretaria da Juventude de Fortaleza e da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará).

A cineasta Sueli Maxakali será a homenageada desta edição. Liderança dos Tikmũ’ũn, povo indígena originário de uma região compreendida entre os atuais estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo, ela é professora, fotógrafa, multiartista, cineasta e doutora por Notório Saber em Letras: Estudos Literários, pela Universidade Federal de Minas Gerais.

O filme mais recente da homenageada, “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá” (2025), será exibido na 15ª Mostra Cinema e Direitos Humanos. É um filme de busca pelo pai com quem ela não conviveu, porque a ditadura militar o separou da família. O longa, codirigido com Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna, foi premiado no Festival de Brasília, no Cachoeira Doc e na Mostra Ecofalante. Confira o teaser:

 

LISTA DE FILMES E CEARENSES EM DESTAQUE

O programa que irá percorrer o Brasil tem curadoria de Beatriz Furtado, realizadora audiovisual e professora do Instituto de Cultura e Arte (UFC), e de Janaina de Paula, jornalista e pesquisadora em audiovisual. Além de “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá”, foram selecionados outros 20 filmes, divididos em quatro sessões temáticas. Todas as sessões contam com Libras e Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE), garantindo acessibilidade e inclusão.

Convidados locais participam de debate após as exibições, propondo um diálogo entre realizadores, pessoas da luta social e pesquisadores. A atividade conta com interpretação em Libras. A sessão de abertura, dia 26 de novembro, contará com a presença da Cacique Pequena, primeira cacique mulher reconhecida no Brasil, que lidera o povo Jenipapo Kanindé no Ceará.

Dos 21 filmes selecionados, três são produções cearenses. São eles, “Faísca”, de Barbara Matias Kariri, sobre mulheres de gerações diferentes que se mobilizam para o retorno das onças; “As Lavadeiras do Rio Acaraú transformam a embarcação em nave de condução”, do multiartista indígena Kulumym-Açu, uma obra com o fluxo das águas do rio que atravessa a cidade de Sobral; “No início do mundo”, de Camilla Osório, é uma animação sobre uma menina que encontra força nas histórias de sua avó para superar momentos difíceis.

A sessão infantil apresenta o longa “Chico Bento e a goiabeira maraviósa”, de Fernando Fraiha, além de curtas e médias metragens que representam a diversidade regional brasileira. Com três filmes, a sessão Terra/Nêgo Bispo ressalta o papel fundamental dos povos quilombolas pela força do pensamento de Bispo, um dos maiores intelectuais contemporâneos brasileiros, falecido em 2023. A sessão Águas/Antônia Melo faz referência à fundadora do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, em Altamira (PA), que mobilizou comunidades em oposição ao projeto da Hidrelétrica de Belo Monte, e reúne seis filmes atravessados pela questão hídrica. A sessão Floresta/Raoni rende homenagem ao líder caiapó, internacionalmente conhecido por suas lutas em favor dos povos indígenas e da Amazônia – tema central dos quatro filmes apresentados.

OFICINA

Como parte da programação, a Mostra Cinema e Direitos Humanos realiza em todas as cidades contempladas, nas semanas que antecedem a exibição de filmes, uma oficina de formação. Este ano, a atividade tem como tema: “Imagens do comum: cinema, educação e direitos humanos”. Em Fortaleza, a atividade aconteceu no Cuca Jangurussu, nos dias 11 e 12 de novembro, com Camilla Osório. A oficineira, diretora de um dos filmes que compõem a mostra este ano, é formada em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal do Ceará e tem vasta experiência na interseção entre cinema e educação.

A oficina visa promover a sensibilização e reflexão crítica acerca da cultura dos direitos humanos a partir do contato com a linguagem e com a prática do cinema. Por meio da exibição de filmes brasileiros, da proposição de práticas de criação audiovisual e de momentos de conversa em torno das imagens produzidas, a atividade discute como o respeito à dignidade humana também está atrelado aos modos de representação dos diferentes sujeitos nas imagens, refletindo sobre as questões éticas, estéticas e políticas implicadas no ato de filmar a si, o outro e o território.

Em encontros que somam nove horas/aula, os alunos são estimulados a se apropriarem do cinema como ferramenta de afirmação cultural, de preservação de saberes e fazeres tradicionais, de relação sensível com a terra e o território, além da valorização das diferentes identidades e modos de vida que constituem a multiplicidade da sociedade brasileira.

HISTÓRICO DA MOSTRA

A Mostra Cinema e Direitos Humanos é uma estratégia do Governo Federal para a consolidação da educação e da cultura em Direitos Humanos, entendendo o audiovisual nacional como forte aliado na construção de uma nova mentalidade coletiva para o exercício da solidariedade e do respeito às diferenças. Criada em 2006, com a finalidade de celebrar o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a mostra amplia e diversifica os espaços de informações e debates sobre direitos humanos, por meio da linguagem cinematográfica, tornando-se instrumento valioso de diálogo e transformação para públicos com pouco ou nenhum conhecimento sobre direitos humanos.

PROGRAMAÇÃO

Dia 1 – 26/11, quarta-feira

Sessão de abertura – 18h
Classificação indicativa: 12 anos
Solenidade
Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá (2024, 90′)
Direção: Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna

Dia 2 – 27/11, quinta-feira

Sessão infantil 1 – 8h30
Classificação indicativa: Livre

Amazônia sem garimpo (2022, 6’34”)
Direção: Tiago Carvalho e Julia Bernstein

No início do mundo (2025, 7’46”)
Direção: Camilla Osório

Chico Bento e a goiabeira maraviósa (2025, 90′)
Direção: Fernando Fraiha

Sessão Nego Bispo (Terra) – 14h
Classificação indicativa: 12 anos

Eu sou raiz (2022, 7′)
Direção: Cíntia Lima e Lílian de Alcântara

Ainda há moradores aqui (2025, 42’50”)
Direção: Tiago Rodrigues

Pau d’arco (2025, 89′)
Direção: Ana Aranha

Dia 3 – 28/11, sexta-feira

Sessão infantil 2 + debate – 8h30
Classificação indicativa: Livre

Ga vī: a voz do barro (2021, 10’40”)
Direção: Ana Letícia Meira Schweig, Angélica Domingos, Cleber kronun de Almeida, Eduardo Santos Schaan, Geórgia de Macedo Garcia, Gilda Wankyly Kuita, Iracema Gãh Té Nascimento, Kassiane Schwingel, Marcus A. S. Wittmann, Nyg Kuita, Vini Albernaz

Òsányìn: O segredo das folhas (2021, 22′)
Direção: Pâmela Peregrino

Do colo da Terra (2025, 75′)
Direção: Renata Meirelles e David Vêluz

Sessão Antônia Melo (Águas) + debate – 14h
Classificação indicativa: 12 anos

Kutala (2025, 5’)
Direção: Fábio Martins

Rio de mulheres (2009, 21′)
Direção: Cristina Maure e Joana Oliveira

Cerrado, coração das águas: Conexão caatinga (2025, 16’46”)
Direção: Fellipe Abreu e Luis Felipe Silva

As lavadeiras do rio Acaraú transformam a embarcação em nave de condução (2021, 12′)
Direção: Kulumym-Açu

Volta Grande (2020, 27′)
Direção: Fábio Nascimento

Rua do Pescador, Nº 6 (2025, 72′)
Direção: Bárbara Paz

Dia 4 – 29/11, sábado

Sessão Raoni (Floresta) + debate – 17h
Classificação indicativa: 14 anos

SUKANDE KASÁKÁ | Terra doente (2025, 30′)
Direção: Kamikia Kisedje, Fred Rahal

Faísca (2025, 12′)
Direção: Barbara Matias Kariri

Grão (2020, 16′)
Direção: Adriana Miranda

Curupira e a máquina do destino (2021, 25’)
Direção: Janaína Wagner

Sessão de encerramento + debate – 19h
Classificação indicativa: 12 anos

Sede de Rio (2024, 72′)
Direção: Marcelo Abreu Góis

SERVIÇO

15ª Mostra Cinema e Direitos Humanos em Fortaleza
Quando: De 26 a 29 de novembro de 2025
Onde: Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500, no Centro)
Gratuito
Classificação indicativa: confira a programação
Realização: Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Mais informações: https://www.instagram.com/mcdh.oficial/